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domingo, 12 de maio de 2024

Mãe ... A mulher que se arrependeu de ter criado o Dia das Mães!

Anna Jarvis (1864-1948) Ativista social.

Dia das Mães é uma das maiores ocasiões comemorativas do ano em diversos países do mundo todo, mas definitivamente não começou como um feriado criado por fábricas de cartões e nem por uma floricultura. 

O Dia das Mães que comemoramos anualmente no 2ª domingo de maio existe, em grande parte, devido aos esforços incessantes – alguns podem dizer que é uma obstinação maníaca – de uma mulher chamada Anna Jarvis. Mas Jarvis não foi a primeira norte-americana a promover a ideia.

As primeiras tentativas de fazer com que o feriado se tornasse realidade se concentraram em questões sociais maiores, como a promoção da paz e a melhoria das escolas. Mas a versão do dia que finalmente “pegou” se tornou o pior pesadelo de sua fundadora.
 
Dia das Mães foi inicialmente lançado por ativistas contra a guerra em 1872. A autora Julia Ward Howe, mais lembrada por ter escrito “The Battle Hymn of the Republic” (O Hino de Batalha da República, em tradução livre), defendeu um Dia das Mães pela Paz, no qual as mulheres pacifistas se reuniriam em igrejas, salões sociais e lares para ouvir sermões ou ensaios, cantar e orar pela paz.

Já, que Anna Jarvis fundou o Dia das Mães nos Estados Unidos há mais de um século. Isso é fato!

Embora tenha raízes na cultura grega, a comemoração do Dia das Mães se popularizou nos Estados Unidos no começo do século 20, impulsionada pela iniciativa de Anna Jarvis de celebrar a memória de sua mãe, Ann Jarvis, com uma data especial.

Ann Jarvis foi uma ativista social que dedicou sua vida a servir sua comunidade local em Virgínia. A partir de 1858, ela concentrou seus esforços no Clube de Trabalho das Mães, estabelecido com o propósito de combater a mortalidade infantil.

Pois bem, quanto à historia, quando Elizabeth Burr recebeu um telefonema de uma determinada pessoa perguntando sobre a história de sua família, ela inicialmente pensou que era um golpe.

No entanto, a ligação veio de um pesquisador que procurava parentes vivos de Anna Jarvis, a mulher que criou o Dia das Mães (comemorado em muitos países no segundo domingo de maio) nos Estados Unidos há mais de um século.

    • 'Não quero morrer sem revê-la': as mães que doaram seus filhos no passado e hoje lutam para -los;

      • O que era a ‘Liga Anti-Máscara’, que protestava contra restrições na gripe espanhola.

Anna Jarvis era uma criança em meio a um total de 13 filhos, dos quais apenas quatro viveram até a idade adulta. Seu irmão mais velho foi o único a ter filhos, mas muitos morreram jovens de tuberculose e seu último descendente direto morreu na década de 1980.

Assim, Elisabeth Zetland, da plataforma de genealogia online MyHeritage, decidiu procurar primos em primeiro grau, e foi isso que a levou a Elizabeth Burr. Ela que deu ao MyHeritage a notícia surpreendente de que seu pai e tias não comemoravam o Dia das Mães, por respeito a Anna, que defendia que "sua ideia havia sido invadida por interesses comerciais e tinha sido degradada".

A campanha de Anna Jarvis por "um dia especial para celebrar as mães" foi algo que ela herdou de sua própria mãe, Embora tenha raízes na cultura grega, a comemoração do Dia das Mães se popularizou nos Estados Unidos no começo do século 20, impulsionada pela iniciativa de Anna Jarvis de celebrar a memória de sua mãe, Ann Jarvis, com uma data especial.

Ann Jarvis foi uma ativista social que dedicou sua vida a servir sua comunidade local em Virgínia. A partir de 1858, ela concentrou seus esforços no Clube de Trabalho das Mães, estabelecido com o propósito de combater a mortalidade infantil.

A historiadora Katharine Antolini, professora assistente de história e estudos de gênero no West Virginia Wesleyan College, nos Estados Unidos, autora de Memorializando a Maternidade: Anna Jarvis e a Luta pelo Controle do Dia das Mães (2014).
Ela escreveu para “What It Means to Be American”, um debate nacional organizado pelo Smithsonian e Zócalo Public Square, que escreveu no livro acima citado, dizendo que a militante Ann Reeves Jarvis esperava e queria:
     •  que o trabalho das mães fosse reconhecido,
     • pelo serviço incomparável que prestavam à humanidade em todos os campos da vida!

Ann Reeves Jarvis era muito ativa na Igreja Metodista Episcopal, onde, a partir de 1858, dirigiu clubes de trabalho das mães para combater altas taxas de mortalidade infantil, principalmente devido a doenças que devastaram sua comunidade em Grafton, West Virginia.

Nesses grupos, as mães aprendiam sobre higiene e saneamento, como a importância vital de ferver água antes de beber. Os organizadores forneciam remédios e suprimentos para famílias doentes e, quando necessário, colocavam famílias inteiras em quarentena para evitar epidemias.

Jarvis, a mãe, perdeu nove filhos, incluindo cinco durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), que provavelmente morreram por doenças, diz Antolini, professora do West Virginia Wesleyan College - a historiadora acima referida.

Quando Ann Reeves Jarvis morreu, em 1905, cercada pelos quatro filhos sobreviventes, Anna ficou triste e prometeu realizar o sonho de sua mãe, embora sua abordagem de dia das mães fosse bem diferente, diz Antolini.

Enquanto a mãe queria celebrar o trabalho das mães por melhorar a vida dos outros, a perspectiva de Anna era a de uma filha dedicada. Seu lema para o dia das mães era:

"Para a melhor mãe que já viveu - sua mãe".

Era por isso que deveria ser no singular, não plural.

"Anna imaginou o feriado como uma volta para casa, um dia para homenagear sua mãe, a única mulher que dedicou a vida a você", diz Antolini.

A mensagem poderia tocar todo mundo e também se comunicava com as igrejas. E a decisão de Anna de ter colocar essa data no domingo foi uma jogada inteligente, lembrou Antolini.

Três anos após a morte da mãe dela, o primeiro dia das mães foi celebrado na igreja metodista de Andrews, em Grafton. Anna Jarvis escolheu o segundo domingo de maio porque seria sempre próximo de 9 de maio, o dia em que sua mãe tinha morrido.
Anna distribuiu centenas de cravos brancos, a flor favorita de sua mãe, para as mães que compareceram.

