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quinta-feira, 11 de julho de 2024

"Corinthians" é a exceção! O Hino do Corinthians … Um lance marcante desta longa história!

 


"Salve o Corinthians, o campeão dos campeões" ... O hino do Corinthians nem sempre começou com esse famoso verso. Em 1930, a primeira composição dedicada ao clube era intitulada como uma "marchinha" …


A canção "Campeão dos Campeões" é de autoria de Lauro D'Avila, criada em 1952 como uma homenagem ao Timão. Depois de sua criação, dois anos mais tarde, era cantada em todos os jogos do Corinthians — e a tradição durou até os dias de hoje.


A repetição do verso “Salve o Corinthians" funciona como um chamado de celebração e reverência, uma saudação que ressoa nos estádios e nos corações dos torcedores!

Seu nome foi inspirado no “Corinthian Football Club, de Londres”, que excursionava pelo Brasil na oportunidade.


Embora tenha atuado em outras modalidades esportivas, o Corinthians, ao longo dos anos, amealhou seu reconhecimento e suas principais conquistas alcançados através do futebol. O clube é um dos mais bem sucedidos do Brasil e das Américas nos últimos anos, embora vivendo um momento perigoso e difícil de uma evolução ou de um processo.


Comumente referido como Corinthians, ou ainda pelo seu acrônimo SCCP - Sport Club Corinthians Paulista - tendo por agnomes: Timão, Time do Povo, Coringão, Campeão dos Campeões, Todo Poderoso, Alvinegro do Parque São Jorge, República Popular do Corinthians, é um clube poliesportivo brasileiro da cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo.


Foi fundado como uma equipe de futebol no dia 1 de setembro de 1910 por um grupo de operários do bairro Bom Retiro/SP. Ainda, por mascote, consistem:

"o mosqueteiro, São Jorge e o Gavião",

sendo certo que tais aves, os gaviõessão comuns em todos os continentes, com exceção da Antártica!

Seu atual presidente é o Augusto Melo tendo por atual treinador o Ramón Días - Ramón Ángel Díaz - contratado recentemente,natural de Rioja/Argentina, nascido em 29 de agosto de 1959, ex-futebolista que atuava como atacante, por alguns clubes:

Embora tenha atuado em outras modalidades esportivas, o Corinthians, ao longo dos anos, reuniu seu reconhecimento e suas principais conquistas resultaram alcançados no futebol.


O clube é um dos mais bem sucedidos do Brasil e das Américas nos últimos anos. É o terceiro maior campeão nacional, com onze conquistas, ficando atrás somente do Palmeiras (18 conquistas) e Flamengo (14 conquistas).


Conquistou também dois Mundiais de Clubes da FIFA, uma Copa Libertadores da América de forma invicta, uma Recopa Sul-Anericana, sete Campeonatos Brasileiros, três Copas do Brasil, uma Supercopa do Brasil, cinco Torneios Rio-Sao Paulo (recordista, ao lado de Palmeiras e Santos), 30 Campeonatos Paulistas (atual recordista) e uma Copa Bandeirantes (único vencedor).


Suas cores tradicionais e predominantes são o branco e o preto. Desde 2014, manda suas partidas de futebol na Neo Química Arena e seus rivais históricos são o Palmeiras; o São Paulo e o Santos, com quem disputa o Classico Alvinegro.


Sua torcida é conhecida como "Fiel" e seus torcedores são estimados em aproximadamente 30 milhões espalhados por todo o Brasil e pelo mundo, atrás nacionalmente somente do carioca Flamengo. Sendo ainda considerada também “uma das maiores torcidas do mundo”.


De modalidades esportivas importantes ao longo da história corintiana, destacam-se:

  • o basquete, onde o clube desfrutou de relativo sucesso, especialmente durante as décadas de 1950 e 1960, com a conquista de títulos paulistas, brasileiros e até sul-americanos;
  • a natação, que rendeu quatro conquistas do Troféu Brasil de Natação, atual Troféu Maria Lenk,
  • e o futsal,  partindo da década de 1970, que rendeu conquistas em torneios estaduais e nacionais.

A influência do remo na história do clubes modificou o escudo original, que aludia meramente ao futebol, com o acréscimo do "par de remos" e da " âncora" como aparecem até os dias de hoje.


