Comemorando neste 2024 cento e oito anos de estímulo ao
desenvolvimento científico e tecnológico, a exemplo dos largos passos
praticados pelo HILASA - Instituto de História, Letras e Artes de Santo
Amaro/SP, cuja pluralidade de saberes de seus membros, do qual sou
partícipe, contribui para uma maior participação e envolvimento deste na
comunidade científica, na sociedade local e brasileira.
Assim, à indagação posta, cuja resumida abordagem restou
publicada a tempos decorridos no site da International Women Day 2022
referindo que o Dia Internacional da Mulher é 8 de março, e sugerindo:
“imaginar um
mundo com igualdade de gênero. Um mundo livre de preconceitos, estereótipos e
discriminação. Um mundo diverso, equitativo e inclusivo. Um mundo onde a
diferença é valorizada e celebrada. Juntos podemos forjar a igualdade das
mulheres. Coletivamente, todos nós podemos”. Ainda recomenda:
“Comemore as
conquistas das mulheres. Aumentar a conscientização sobre a discriminação.
Tomar medidas para promover a paridade de género”. Também assevera:
“O IWD pertence a todos, em todos os lugares. Inclusão significa
que todas as ações do IWD - International Women Day
são válidas”.
Portanto, O Dia Internacional da Mulher, estabelecido
pela ONU em 1975, nasce de uma série de iniciativas de lembrar das demandas
por igualdade de direitos para as mulheres e melhoria nas condições de
trabalho. Uma destas ações foi, no destaque:
· a marcha das 15.000 trabalhadoras
pela redução da jornada de trabalho, em 1908.
Passados mais de cem anos da eclosão dos movimentos sufragistas, as
mulheres já ocupam o mercado de trabalho e as escolas em quase todos os países.
No entanto, o percentual de participação feminina ainda é pequena nas posições
de poder.
No Brasil as mulheres já estão em pé de igualdade como estudantes
de graduação, mestrado e doutorado. No entanto, são 16% dos
conselheiros nas empresas, 16% das senadoras e 15% das deputadas
federais.
No meio acadêmico a situação não é melhor. As mulheres são 37%
dos pesquisadores com bolsa de produtividade em pesquisa, mas somente 18%
dos membros da Academia Brasileira de Ciências. Em 2001 as mulheres eram 32%
dos bolsistas de produtividade em pesquisa e, em 2020, este percentual
subiu para 37%, sem dados mais atualizados.
Sem um olhar específico para o problema as mudanças ocorrem, mas
a um ritmo muito lento. Então, outra indagação:
⁃ Mas, por que
mais mulheres no poder?
Além a questão óbvia de democracia e direitos humanos, há outras
razões. Dados da consultoria internacional McKinsey mostram que empresas
com maior diversidade em sua gestão, ganham mais dinheiro, e estudo
analisando teses de doutorado nos Estados Unidos, mostram que:
· há uma relação entre diversidade e
produção de inovação disruptiva.
· Diversidade implica eficiência.
Torna-se, portanto, fundamental identificar o que afasta as mulheres da ascensão na carreira. São muitos os elementos. Um elemento é, note-se:
· a dinâmica das carreiras, que foi construída para um perfil de homem branco sem filhos.
· Ela não leva em conta a dinâmica da maternidade.
Ainda hoje as mulheres são responsáveis pelo cuidado dos filhos,
como mostram dados do Censo e das pesquisas do movimento Parent in
Science. Este fator ficou ainda mais contundente durante a pandemia. Uma
carreira que não leve em conta os tempos diferentes entre quem acumula o
cuidado com filhos e quem pode se dedicar integralmente ao trabalho exclui um
perfil fundamental para construir a diversidade!
Um movimento recente e que precisa ser festejado neste dia 8 de março consiste em:
· implementação em empresas e no sistema acadêmico de medidas compensatórias para que o cuidado com os filhos.
A frase atribuída a “Amélia Hamburger” se consolida em um
movimento liderado pelo Parent in Science:
“Filhos são uma
produção importante demais para não constar no Lattes”.
Outro elemento que afasta as mulheres do crescimento na carreira é
o “viés inconsciente” que é um conjunto de tendências e preconceitos
que tende a desqualificar o trabalho feminino. Esta desqualificação da
capacidade feminina leva no seu extremo a atitudes de assédio moral e sexual.
Infelizmente esta forma de violência encontra-se presente no ambiente
profissional.
Estudo na UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostra que:
· o assédio moral afeta 50% da comunidade e,
· o sexual cerca de 10%.
O assédio, ao afastar as mulheres da competição diminui a
concorrência, tornando-se uma estratégia de manutenção do poder. Urge que as
instituições criem estratégias para prevenir, detectar e eliminar o assédio.
O Dia Internacional da Mulher ainda é necessário. Ele
serve para comemorar avanços, mas igualmente refletir sobre o tema, para
construir políticas que criem uma carreira e um ambiente compatíveis com a
diversidade.
Reconhecer um problema é o primeiro passo para se achar uma
solução. Eis a questão!
Roberto Costa Ferreira, 08/03/2024 –
Dia Internacional da Mulher.
PROFESSOR –
PSICANALISTA – PESQUISADOR
UNIFESP – Universidade
Federal de São
Paulo / SP.
HILASA SP – Instituto de História, Letras e Artes.