A popularidade da celebração cresceu. Em 1910, o Dia das Mães se tornou um feriado do estado da Virgínia Ocidental e em 1914 foi designado feriado nacional pelo então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson.

Um grande fator para o sucesso do dia foi seu apelo comercial:

"Mesmo que Anna nunca quisesse que o dia fosse comercial, logo isso aconteceu. Portanto, a indústria floral, a indústria de cartões comemorativos e a indústria de doces merecem parte do crédito pela promoção do dia", diz Antolini.

Mas isso não era isso o que Anna queria. Quando o preço dos cravos disparou, ela divulgou um comunicado à imprensa condenando os floristas:

"O que você faz para derrotar charlatães, bandidos, piratas, mafiosos e sequestradores que minariam com sua ganância um dos melhores, mais nobres e verdadeiros movimentos e celebrações?"

Em 1920, ela estava pedindo às pessoas que não comprassem flores. Ela estava chateada com qualquer organização que usasse seu dia para qualquer coisa, exceto seu desenho original e sentimental, diz a historiadora Antolini. Isso incluía instituições de caridade que usavam o feriado para arrecadar fundos, mesmo que pretendessem ajudar mães pobres.

"Era um dia para celebrar as mães, não de ter pena delas porque eram pobres", explica Antolini. "Além disso, algumas instituições de caridade não estavam usando o dinheiro para mães pobres, como diziam."

O dia das mães foi arrastado também para o debate sobre os votos das mulheres. Os anti-sufragistas diziam que o verdadeiro lugar de uma mulher era o lar e que ela estava ocupada demais como esposa e mãe para se envolver na política.
De outro lado, os grupos de sufrágio argumentavam:

"Se ela é boa o suficiente para ser mãe de seus filhos, ela é boa o suficiente para votar".

E enfatizaram a necessidade de que as mulheres tenham voz no futuro bem-estar de seus filhos.

A única que não se aproveitou do Dia das Mães, ao que parece, foi a própria Anna. Ela recusou o dinheiro oferecido a ela pela indústria de flores.

"Ela nunca lucrou com o dia e poderia facilmente fazê-lo. Eu a admiro por isso", diz Antolini.

Anna e sua irmã Lillian, que era deficiente visual, sobreviveram da herança de seu pai e do irmão Claude, que dirigia um negócio de táxi na Filadélfia antes de morrer de um ataque cardíaco.
Mas Anna passou a gastar cada centavo lutando contra a comercialização do Dia das Mães.

Antes mesmo de a data se tornar um feriado nacional, ela havia reivindicado direitos autorais sobre a frase:

"Segundo domingo de maio, Dia da Mãe"

e ameaçou processar qualquer pessoa que o comercializasse sem permissão.

"Às vezes, grupos ou indústrias usavam propositalmente a grafia 'Dia das Mães', no plural, para contornar as reivindicações de direitos autorais de Anna", diz Antolini.

Um artigo da Newsweek escrito em 1944 dizia que ela tinha 33 processos abertos.

Naquela época, ela tinha 80 anos e estava quase cega, surda e indigente, e estava sendo cuidada em um sanatório na Filadélfia.
Há muito tempo se diz que as indústrias de flores e cartões pagavam secretamente pelos cuidados de Anna Jarvis, mas Antolini nunca conseguiu confirmar isso.

"Gostaria de pensar que sim, mas pode ser uma boa história e não a verdadeira", diz ela.

Um dos atos finais de Anna, enquanto ainda morava com a irmã, foi ir de porta em porta na Filadélfia pedindo assinaturas para apoiar um pedido de cancelamento do Dia das Mães.
Quando Anna foi admitida no sanatório, Lillian morreu de envenenamento por monóxido de carbono enquanto tentava aquecer a casa. "A polícia disse que pedaços de gelo pendiam do teto porque estava muito frio", diz Antolini.

E Anna morreu de insuficiência cardíaca em novembro de 1948.

Jane Unkefer, de 86 anos, prima de primeiro grau de Anna (e tia de Elizabeth Burr), acha que Anna Jarvis ficou obcecada em sua cruzada contra a comercialização.

"Eu não acho que eles eram muito ricos, mas ela usou todo o dinheiro que tinha", diz. "É constrangedor. Eu não gostaria que as pessoas pensassem que a família não estava cuidando dela, mas ela acabou no equivalente a uma vala comum".

Eles podem não ter sido capazes de ajudá-la no final de sua vida, mas a família honrou a memória de Anna de outra maneira: não comemorando o Dia das Mães por várias gerações.

"Nós realmente não gostamos do Dia das Mães", diz Jane Unkefer. "E a razão pela qual não gostamos é que minha mãe, quando criança, ouviu muitas coisas negativas sobre o Dia das Mães. Reconhecemos isso como um sentimento agradável, mas não fazíamos jantar especial ou comprávamos flores".

Quando era uma jovem mãe, Jane costumava parar em frente a uma placa em homenagem ao Dia das Mães na Filadélfia e pensar em Anna.

"É uma história comovente porque há muito amor nela", diz Jane. "E acho que o resultado disso é uma coisa boa. As pessoas se lembram da mãe, do jeito que ela gostaria que elas fizessem."

Jane confessa que mudou de ideia sobre a celebração agora.

"Muitas gerações depois, eu esqueci todas as coisas negativas que minha mãe já disse sobre isso, e fico muito zangada se não falar com meus filhos. Quero que eles honrem a mim e ao meu dia", diz ela.

A irmã mais nova de Jane, Emily d'Aulaire, também viu sua atitude em relação ao dia das mães mudar ao longo do tempo:

"Eu nem sabia disso até que meu próprio filho estava na escola e voltou para casa com um presente de Dia das Mães", diz ela. "Nossa mãe costumava dizer algo como 'Todo dia é dia das mães'."

Durante muito tempo, Emily ficou triste devido à intenção original de Anna ter sido frustrada, mas hoje em dia ela envia um cartão para sua nora, a mãe de seus netos.

Este ano, muitas famílias não poderão presentear suas mães com flores ou um dia de passeio. Em vez disso, celebrarão o Dia das Mães por meio de uma chamada de vídeo, devido às medidas de isolamento social.