Mais recentemente, o Corinthians, tendo por torcedor adepto o “corintiano fiel”, elegeu a “equipe feminina” que, partindo de 2016 sob a denominação de Brabas”, é a equipe de futebol feminino do Corinthians, também clube multiesportivo, localizado na cidade de São Paulo.


Com a data de fundação: 08 de novembro de 1997, portanto, decorridos 26 anos, atua normalmente como mandante no seu Estádio Alfredo Schürig - tido por Parque São Jorge e A Fazendinha - e, nas principais partidas, na Neo Química Arena.


Tal equipe resultou desativada por alguns anos, tendo sido restabelecida em 2016 numa parceria com o Audax. Reassumiu gestão própria a partir de 2018, tendo sido, desde então, uma das principais forças do futebol feminino nacional.


Campeonatos marcantes em seu histórico:

  • Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino;
  • Campeonato Paulista de Futebol Feminino.

Em razão do surgimento do Corinthians, a ideia inspiradora surgiu depois de assistirem à atuação do Corinthians F.C. equipe inglesa de futebol fundada em 1882, que excursionava pelo Brasil. Os ingleses eram chamados pela imprensa da época de "Corinthian's Team", mas o time brasileiro só seria batizado "Sport Club Corinthians Paulista" depois de muita discussão e algumas reuniões.


O presidente escolhido por eles foi o alfaiate Miguel Battaglia, que já no primeiro momento afirmou:

"O Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time". 

Da primeira arrecadação de recursos à compra da primeira bola de futebol do clube pouco tempo se passou …  Na verdade, apenas uma semana. Um terreno alugado na Rua José Paulino foi aplainado e virou campo, e foi lá que, já no dia 14 de setembro, o primeiro treino foi realizado diante de uma plateia entusiasmada que garantiu: "Este veio para ficar"!

Para conhecimento, complementando os informes, a adoção de “corinthiano”, com a letra “h” só existe por questões etimológicas. Mantêm o H aquelas palavras que já apresentavam a letra H na sua origem, sendo certo que "H" não é propriamente consoante e nem vogal, porque não tem valor algum de som ou ruído, sendo assim, tornando impossível a existência de fonemas que apontem para ela.


Oficialmente, esta letra é apenas classificada como letra diacrítica, pois é, propriamente dita, a segunda letra de um dígrafo. Assim sendo, desde 2006, a diretoria do Corinthians resolveu adotar "corinthiano", com a letra "h".


No entanto, a forma vai contra a Reforma Ortográfica de 1943, que eliminou a letra "h" de uma série de palavras, como aos exemplos:

  • "Christo""triumpho""pharmácia",
  • também "Nitheroy""athético".

Uma exceção foi "Bahia", que não mudou para preservar a tradição, embora o adjetivo (que não é nome próprio) não goza da mesma prerrogativa e teve que seguir o padrão da nova norma culta da língua, ou seja, quem nasce na "Bahia" é "baiano(a)", sem "h".


O mesmo princípio vale para o gentílico do clube de futebol Corinthians, ou seja, "corintiano(a)", sem "h".

Embora não exista "th" na língua portuguesa, é permitido o seu uso em nomes próprios (como "Thiago""Thomaz""Theresa", etc), bem como o nome próprio "Corinthians" é válido.


Porém, qualquer palavra derivada dele:

  • corintianocorintianismo etc. deve seguir a norma culta, ou seja, sem a letra "h".
Os meios de comunicação e a comunidade acadêmica adotam a norma culta e a Reforma Ortográfica de 1943. 

"Corinthians" é a exceção!


           Roberto Costa Ferreira, 10 de julho  2024

          HILASA - Instituto História, Letras e Artes

          CEP UNIFESP - Universidade  Federal  SP.


terça-feira, 9 de julho de 2024

DIA NACIONAL da CIENCIA e DIA NACIONAL do PESQUISADOR CIENTIFICO - 08 de julho - O QUE SIGNIFICAM?

 


O Dia Nacional da Ciência, celebrado Anualmente em 8 de julho no Brasil, é uma data dedicada a reconhecer e homenagear a importância da ciência e da pesquisa científica para o desenvolvimento do país, momento que é comemorado o Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador Científico.

A primeira data foi sancionada em 2001, pela Lei nº 10.221; e a segunda, em 2008, através da Lei nº 11.807. Ambas homenageiam o dia da criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em 1948, uma entidade fundamental para o fomento da pesquisa científica no Brasil.

Desde então, esta entidade se tornou um dos pilares para professores, alunos e pesquisadores de todo o país e o objetivo da data é estimular o gosto dos jovens pela ciência e divulgar os saberes científicos para a sociedade.

A importância da ciência e do pesquisador nunca ficou tão evidenciada quanto nos últimos anos, durante  e após  a pandemia de Covid-19. Foi graças ao esforço dos pesquisadores e aos avanços acumulados pela ciências nas décadas anteriores que foi possível o desenvolvimento de vacinas em tempo recorde para a prevenção da doença e também de medicamentos eficazes para tratar a infecção e posteriores manifestações.

A palavra ciência tem sua origem no termo em latim "scientia", que significa conhecimento. Mas, num senso amplo, se refere ao conhecimento sistemático teórico ou prático. O que diferencia a ciência do conhecimento de senso comum é o método científico, que funciona como um manual para a pesquisa científica.

Portanto, tal data tem como objetivo chamar a atenção para a produção científica do país, estimular o gosto dos jovens pela ciência e divulgar o saber científico para a sociedade, assim:

  • Promovendo a divulgação científica: A data visa despertar o interesse da sociedade pela ciência, tornando o conhecimento científico mais acessível e compreensível para o público em geral.
  • Valorizando a pesquisa científica: Reconhecer a importância da pesquisa científica para o progresso social, econômico e tecnológico do país.
  • Incentivando a formação de novos cientistas: Estimular o interesse dos jovens pela ciência e pela carreira de pesquisador.
  • Fortalecendo a política científica e tecnológica: Conscientizar os governantes e a sociedade sobre a necessidade de investir em pesquisa e desenvolvimento científico.
Como é que se comemora tal Dia Nacional da Ciência, é uma pergunta pertinente. Primordialmente, temos que:

  • Promovendo eventos e atividades em instituições de ensino e pesquisa, tais como, palestras, workshops, exposições, visitas guiadas a laboratórios e museus.

Estas são algumas das atividades realizadas em universidades, institutos de pesquisa e centros de ciência.

  • Divulgação da ciência na mídia, como através de jornais, revistas, rádios e TVs, que dedicam espaço para reportagens e entrevistas sobre ciência e tecnologia.
  • Também, mediante campanhas de conscientização nas redes sociais, inclusive  utilizando hashtags como #DiaDaCiência e #CienciaParaTodos, e diversas outras iniciativas, condições promotoras para divulgar a importância da ciência e da pesquisa científica.
O Dia Nacional da Ciência é um momento importante para celebrar as conquistas da ciência e refletir sobre o seu papel fundamental para o futuro da humanidade.
É também uma oportunidade para reafirmar a importância do investimento em pesquisa científica e tecnológica como um motor para o desenvolvimento do país.

Além do Dia Nacional da Ciência, outras datas relevantes para a área científica no Brasil merecem ser consideradas, tais como:

  • 15 de fevereiro: Dia Mundial de Combate ao Câncer na Infância;
  • 22 de abril: Dia da Terra;
  • 10 de outubro: Dia Nacional da Ciência e da Tecnologia;

Oportuno que se lembre: A ciência é um patrimônio da humanidade e todos nós temos a responsabilidade de contribuir para o seu desenvolvimento.

Também, inquestionável momento, a extensão da comemoração conjunta ao Dia Nacional do Pesquisador Científico. Pois que, tornar-se um pesquisador é um caminho empolgante e gratificante que permite contribuir para o avanço do conhecimento e a resolução de problemas importantes.
Para trilhar essa jornada, alguns passos importantes são necessários, tendo em vista a competente e sólida formação acadêmica:

  • Graduação: A base para a carreira de pesquisador é uma sólida formação em uma área de interesse, como ciências exatas, biológicas, humanas ou sociais.
Portanto, busque uma graduação que te motive e te proporcione um bom embasamento teórico e prático na sua área de escolha.