Mas Antolini - a historiadora acima referida - acha que Anna e a mãe dela teriam ficado satisfeitas com essas celebrações reduzidas.
Ela imagina que Ann Reeves Jarvis, uma veterana de muitas epidemias, ressuscitaria os clubes das mães para ajudar os outros. E Anna ficaria encantada com a redução de oportunidades de compras, que ela sentia ofuscar a pureza de sua ideia original.

No Brasil, em 1932, foi assinado um decreto pelo presidente Getúlio Vargas:

declarando que o segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade”.

Em países vizinhos, como a Argentina, o dia das mães é celebrado no terceiro domingo de outubro. No Paraguai, a data é comemorada junto com a independência do país, em 15 de maio. Já o Uruguai, assim como o Brasil, também reserva o segundo domingo de maio para homenagear as mães.

          Roberto Costa Ferreira, 12 de maio de 2024.
PROFESSOR -PSICANALISTA-PESQUISADOR
HILASA - Instituto de Historia, Letras, Artes
UNIFESP - Universidade Federal  São Paulo.

Norman Rockwell (1894-1978), pintor e ilustrador americano,
trabalhando em um cartaz oficial do dia das mães de 1951
.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

DIA da LITERATURA BRASILEIRA!

    Dia da Literatura Brasileira, oportunidade de celebrar a riqueza e a 
    diversidade da literatura produzida, e de reconhecera a importância
 dos escritores e seus respectivos trabalhos para a formação cultural
 e intelectual da sociedade brasileira.

O dia 1º de maio transcorrido recentemente é feriado - Dia do Trabalho - mas, também é Dia da Literatura Brasileira. Celebram-se assim a literatura nacional e seus autores.
A data é uma homenagem ao nascimento de José de Alencar (1829-1877, 48 anos), um dos principais autores do Romantismo brasileiro.

Ele que foi o maior autor de romances românticos do Brasil. Alencar estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. Morou no Rio de Janeiro, onde exerceu:
  • a profissão de jornalista, tornando-se chefe de redação no Diário do Rio de Janeiro,
  • escreveu crônicas e críticas literárias,
  • além de escritor, ele era advogado e político.
O político, jornalista e jurista cearense escreveu obras célebres, tais como:
  • “O Guarani” (1857),
  • “Lucíola” (1862) e,
  • “Iracema” (1865).
Algumas delas, bem mais tarde, entraram para as listas de leituras obrigatórias em vestibulares e processos seletivos.

É o principal e mais versátil romancista do romantismo brasileiro, com romances indianistas, urbanos, regionalistas e históricos. Também escreveu para o teatro, com peças relevantes, como:
  • O demônio familiar (1857) e,
  • As asas de um anjo (1860).
Em razão de curiosidades, temos que José Martiniano de Alencar foi grande amigo de Machado de Assis (1839-1908), figura que o nomeou patrono da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras.
Em homenagem a José de Alencar, na cidade de Fortaleza encontra-se o “Teatro José de Alencar”, inaugurado em 1910.

Pregressamente, é oportuno considerar que em razão da literatura brasileira, em seu início, surgiu em congruência com as manifestações literárias trazidas de Portugal. Isso porque os escritores e artistas da época ou eram portugueses de berço ou brasileiros que tinham formação acadêmica em Portugal.
As primeiras formações literárias em solo lusitano começaram por volta dos séculos XII e XVI, entre a Baixa Idade Média e o Renascimento. Com a vinda dos colonizadores ao Brasil, seus ideais aqui também chegaram.

Por conseguinte, sempre que falamos em literatura, nos deparamos com as expressões estilos de época ou estilos literários. Esses, marcam a forma como cada movimento se inicia, muitas vezes por conta de um grande fato histórico ou de uma grande obra revolucionária.

A literatura pode ser dividida em dois períodos, a saber: colonial e nacional. A colonial é chamada assim porque:
  • foi composta por um grupo de pessoas que buscavam copiar os estilos, padrões e tendências de Portugal.
  • Já a nacional é formada por escritores que foram criando estilos com características próprias, muitas vezes refletindo sentimentos dos acontecimentos da época.
Portanto, atento e transitando na sequência do indice adiante, temos os periodos demarcados e respectivas escolas, cujo desenvolvimento reduzido exponho apenas em razão do tempo que nos atinge, a saber:
  • Quinhentismo (Séc. XVI);
  • Barroco (Séc. XVII);
  • Arcadismo ou Neoclassicismo (Séc. XVIII);
  • Romantismo (Séc. XIX);
  • RealismoNaturalismo (Segunda metade do século XIX);
  • Parnasianismo (Final do século XIX, início do século XX);
  • Pré-modernismo (1902 até 1922);
  • * Modernismo (1922 até 1930);
  • * * Pós-Modernismo (Dos anos 50 até hoje).
Iniciou, tal periodo denominado Modernismo, partindo da Semana de Arte Moderna de 1922, momento que:
  • os textos passam a ser mais diretos,
  • com humor e uma maior liberdade de escrita, ainda,
  • com temas urbanos.
Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mario de Andrade são exemplos de autores dessa escola literária.

** Esse tipo de literatura é o que perdura até os dias de hoje, denominado Pós-Modernismo. Tem como base elementos que marcam o capitalismo contemporâneo, influenciado pelos seguintes meios:
  • tecnológicos,
  • inovações científicas e,
  • pelas atitudes do homem pós-moderno.
O sentimento é de liberdade imensa, com opções infinitas de possibilidades. O prazer da leitura, porém, é o que se dá sem obrigações, de acordo com os educadores.

Por que, então, não aproveitar a extensão do feriado, mesmo depois, para começar um livro novo, hein?
Apesar da sedução pelo novo e por best-sellers — e não há problema com isso recomendo dez clássicos.

Em agosto de 2009, a Revista Bravo! (Editora Abril), dedicada às artes e à cultura, hoje apenas na versão digital, publicou na edição impressa uma lista com os 100 livros essenciais da literatura brasileira. A seguir, confira os dez primeiros colocados:
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis
  • Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis
  • Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos
  • Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha
  • Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa
  • A Rosa do Povo (1902), de Carlos Drummond de Andrade
  • Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira
  • Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar
  • A Paixão Segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector
  • Macunaíma – O Herói Sem Nenhum Caráter (1928), de Mário de Andrade
Contudo, se a preferência for por escritores estrangeiros, lembramos os 21 livros para se ler antes de morrer, conforme a editora Penguin, por ocasião do Dia Mundial do Livro, em 23 de abril.