  • Pós-graduação: A pós-graduação é crucial para aprofundar seus conhecimentos e desenvolver as habilidades essenciais para pesquisa.
O mestrado e o doutorado te darão a oportunidade de realizar um projeto de pesquisa sob a orientação de um professor experiente, além de te familiarizar com as necessárias condições:

  • metodologias de pesquisa,
  • análise de dados e escrita científica.
Tambem, a fundamental experiência em pesquisa, contendo:

  • substâncial iniciação científica, sendo certo que, já, durante a graduação, busque participar de programas de iniciação científica.
Essa é uma ótima forma de ter contato com a pesquisa desde cedo, aprendendo com pesquisadores experientes e desenvolvendo suas habilidades em investigação. Considere-se ainda:

  • Estágios: Realizar estágios em laboratórios, centros de pesquisa ou empresas também é muito enriquecedor.
Você terá a chance de aplicar seus conhecimentos na prática, participar de projetos reais e ampliar sua rede de contatos na área. Acrescente-se pertinente:

  • Participação em congressos e eventos;
Apresentar seus trabalhos em congressos, seminários e outros eventos científicos é requisito fundamental para divulgar sua pesquisa, receber feedback da comunidade científica e se conectar com outros pesquisadores.

Há que se acrescentar que as habilidades essenciais, tais que são as qualidades que os profissionais precisam ter para se destacar no mercado de trabalho, e que são naturais da pessoa, mas podem ser aprimoradas, e muitas vezes estão relacionadas ao comportamento humano, envolvem:

  • Pensamento crítico, sendo certo que um bom pesquisador precisa ter um senso crítico aguçado.
E tal pensar envolve a capacidade para formular perguntas relevantes, analisar dados de forma imparcial e tirar conclusões embasadas em evidências. Também:

  • Criatividade e inovação;
A pesquisa exige criatividade para encontrar novas soluções para problemas complexos e propor abordagens inovadoras para os desafios da sua área de estudo, desenvolvendo:

  • Comunicação eficaz;
É fundamental saber comunicar seus resultados de pesquisa de forma clara, concisa e objetiva, tanto para a comunidade científica quanto para o público em geral, ampliando o expectro de projeção pessoal, qualidades tais que são os bons aspectos que uma pessoa detem em sua personalidade e em suas atitudes, realizando, inclusive:

  • Trabalho em equipe, pois que, a pesquisa muitas vezes é um esforço colaborativo.
É importante ter boas habilidades de trabalho em equipe para colaborar com outros pesquisadores, compartilhar ideias e alcançar objetivos comuns. Também e, principalmente, reunindo capacidades tais como:

  • Persistência e resiliência, sendo certo que, a carreira de pesquisador pode ter seus desafios.
É de se considerar ser persistente, resiliente e, sobretudo, ter paixão pela pesquisa com vistas a superar os obstáculos e alcançar seus objetivos.

Conforme percorremos a jornada da vida, nos deparamos com inúmeros desafios e aspirações que nos impulsionam em direção ao sucesso. Também, a busca pelo crescimento profissional, especialmente no mundo interconectado de hoje, exige:

  • não apenas "expertise" em nossas áreas de atuação, mas também,
  • a "habilidade" de nos comunicarmos efetivamente, enfatizando a importância da disciplina, resiliência, que acrescidas da constância, como princípios orientadores para alcançar a grandeza profissional!

Desse modo, finalizo reunindo dicas extras:

  • Mantenha-se atualizado com as últimas pesquisas em sua área de interesse. Leia artigos científicos, participe de seminários e eventos, e acompanhe o trabalho de outros pesquisadores.
  • Desenvolva suas habilidades de programação e análise de dados, ferramentas essenciais para a pesquisa moderna em diversas áreas.
  • Busque oportunidades de intercâmbio e colaboração internacional. Essa é uma ótima forma de ampliar seus horizontes, aprender com pesquisadores de outros países e fortalecer sua rede de contatos.
  • Seja membro de sociedades científicas da sua área de interesse. Isso te dará acesso a recursos, eventos e oportunidades de networking com outros profissionais.
Lembre-se que a jornada para se tornar um pesquisador é um processo contínuo de aprendizado e desenvolvimento. Tenha paixão pela pesquisa, dedique-se aos seus estudos e busque sempre aprimorar suas habilidades. Com trabalho duro, persistência e entusiasmo, você poderá alcançar seus objetivos e contribuir significativamente para o avanço do conhecimento em sua área de escolha, colaborando com o cenário nacional, objeto da relevante comemoração!

Roberto Costa Ferreira, 08 de julho 2024.
PROFESSOR - PSICANALISTA-PESQUISADOR
HILASA - Instituto História, Letras e Artes
CEP UNIFESP -Universidade Federal S. Paulo


quinta-feira, 4 de julho de 2024

São João, o profeta que teria batizado Jesus ... Relação com as festas juninas.

 

É um caso peculiar dentro do cristianismo: um santo festejado tanto por seu nascimento, em 24 de junho, quanto por sua morte, 29 de agosto. Normalmente, os católicos celebram a morte do santo como aquele dia em que eles "nascem" para a Deus.

João Batista foi o homem que, de certa forma, abriu as portas para a missão de Jesus. Pregador itinerante nascido na Judeia, ele se tornou líder religioso de um grupo de judeus da época, exaltando a importância de valores como retidão e da prática da virtude. No intuito de purificar as almas, lançava mão do batismo — realizado em cursos d'água, em cerimônias epifânicas. O batismo não foi uma invenção de João, pois já era praticado na época. A novidade trazida por ele foi o fato de que ele não restringia a participação aos judeus, permitindo também que o ritual servisse para a conversão dos considerados pagãos — e isso motivou polêmicas em seu meio.

De acordo cos os textos bíblicos, João era parente de Jesus. Ele era filho de Zacarias, um sacerdote, e de Isabel,  uma prima de Maria, a mãe de Jesus. Segundo a literatura sagrada, Jesus iniciou sua missão evangelizadora somente após ter sido ele próprio batizado pelo primo nas águas do Rio Jordão. Para muitos, João é exaltado como o maior dos profetas. 

Como costumava acontecer em grupos religiosos daquela época - a exemplo do próprio Jesus -, as pregações de João passaram a incomodar o poder estabelecido. Preso por dez meses, provavelmente, em algum momento entre o ano 26 e o ano 28 da era cristã, João acabou condenado à morte pelo governante Herodes Antipas (20 a.C - cerca de 39 d.C). Não se sabe exatamente a idade que João tinha quando foi morto, mas é certo que era mais velho do que seu primo JesusPor muito tempo, pairavam controvérsias sobre a historicidade de João Batista. O principal documento, contudo, que atesta a sua existência é o livro Antiguidades Judaicas, escrito pelo historiador romano Flávio Josefo (37-100) provavelmente no ano de 94.

“João Batista é um personagem bíblico, mas para além dessa referência também há um historiador muito importante, Flávio Josefo, que se refere a ele em suas obras. É um historiador que tem uma visão muito isenta, porque não é ligado à tradição cristã”, pondera o estudioso de hagiografias Thiago Maerki*, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos.

"Por muito tempo houve a controvérsia se João Batista existiu de fato ou se seria uma construção lendária, literária. Tudo indica que existiu de fato, por conta de testemunhos externos à Igreja. E talvez este [o livro de Josefo] seja o mais importante", acrescenta Maerki, ressaltando ainda que Josefo, acima citado,


“se refere a João Batista como alguém “que costumava reunir uma multidão em torno dele para ouvir sua pregação”. “Havia, portanto, muitos seguidores. E isso teria incomodado Herodes”, narra Maerki. “Temia-se que João pudesse iniciar uma rebelião. Suas pregações incomodavam o poder. Por isso acaba sendo preso e morto em seguida”.



De acordo com as narrativas antigas, João Batista foi morto por decapitação. E teve sua cabeça apresentada em uma bandeja.

"Ele viveu na Galileia no reinado de Herodes e possuiu muitos seguidores, pregava aos judeus e fazia do batismo símbolo de purificação da alma. Ele era filho de Zacarias, sacerdote, e de Isabel, prima de Maria Santíssima. Além de primo de Jesus. Sua mãe, Isabel, era prima de Maria, João ainda no ventre da mãe celebrou Jesus também no ventre de Maria como vemos em Lucas. Foi também ele o precursor de Jesus e sua mensagem salvífica", acrescenta o hagiólogo José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.

"Não bastasse tudo isso, ele batizou Jesus. Então, não só o cristianismo, mas, diversas religiões o celebram. De um modo geral, João Batista é mártir. Morreu em defesa da fé. E já os discípulos de Jesus o tratavam com reverência. No martirológio romano encontramos duas celebrações a ele, no nascimento e no martírio", diz ainda o hagiólogo.

Em razão do Simbolismos de João ...

Embora existisse essa reverência ao personagem desde os primeiros cristãos, Maerki lembra que oficialmente o cristianismo só oficializou uma solenidade à natividade de São João no século 4, "conforme indícios".