Quais seriam? O dramaturgo britânico:
  • William Shakespeare, responsável por “Hamlet”, “Romeu e Julieta” e tantas outras obras teatrais,
  • o romancista espanhol Miguel de Cervantes, autor de “Dom Quixote”, e,
  • o peruano Inca de la Vega, escritor de “Comentários Reais dos Incas”.
Uma pessoa de qualquer canto do planeta pode ter pensado que um dia conseguiria ler todos os textos já produzidos pela humanidade. Se isso ocorreu, certamente, foi há mais de meio milênio, antes da invenção da máquina de imprensa pelo alemão Johann Gutenberg (1398-1468).

Em 2010, um levantamento do Inside Google Books mostrou que, por aquele ano, existiam quase 130 milhões de títulos disponíveis ao redor do globo. Mas acalme-se.
O importante não é ler tudo, de acordo com os especialistas. O desafio é manter o hábito da leitura quanto mais constante, principalmente, para benefícios da saúde mental.

Para quem não sabe por onde começar, a editora britânica Penguin Random House selecionou 21 livros para se ler antes de morrer.
O Grupo Penguin, a saber, pertence ao 4º maior conglomerado editorial do mundo:
  • o alemão Bertelsmann, e,
  • no Brasil, controla a Companhia das Letras desde o fim de 2018.
Sem mais "meia-volta", afinal, vamos à lista.

21 livros para ler antes de você morrer:
  • A história secreta, de Donna Tartt
  • O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez
  • O olho mais azul, de Toni Morrison
  • Lá não existe lá, de Tommy Orange
  • A Cor Púrpura, de Alice Walker
  • Dez de dezembro, de George Saunders
  • Os vestígios do dia, de Kazuo Ishiguro
  • Quando Tudo se Desmorona, de Chinua Achebe
  • Um conto para ser tempo, de Ruth Ozeki
  • Vida querida, de Alice Munro
  • Os irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski
  • A vida secreta das abelhas, de Sue Monk Kidd
  • Uma constelação de fenômenos vitais, de Anthony Marra
  • A metade perdida, de Brit Bennett
  • Terra Descansada, de Jhumpa Lahiri
  • Estação Onze, de Emily St.
  • Dentes Brancos, de Zadie Smith
  • The Underground Railroad: Os caminhos para a Liberdade, de Colson Whitehead
  • No tempo das borboletas, de Júlia Alvarez
  • A Mulher Do Deus Da Cozinha, de Amy Tan
  • O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy
Roberto  Costa  Ferreira,  1° Maio  2024
HILASA-InstitutoHistoria,Letras,Artes
SANTO AMARO  - SÃO PAULO  / SP.



quarta-feira, 24 de abril de 2024

O Livro! Dia Mundial do Livro ... Que saudade me dá, folhear paginas de um livro!

O ato de folhear paginas de um livro ...


Mas afinal por que abril é considerado o “Mês do Livro”?
É porque são comemoradas oficialmente três datas ao longo desse período. São elas:
   • dia 2 é o Dia Internacional do Livro Infantil,
   • já dia 18 é o Dia Nacional do Livro Infantil e, por fim,
   • dia 23 é celebrado o Dia Mundial do Livro.

O dia 23 de abril, Dia Mundial do Livro, é uma data escolhida  pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais.
Tal data comemorativa é simbólica e tem origem na história da literatura mundial. Foi no dia 23 de abril que morreram três grandes escritores: o inglês William Shakespeare, o espanhol Miguel de Cervantes e o peruano Inca Garcilaso de La Vega.

O livro que conhecemos hoje. Como surgiu?

A história do livro é tão antiga quanto a história da escrita. Desde 6 mil anos atrás já surgiam os primeiros "protótipos" de livros. O que foi modificado, até o objeto livro que conhecemos hoje, foi o material e a técnica escolhida para grafar as letras do alfabeto a partir das inúmeras inovações.
Ou seja, antes era gravado pelos povos antigos (babilônios, egípcios, gregos, sumérios, etc) nos materiais disponiveis:
  • placas de argila, cascas de árvore, pedra, madeira, barro, folhas de palmeiras, etc.
Posteriormente, o suporte para a impressão dos textos resultou:
    • no o papiro (planta mais resistente),
    • pergaminhos (pele de animal),
    • códices (manuscritos de madeira),
    • folhas de papel,
   • até chegarem na era digital dos livros eletrônicos.

No Egito antigo, os "escribas" ou “escrivães" eram pessoas responsáveis pela leitura e produção dos textos nos papiros, espécies de plantas usadas desde 2.500 A.C., por sua vez, constituíam um grande rolo de folhas pregadas umas às outras.

Foi por esse motivo, do demasiado volume, que surgiram os pergaminhos, suportes de peles de animais (carneiro, cabra, ovelha, etc), muito utilizados  pelos "monges copistas" da Idade Média.

O livro, um produto intelectual, surgiu da necessidade dos povos de guardar o conhecimento e passá-los de geração em geração. É um objeto de enorme valor cultural e histórico, muito importante para a disseminação do conhecimento no mundo.

Nesse sentido, vale lembrar que na Idade Média os livros eram considerados objetos de imenso valor e por isso, acessível somente para uma pequena parte da população (nobreza e clero).

Além disso, muitos livros eram considerados impróprios pela Igreja Católica:  a maioria dos livros eram de religião, enquanto outros de história, astronomia, literatura e filosofia, ficavam restritos a um número menor ainda.

Nesse contexto, é importante destacar que a maioria das pessoas não sabia ler ou escrever, o que dificultava ainda mais a disseminação desse conhecimento.
Um fato muito importante que ocorreu em fins da Idade Média, ou ainda, da passagem da Idade Média para a Idade Moderna, foi o surgimento da imprensa, em meados do século XV.

Na Europa, fatores fundamentais como:
    • o declínio do sistema feudal,
    • o surgimento da burguesia e,
    • as reformas protestantes,
Resultaram afastando as imposições da Igreja e abrindo um leque de possibilidades para as pessoas, que, ao mesmo tempo, se sentiam impossibilitadas de expressarem suas opiniões.
Tais acontecimentos acima destacados  impulsionaram a elaboração de método de impressão tal qual a prensa móvel:
    • primeiro, descoberta na China por Pi Shengdepois,
   • pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468).
A partir de sua técnica, jamais antes vista pela população inglesa, foi o gatilho necessário para permitir o acesso aos livros ao restante da população.