"Depois essa celebração foi se difundindo nos

séculos seguintes e, já no século 6, houve um aprimoramento da festividade, precedida de um jejum solene, com missa de vigília e tal. Na Idade Média, há o histórico de celebrações com três missas para a data", contextualiza.

"Era uma festa das mais importantes, das mais cultivadas e das mais populares da época. E isso é importante porque ainda hoje a gente sabe que João Batista é dos santos mais populares, mais venerados, de tradição muito forte que remonta ao período medieval."

Claro que há simbolismos, e a escolha de datas assim, provavelmente definidas a posteriori, não foi à toa.

"João Batista teria sido concebido no equinócio de outono e teria nascido no solstício do verão europeu. Isso é importante. Santo Agostinho, depois, vê nisso uma espécie de confirmação cósmica do versículo bíblico que diz que é necessário 'que ele cresça e eu diminua'. Agostinho interpretou esse versículo como uma referência indireta ao nascimento de João Batista", afirma Maerki.

 

"Alguns teólogos ainda apontam para um certo paralelismo com o Natal de Jesus, que acontece no inverno europeu, quando analisam o natal de João, verão europeu", complementa o pesquisador.

"Isso teria dado origem a manifestações folclóricas, inclusive os fogos de São João que representam e simbolizam o nascimento do santo. É o nascimento mas também é em referência ao início do verão. São relações curiosas que, certamente surgiram por meios populares e foram se enraizando. Depois acabaram aceitas e cultivadas inclusive pela Igreja", diz o pesquisador.

 


De qualquer forma, os próprios textos bíblicos concedem a João uma posição especial.

"João é apresentado como o precursor do messias e essa imagem é muito forte, é daquele que prepara o caminho da salvação", pontua Maerki.

 

"Há todo um caráter messiânico. Ele vai ser apontado como o profeta que indicou em Cristo o 'cordeiro enviado para expiar os pecados do mundo', aquele que primeiramente teria visto em Jesus o caráter daquele que teria sido enviado por Deus. E a partir daí teria iniciado um novo momento na pregação de João, não só de anunciar que o messias estava próximo mas que esse messias seria o próprio Jesus, uma tradição bíblica que depois a igreja aprofunda, desenvolve e festeja."

O Evangelho de Mateus, por exemplo, apresenta João Batista como alguém muito maior do que um profeta, como o profeta dos profetas.


"Porque, diferentemente dos profetas que falavam do futuro, ele indicou o messias no presente. Isso é muito forte na tradição religiosa. Ele é alguém que não anuncia um futuro distante, ele anuncia um messias que está presente, que se faz presente no momento em que ele fala", comenta o hagiólogo.

Essa primazia é uma interpretação comum a muitos teólogos e estudiosos de textos sagrados.

A fraternal rivalidade ...

Por outro lado, enquanto a Igreja consolidou essa visão de João Batista como precursor de Jesus, pesquisas contemporâneas identificam, sobretudo em evangelhos apócrifos — aqueles que não são considerados no cânon oficial do cristianismo — mas também em análise dos textos que constam da Bíblia, uma certa rivalidade entre os dois líderes da mesma época e da mesma região.


"Havia uma grande polêmica entre os discípulos de João Batista e de Jesus, e essa polêmica emerge dos próprios evangelhos. Parece que o próprio Batista não estava muito convencido do carisma profético de Jesus, da messianidade de Jesus", aponta Maerki. "


"Tanto que quando ele estava preso, ele enviou alguns de seus seguidores, os que mais confiava, para perguntarem em seu nome se Jesus era aquele que havia de vir de fato ou se ele devia esperar outro."

 

"Isso revela, indiretamente, uma dúvida de João Batista, ou seja, a Igreja sempre aceitou

João Batista como esse grande profeta mas talvez nem o próprio João Batista acreditasse nisso", analisa o pesquisador.



Para Maerki, outro fato que corrobora essa tese é que mesmo que o relato bíblico aponte que, no episódio do batismo de Jesus, João e os demais presentes souberam, por uma voz, que estavam diante do filho de Deus, "o eleito", ele não decidiu dissolver seu grupo, sua escola de pregação, tampouco se unir aos seguidores de Jesus. "Ele continuava sua caminhada, paralelamente à caminhada de Jesus. Isso é muito significativo", comentou.