Partindo de então, a popularização do livro ganhou força no mundo inteiro, considerado atualmente um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento.
Com o tempo, foram surgindo livros didáticos, livros de histórias infantis, livros de poesia, dentre outros.

Atualmente, quando entramos numa biblioteca ou livraria, é difícil de imaginar que se estivéssemos na Idade Média, estaríamos adentrando um mundo quase intocável, mágico e místico!
No entanto, é muito complicado para nós, seres do século XXI, pensarmos nesse contexto, uma vez que a popularização do livro ganhou proporções massivas.

No Brasil, a história do livro ...

No Brasil, o livro foi introduzido no período pré- colonial pelos portugueses, sobretudo pelos jesuítas, figuras que participaram da colonização indígena, bem como da educação formal no país.
Já no século 20, o escritor e editor pré-modernista Monteiro Lobato foi responsável pela maior divulgação dos livros no país, e, segundo ele:
    "uma país é formado por homens e livros".

O desenvolvimento intelectual e a importância da leitura ...

Os  livros têm sido instrumento fundamental no desenvolvimento intelectual e espiritual de pessoas por todo o mundo. É através das páginas dos livros que podemos conhecer diferentes histórias, realidades, pessoas e culturas, sem precisar sair do lugar.

No início, na época das cavernas, os homens primitivos já registravam, ao seu modo, o cotidiano.  Eram as chamadas pinturas rupestres, que já indicavam que, desde o princípio, o ser humano tinha noção de proporções e senso artístico.

No entanto, só foi possível registrar a história da humanidade, de fato, a partir do surgimento da escrita. Ou seja, a partir de 5 mil anos atrás.
Com a escrita, o ser humano passou a conseguir registrar sua história por meio de documentos e dos primeiros livros. No entanto, nessa época, os livros ainda eram muito diferentes do que estamos habituados a ver hoje, pois dependiam dos materiais que cada sociedade tinha à sua disposição.

Na região do oriente, foram encontrados os primeiros livros, feitos pelo povo sumério, a partir do barro, na forma de pequenas lajotas. Enquanto isso, os egípcios, povo vizinho aos sumérios, escreviam seus livros sobre papiro, formando rolos de até 20 metros de comprimento!
A  maior  biblioteca da antiguidade foi a de Alexandria, com 700 mil livros em rolos de papiro.

Livros ... Das questões de sustentabilidade às tecnologias ...

O consumo de livros digitais cresceu no Brasil  durante a pandemia. Segundo levantamento do SNEL - Sindicato Nacional dos Editores de Livros, editoras com conteúdo digital tiveram em 2020 faturamento 43% acima do registrado em 2019, época em que a quarentena ainda fazia parte de um horizonte distante no país.

Além de smartphones e tablets, a leitura desses livros tem como aliadas ainda:
  • as telas do e-readers, aparelhos eletrônicos que imitam o papel e a tinta de um livro comum.
Leves e compactos, esses dispositivos têm a seu favor o fato de serem capazes de armazenar milhares de títulos sem a necessidade de impressão de uma só página.

Embora no Brasil a produção de papel não cause a destruição de florestas, uma vez que produtos de celulose e papel são fabricados exclusivamente com madeira de reflorestamento, pergunta-se:
    - Será que os livros digitais seriam mais sustentáveis do que os livros impressos?
   - Ainda, da produção ao descarte, que tipo de impactos os e-readers podem trazer ao meio ambiente?
Por se tratar de um aparelho voltado a uma prática que costuma ser solitária, as trocas motivadas por status, design e modernidades tecnológicas seriam menos frequentes do que ocorre com smartphones e tablets.

Um relatório da GPI - Green Press Initiative, organização não governamental que analisa o impacto ambiental da indústria editorial, aponta que os benefícios do e-reader se tornam maiores de acordo com o número de livros baixados pelo usuário.
Se o leitor, por exemplo, consumir até 30 livros impressos ao longo de um ano, haveria menor impacto, o que desestimularia o uso do livro digital.
Já se houvesse a leitura de 60 a 90 títulos por ano, os e-books apresentariam maior vantagem em termos de sustentabilidade.

É preciso ter em vista que, assim como a indústria gráfica, a produção de e-readers também demanda recursos como água e energia elétrica, além de emitir gases do efeito estufa na atmosfera. Enquanto a produção de um livro emite cerca de 4kg de gases nocivos à atmosfera, um e-reader como o Kindle, da Amazon, emite 168 kg desses gases ao longo de seu ciclo de vida.

Tudo isso precisa ser levado em conta. No caso do livro digital, alguns estudos estimam ainda que a vida útil de um aparelho seria de pouco mais de 4 anos.
No caso do livro impresso, a vida útil do produto poderia ser estendida com o compartilhamento ou a doação do item a bibliotecas, por exemplo. Embora possam ser reciclados, nem sempre os produtos eletrônicos chegam a ter componentes reaproveitados.

Em 2019, apenas 3% de 2 milhões de toneladas desses resíduos foram recicladas.  O maior desafio, tanto para conteúdos impressos ou digitais, é o processo de descarte do produto ser realizado de forma ambientalmente correta.
Que saudade me dá, folhear paginas de um livro! Desfolhar significa "tirar as folhas ou as pétalas ... ":
    – Estive a desfolhar um malmequer!
De outro modo, "folhear" ... O ato de folhear páginas de um livro significa percorrer as folhas de uma publicação, mesmo consultar. 

Folhear um livro pode ser uma forma de relaxar e se entreter, permitindo uma pausa nas atividades do dia a dia, proporcionando momentos de lazer.

Também pode estimular a criatividade e a imaginação, inspirando-se com imagens, ilustrações, textos e ideias.
Além disso, ao folhear um livro, exercitamos a habilidade de leitura, melhorando a fluência, a compreensão e a velocidade de leitura, manuseando-o.

Pessoalmente, ainda prefiro os livros como os conhecemos há séculos, gosto de tê-los à mão em papel, mas de um modo geral entendo que acessar aquilo que desejamos é o que mais importa!

Acessar, chegando a uma narrativa bem contada, o ato de folhear um livro, dobrar página após página ou simplesmente deitá-lo no colo enquanto penso sobre o que acabei de ler - tão bom quanto!

Roberto Costa Ferreira,  23 de Abril de 2024.
PROFESSOR-PSICANALISTA-PESQUISADOR
HILASA - Instituto de História, Letras e Artes
SANTO AMARO - SÃO PAULO / SP.









domingo, 14 de abril de 2024

DIA do BEIJO! Não se sabe ao certo o porquê ... Dizem que seria porque o beijo mais longo da história teria sido dado nesse dia?

 

Dia 13 de abril é o Dia do Beijo! Que magnífico momento ... Por oportuno, destaco que "Basorexia" denomina-se a súbita vontade de beijar alguém ... 

Mas, um determinado livro explica, orientando 156 termos que descrevem emoções muito concretas, como a do beijo referido, rastreando sua origem e sua história, e tudo em razão da abordagem relativa à necessidade repentina de beijar alguém e outras 18 emoções, as quais destaco, e que desconhecia, até então, que tinham nome, relacionados às vontades.

Muitos filósofos, psicólogos, antropólogos e neurocientistas estão há séculos tentando encontrar as emoções básicas e universais e nos apresentando listas — as mais curtas possíveis (surpresa, desgosto, tristeza, raiva, medo e alegria, por exemplo).

A historiadora cultural Tiffany Watt Smith fez totalmente o contrário: em The Book of Human Emotions (o livro das emoções humanas) descreveu 156 emoções diferentes. Seu objetivo foi identificar as nuances.

Não só explica que os pintupi da Austrália Ocidental possuem 15 palavras para diferentes tipos de medo, mas também como nossa opinião sobre algumas emoções evoluiu ao longo da história e dependendo do contexto. Por exemplo, a solidão é atualmente entendida como algo particularmente negativo, mas, para os românticos, “poderia levar a experiências espirituais e emocionais transformadoras”.

Desse modo, estes são 19 dos termos coletados por Smith em seu livro e que descrevem todas as emoções que sentimos, mas que, às vezes, não sabemos nomear:

1. Ambíguofobia. É um termo cunhado pelo escritor David Foster Wallace. Refere-se à sensação de desconforto ao deixar algo aberto a interpretações.

2. L'appel du vide. Expressão francesa que pode ser traduzida como “a chamada do vazio” e utilizada para falar da vontade de pular ao ver um precipício. “As pessoas falam sobre o medo de altura”, escreve Smith, “mas, na verdade, a ansiedade provocada pelos precipícios, muitas vezes, tem menos a ver com cair e mais com o terrível impulso de pular.”

3. Awumbuk. Palavra dos baining, que vivem em Papua-Nova Guiné, e com a qual se descreve a sensação de vazio deixada pelas visitas quando vão embora. “As paredes fazem eco”, ilustra Smith:

“O espaço que estava tão cheio agora parece estranhamente amplo. E, embora muitas vezes haja alívio, também ficamos com uma sensação de desânimo: como se uma névoa houvesse descido.”

4. Basorexia. A súbita vontade de beijar alguém, como acima referido.

5. Cibercondria. “A ansiedade sobre ‘sintomas’ de uma ‘doença’ alimentada depois de ‘pesquisar’ na Internet.” As aspas são da autora. Um neologismo já popularizado na rede.

6. Dépaysement. Palavra francesa que reflete a “desorientação que sentimos em lugares estrangeiros”. Ilustra os esforços para decifrar uma idioma estranho e calcular quanto vale o punhado de moedas que levamos no bolso.

Trata-se de uma sensação, por vezes, frustrante, “que nos deixa desconfortáveis e fora de lugar”. Mas também faz com que “o mundo pareça novo outra vez”.

7. Dolce far niente. O prazer de não fazer nada.

8. Fago. É a pena que sentimos por alguém que precisa de ajuda e com quem nos preocupamos, sem deixar de ter em mente a ideia de que um dia perderemos a pessoa. Esse termo, usado pelos ifaluk, das Ilhas Carolinas do Pacífico, remete à sensação que:

“aparece naqueles momentos em que sentimos de forma tão esmagadora nosso amor pelos outros, sua dependência em relação a nós e o fato de que a vida é temporária e frágil, que enchem nossos olhos de lágrimas”.

15. Nakhes. Em iídiche, é o orgulho que os pais sentem por qualquer pequena conquista dos filhos.

16. Nginyiwarrarringu. Para os pintupi, que vivem no deserto da Austrália Ocidental, existem 15 tipos diferentes de medo. Smith menciona o ngulu, que é o medo que sentimos quando alguém procura a vingança; kamarrarringu, a sensação de que alguém está atrás de você; kanarunvyju, o medo de espíritos malignos que não lhe permitem dormir; e nginyiwarrarringu, o instinto de alerta que faz você se levantar e olhar ao redor para saber o que causou o ruído.

17. Oime. O intenso desconforto de estar em dívida com alguém. É um termo japonês.

18. Pronoia. A estranha sensação de que todo mundo quer ajudar. De fato, é o oposto da paranoia.

19. Ringxiety. Termo cunhado pelo psicólogo David Laramie e que poderia ser traduzido (talvez) por “ansiedade do telefone tocando”. Define esse momento de:

“ansiedade de baixo nível que nos leva a pensar que nossos telefones estavam tocando, mas que não aconteceu”. 

Uma pena que a referência ao som não sirva para as vibrações-fantasma do celular que, segundo vários estudos, 70% a 90% da população já sentiu.

E todos estes termos relacionados às emoções, medos, ansiedades e prazeres envolventes, levantados em razão do Dia do Beijo que, não se sabe ao certo o porquê. Uns dizem que seria porque o beijo mais longo da história teria sido dado nesse dia, outros colocam a culpa num beijoqueiro italiano, identificado como Enrico Porchello.

Em 13 de abril de 1882, o padre da vila de Enrico teria instituído um prêmio para a mulher que não tivesse sido beijada pelo jovem. O dinheiro estaria lá até hoje.

Os neandertais deveriam beijar, os egípcios também, mas não há registros. Os primeiros surgem em textos hindus. No livro védico Satapath, de aproximadamente 1.200 a. C., lemos: "Amo beber o vapor de seus lábios"; no poema Mahabharata, de 1.000 a.C., temos "Pôs a sua boca em minha boca, fez um barulho e isso produziu em mim um prazer". Outro texto, m o Kama Sutra, ensina ao menos três tipos de beijos.