Nesse sentido, há o entendimento de que os seguidores de João Batista poderiam respeitar e considerar Jesus um grande mestre, mas não um messias. E que, em última análise, essa posição poderia ser a mesma de João, uma vez que ele manteve suas pregações.

"Depois que Batista foi executado, formou-se um grupo de seguidores que inclusive passaram a defendê-lo como o verdadeiro messias", conta Maerki. "Ele se transformou em uma espécie de rival de Jesus. Isso não é comentado na bíblia canônica, mas aparece em texto apócrifos."

No texto apócrifo conhecido como Evangelho de Tomé, Jesus teria dito que "ninguém é tão maior do que João Batista".


"Isso é parecido com o Evangelho de Lucas, em que aparece algo assim, de que 'entre os nascidos de mulher, não há profeta maior do que João Batista, mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele'", diz o pesquisador.

 

"Isso talvez seja o pano de fundo, e essa fala de Jesus seja justamente em torno dessa polêmica, dessa rivalidade existente entre os dois", explica.

Festas juninas e o folclore ...

Polêmicas à parte, fato é que João Batista se tornou aquela das figuras mais importantes para o cristianismo, e um santo muito popular. Como personagem, transcende o catolicismo — tornou-se figura folclórica, celebrada, ao lado de Santo Antônio e São Pedro, nas famosas festas juninas tão tradicionais nesta época do ano no Brasil. Algumas lendas ajudam a explicar os elementos típicos da comemoração.


"Uma antiga tradição diz que João nasceu no alto de uma montanha e que uma fogueira foi acesa quando sua mãe, Isabel, entrou em trabalho de parto para avisar aos parentes que moravam na planície. Pode ser daí o início das festas de junho, juninas", diz Lira.

 

"Primeiro se celebra Santo Antonio, jovem na história do cristianismo, depois João e Pedro contemporâneos de Jesus. As festas brasileiras vieram com o colonizador português e aqui no Nordeste brasileiro têm características bem próprias e animam as noites do sertão e da cidade, incluindo a tradição de se tomar afilhados, padrinhos, compadres de fogueira, com a intercessão do santo."

 

"Nos locais nos quais João é padroeiro o novenário é de nove dias, sendo o dia 24 o principal da festa. Catolicamente é esse o rito, mas, o folclore o celebra com fogueira na véspera e outras tradições. A Igreja celebra do seu modo a festa, mas, não há qualquer tipo de proibição formal aos outros festejos aos santos. E viva São João", enaltece o hagiólogo. 

No cenário brasileiro, arcebispo do Rio de Janeiro, o cardeal Orani João Tempesta — que tem João como segundo nome justamente porque nasceu na véspera da festa de João Batista, em 1950 — também vê com bons olhos as festividades populares:


"O mês de junho traz para nós, brasileiros, a oportunidade de confraternização, participação e, ao mesmo tempo, alegria", comenta ele. "É tempo de comemorar os santos Antônio, João e Pedro e, também, confraternizar com as pessoas juntos, sentir essa proximidade, celebrar a presença na região, na cidade." 


"Vemos São João sendo celebrado em todo lugar, com tradições, alimentos, bebidas, fogueira, fogos, bandeirinhas… Enfim, cada lugar tem um pouco suas características. Como nasci na véspera de São João, nunca faltou, em minha infância a comemoração folclórica da festa de São João, com os doces próprios e as comidas típicas", ressaltou o cardeal


"Isso faz bem para o povo. Nosso povo necessita desses momentos de folguedo, de podermos estar um pouco mais tranquilos e celebrando uns com os outros em meio a tantas dificuldades."

Tempesta acredita que tais eventos servem para que todos possam "festejar a nossa esperança e a confiança de poder ver dias melhores de paz e fraternidade"!

 

Por: Roberto Costa Ferreira, 02 de junho de 2024.

HILASA-SP - Instituto de História, Letras e Artes.

CEP UNIFESP – Universidade  Federal  São Paulo

SÃO PAULO  - SANTO AMARO  - SP.

 

*Tradução do original resumido, edição, adequação de texto ao perfil de Roberto Costa Ferreira, mesmo ampliação da pesquisa, publicada originalmente em 23 de junho de 2022, de Bled (Eslovênia) e, no Brasil/SP, neste meu blog, em 04 de julho de 2024.