Após sua invasão à Índia, Alexandre, o Grande, teria levado o beijo à Grécia, onde ele atingiu até funções protocolares. Em público, podia-se beijar para selar um acordo entre as partes ou demonstrar respeito. Havia uma hierarquia do beijo: entre pessoas do mesmo status, podia ser nos lábios, de classes diferentes, era no rosto, se uma das classes era mais baixa, era nas mãos ou ainda nos pés.

O beijo chegou a Roma, onde ele variava do osculum, o beijo de amizade, passando pelo basium, o beijo sensual, até o savium, um beijo mais voluptuoso, onde a língua entrava em ação.

Entre os judeus, o beijo também tinha caráter afetuoso. Na Bíblia, é famoso o relato do beijo de Judas, um sinal de afeto que se revelou de traição.

Na Idade Média, o beijo entre homens servia para selar acordos: era o chamado beijo da paz. Até a igreja intervir e tentar acabar com elw. No século 12, o papa Inocêncio III lançou um édito perseguindo o costume.

No século 17, os ingleses, escandalizados com os beijos de língua que viram os franceses dando, apelidaram esse tipo de "beijo francês".

Ainda no século XX, ele causou furor no Japão, quando, em 1924, "O Beijo", de Rodin, foi censurado.

Quem se lembra do "beijoqueiro"? O português José Alves de Moura, radicado no Brasil, que começou a sua carreira de "serial kisser" beijando Frank Sinatra em 1980!

Ainda, em recente leitura de escritos sobre a vida de Francisco de Assis, que cálculo eu somar muito mais de dois mil, talvez por ter sido ele alguém muito coerente e voltado principalmente para ajuda ao semelhante, resultou ficar com a imagem de um homem santo.

Penso eu que Francisco nunca quis ser santo, aliás, nunca quis pertencer a igreja, queria apenas fazer um trabalho que ele acreditava, era o trabalho do amor!

Então, a obra acima referida remete a "O que eu contaria se fosse ... Francisco de Assis", cujo autor Moisés Esagui, um psicanalista e escritor, fundador do Centro de Estudos da Consciência (CEC), criado em 1998, que diz, lá pelas páginas 16, referindo-se à belíssima declaração de Clara para o seu até então velado amor Francisco:

"Ela sentou-se ao meu lado e disse: 

- Francisco, não importa o que aconteça, não importa que você esteja com alguém, não me importa o que você faça, eu amo você. Qualquer caminho que você siga, se você quiser, eu farei o possível para te ajudar ... Eu seu que você é muito mais do que você faz agora. Eu não acredito em casamentos, não preciso de um homem, preciso do que você é Francisco, e nem mesmo você sabe o que você é ..."

Olhei para Clara, ela havia se tornado naquele momento, sem saber, a minha primeira gota de lágrima verdadeira!

Que amor é esse? E sem o concurso, até então, de um beijo! Ela houvera se manifestado dizendo ao Francisco o que ele "realmente era". Mostrou-lhe naquela oportunidade, um mundo além deste mundo, tudo fazendo então sentido. Pois que, além do beijo até então ausente, "o amor manifestado é quando um continua o outro"!


Roberto Costa Ferreira, 13  Abril de 2024.

Professor - Psicanalista - Pesquisador 

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

HILASA - Instituto de História, Letras, Artes

SANTO AMARO - SÃO PAULO / SP.





sábado, 13 de abril de 2024

Atividade de Pesquisa e um ser vivo e suas dimensões - A definição dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” (ODS) estabelecidos pela ONU - “Os desafios para o futuro da sociedade local, nacional e mundial”.


Definição dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” (ODS) estabelecidos pela ONU



A atividade de pesquisa requer em sua essência a indagação sobre um fato, um fenômeno, uma observação.

Na área de Ciências Biológicas observa-se uma mudança radical no fazer pesquisa. A diversificação dos equipamentos de laboratório e de campo ocorre com a introdução da tecnologia da informação, o ganho em resolução das imagens capturadas por microscópios, satélites e drones, além da miniaturização e robótica.

Um biólogo necessita de múltiplas linguagens para transitar entre os diversos ambientes, mas não pode perder de vista seu objeto de estudo: um ser vivo inserido em um ambiente de dimensão variada.

A Ciência senso amplo ganhou proeminência nos últimos séculos, sobretudo em países que lideram as relações internacionais, estabelecendo-se como mediadora para a busca de soluções para grandes problemas da sociedade e, eventualmente, contribuindo para decisões políticas.

Um exemplo é a definição dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” (ODS)estabelecidos pela ONU e integralmente embasado em dados científicos advindos de pesquisas em diversas as áreas do conhecimento com impacto em todas as atividades da sociedade.

Os países definem as áreas prioritárias de financiamento e as agências de fomento à pesquisa elaboram as estratégias de financiamento por meio de um diálogo contínuo com diversos atores.

O termo “sociedade” neste artigo pode representar o setor público, o setor econômico, o governo, ou ainda a população em geral. Nesse contexto, a diplomacia científica também se insere como uma estratégia de diálogo com a sociedade em geral.

A atividade de pesquisa requer, em sua essência:

  • a indagação sobre um fato,
  • um fenômeno, uma observação.

A estruturação do pensamento lógico para elaborar a pergunta e as estratégias para respondê-la demandam um espírito curioso e crítico que submete a ideia à avaliação.

Engana-se aquele que considera a pesquisa como uma atividade isolada e desconectada

 da realidade.


Trata-se de uma operação orquestrada entre pesquisadores do mundo que buscam respostas a problemas às vezes ainda não compreendidos pela sociedade em geral. 

As mudanças climáticas globais e a pandemia de covid-19 são dois exemplos atuais de problemas do cotidiano cuja compreensão dependeu do conhecimento gerado por gerações de pesquisadores.

Ambos têm impacto em todas as atividades econômicas e sociais relevantes à nossa sobrevivência e às futuras gerações, assim como grande esforço de comunicação e acordos entre governantes. 


Os desafios para o futuro da sociedade local, nacional e mundial são imensos e complexos. São necessários muitos cérebros pensantes e dedicados a refletir soluções, fazer descobertas, criar inovação e tecnologia não antecipadas. 


Tanto o futuro próximo (2050) como o mais distante (mais de 100 anos adiante) demandam criatividade e ações coletivas. Mais do que nunca precisamos:

  • do “Homo sapiens curiosus” e, 
  • “Homo sapiens criativus” (e não do “Homo sapiens poderosus”,
  • ou ainda “Homo sapiens totalitarius”) para investigar questões básicas que resultam em avanço do conhecimento para uma subsequente solução criativa, claramente o papel da inovação numa sociedade.

O lema que “Ciência é investimento” deve ressoar como o som delicioso dos pássaros ao amanhecer ou ainda as ondas do mar numa praia limpa. Muitas controvérsias quanto ao futuro da Ciência, que inclusive embasam atitudes negacionistas para a obtenção do controle sobre diversas dimensões da sociedade, são realidade ao redor do mundo.

É interessante notar que a Ciência, a Tecnologia, a Filosofia, a Religião e as Artes são desdobramentos da criatividade humana que moveram a sociedade ao longo dos tempos.


Marcos históricos nesse processo são:

  • a agricultura e, 
  • a domesticação dos animais,
  • o desenvolvimento de vacinas,
  • a engenharia para o saneamento básico,
  • a qualidade da água, do ar e do ambiente e,
  • as ações para o bem-estar e saúde do ser humano. 

O conceito Saúde Global é intrinsecamente associado à qualidade de vida local.

“Os desafios para o futuro da sociedade local, nacional e mundial são imensos e complexos. São necessários muitos cérebros pensantes e dedicados a refletir soluções, fazer descobertas, criar inovação e tecnologias não antecipadas.”


Nesse contexto, todo projeto de pesquisa é uma oportunidade de descoberta e sua avaliação criteriosa e justa é um valor a ser preservado no processo de financiamento a pesquisa em qualquer país.

Misturar o processo de avaliação científica com interesses políticos e individuais é um grande risco para a saúde do sistema de pesquisa.

Existem vários exemplos através dos séculos em que interesses individuais ou corporativos tiveram impacto substantivo em conter a compreensão dos fenômenos naturais.


Nos últimos 50 anos além da revolução (e transição sem volta!) para um mundo digital, virtual, robótico, vimos uma revolução semelhante ocorrer na área da ciência que estuda da vida. A pandemia da covid-19 escancarou quão frágeis somos diante de um vírus. 


Por ocasião da celebração das descobertas de Louis Pasteur no Rio de Janeiro (1995), o Prêmio Nobel Joshua Ledeberg afirmou:

  • que ainda não tínhamos o conhecimento suficiente para proteger a humanidade, os animais e,
  • as plantas de infecções virais. 

Esse receio expresso pelo pesquisador ainda é válido hoje, mesmo com os muitos avanços das últimas décadas.


Por outro lado, saber que a doença covid-19 é causada por um vírus, e que diferente de doenças causadas pelas bactérias, não adianta tomar antibiótico, foi importante para identificar o tamanho do problema que enfrentamos. A única solução é uma vacina!


Mas para entender a covid-19 foi necessário ter conhecimento do que é um vírus. Do mesmo modo, o projeto de sequenciamento do genoma humano encerrado no início dos anos 2000 reitera a noção que a vida evolui de ancestrais comuns e que todos temos um pouco de bactéria dentro de nós.


Fazemos parte da linhagem dos eucariotos mas também somos em grande parte o que comemos, e por isso o esforço para o ODS 2, que é Fome Zero:

  • é um pilar central,
  • assim como a erradicação da pobreza (que é o ODS 1).

Além do sequenciamento do genoma humano, muitos outros genomas foram produzidos de diversos organismos como: 

  • bactérias, fungos, animais, plantas e vários parasitas e,
  • patógenos, entre outros. 

Todos esses genomas abriram oportunidades tecnológicas juntamente com várias descobertas feitas ao longo do século passado, permitindo que processos biotecnológicos pudessem ser aprimorados. A biotecnologia tem seu berço na antiguidade, quando aprendemos a fazer pão e vinho.


Hoje a biotecnologia alcança um potencial extraordinário com as descobertas recentes. Por exemplo: 

  • que o RNA é informacional e,
  • pode ser usado para a produção de vacinas ou
  • melhorar características genéticas sem a necessidade de modificação direta dos genomas dos organismos.


Interessante notar que uma das grandes mudanças recentes veio de estudos sobre a infecção viral em bactérias. As bactérias também ficam “resfriadas” e desenvolveram um conjunto de ferramentas para se protegerem das infecções virais.

As cientistas recém-premiadas (2021) pela Nobel Foundation:

  • Jennifer Doudna e,
  • Emmanuelle Charpentier,

desvendaram o mecanismo de defesa denominado CRISPR-Cas que está sendo “domesticado” para usos diversos visando, por exemplo, a correção de doenças genéticas em humanos ou a melhora da produção de plantas em condições extremas.


Outro exemplo marcante, é o Prêmio Nobel da Paz em 2007 para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e Al Gore, que realizaram uma síntese de diversos trabalhos publicados sobre as mudanças climáticas globais e sua origem antropogênica.


No mesmo relatório, definem recomendações gerais para a sua contenção. Hoje vemos um esforço da comunidade científica em gerar relatórios de síntese sobre temas diversos na área de Ciências Biológicas e suas interfaces para a saúde, ambiente, biodiversidade, crise energética, o valor da bioenergia e a sustentabilidade macroeconômica.


Portanto: 

“A atividade de pesquisa científica robusta é considerada um dos pilares para a independência de uma nação.”


Desse modo, polêmicas incompreensíveis são vividas de modo recorrente no mundo atual, por exemplo:

  • o uso, consumo e os benefícios de organismos geneticamente modificados,
  • para a produção de alimentos ou medicamentos, também,
  • a importância inestimável da aplicação de vacinas para a sobrevivência de crianças ao redor do mundo livres de várias doenças.

Como esclarecer a relevância sem esbarrar em conceitos tão arraigados na sociedade seja pela mídia superficial, interesses políticos, cultura ou religião?


Roberto Costa Ferreira, 12 de abril 2024.

PROFESSOR-PSICANALISTA- PESQUISADOR

UNIFESP-Universidade Federal São Paulo

HILASA - Instituto História, Letras e Artes

SANTO AMARO - SÃO PAULO /SP.