O ataque ao semanário desperta o
debate sobre a liberdade de expressão. Quatro cartunistas reconhecidos
mundialmente estão entre as vítimas do massacre que também deixou 11 feridos.
Eles sofriam ameaças de morte devido a charges que satirizavam Maomé e o Islã.
Segundo a polícia, europeus jihadistas são os autores do
massacre.
Jihad, em árabe:جهاد; é um conceito essencial da religião islâmica e significa
"empenho", "esforço". Pode ser entendida como uma luta,
mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao contrário
do que muitos pensam jihad não significa “Guerra Santa”,
nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média, ao exemplo: Cruzadas, por mimetismo com o contacto
com um Islão que, durante 500 anos antes destas, invadira metade do mundo
cristão. Aquele que segue a Jihad
é conhecido como Mujahid.
A explicação quanto as duas formas de Jihad não está presente no Alcorão, mas sim nos ditos de Maomé:
·
Uma,
a "Jihad Maior", é descrita como uma luta do indivíduo consigo
mesmo, pelo domínio da alma; e a outra:
·
a
"Jihad Menor", é descrita como um esforço que os muçulmanos
fazem para levar a teoria do Islã a outras pessoas.
Pois bem, voltando ao raciocínio,
longos 5 minutos para o crime que chocou o mundo! Dois homens de preto
encapuzados mostraram eficácia militar, descarregaram friamente contra alguns
dos famosos nomes do cartum francês. Um carro patrulha ainda atendeu ao chamado,
mas não resistiu às metralhadoras automáticas. Mataram, bateram em retirada e bradando
vingança por Maomé!
O ato criminoso de violência – atentado – deixou um saldo de doze
(12) mortes, onze (11) feridos, quatro
(4) em estado crítico. Horas depois as pistas reforçavam uma suspeita: europeus
jihadistas por detrás do massacre! O terror sem senso de humor não venceu à
solidariedade! Os franceses, ao invés de se recolherem ao medo, foram para as
ruas... Cem (100) mil por todo o pais!
Esse ataque terrível foi motivado
pela política, não pela religião. Temos que compreender o contexto dessas
ações. Tais não surgiram do nada... O contexto é político, um contexto onde
reside muita violência no mundo muçulmano, principalmente nos últimos 15 anos.
Há muito desafeto e alienação das minorias muçulmanas no Ocidente. Se não entendermos de onde vem tudo isso,
acabamos dizendo que as diferenças culturais explicam tudo. Desta forma não
estaríamos fazendo as perguntas certas e coisas assim continuarão acontecendo.
O protesto na França e no mundo, pós-ataque,
volta-se contra o obscurantismo de
extremistas religiosos que se julgam no direito de matar quem insiste:
·
no direito
de liberdade de expressão,
·
no direito de crítica, de ironia e sátira.
Neste aspecto, Charlie Hebdo era eclético, debochava
de tudo e de todos, sem poupar religiões. Católicos, judeus, muçulmanos eram
sempre o alvo principal desses jornalistas que, ora mortos, tinham a tradição
de anticlericais, ou seja, pessoas profundamente laicas, e, em sua maioria,
ateias. Essa paisagem não seria a mesma se eles não fizessem parte dela.
Tem gente que considera
importante o trabalho jornalístico ser feito de outra forma, tem gente que
considera, sem dúvida, que às vezes, esses jornalistas exageravam. Mas acredito
que esses mesmos jornalistas e cidadãos franceses apreciavam a ideia de se “ir
um pouco mais além!” Era o expressar-se da alma francesa, de parte de muitos
franceses. E quem sabe, reside pretensão nesta afirmação:
“Morreram os possíveis herdeiros de Voltaire,
em uma época de ouro da sátira política na França, que transcende para o mundo
humano”!
Recentemente, o professor de
relações internacionais Fernando
Brancoli - PUC/RJ, durante entrevista no curso destes eventos, declinando
que...
“existem uma série de movimentos no Líbano
que usam a expressão “Não em meu nome”, criando até o hashtag: #not in may name, argumentando que as
ações do estado islâmico não são ações que dizem respeito a todos os muçulmanos
e que, em sua maioria, inclusive os islâmicos, não são a favor desse tipo de
comportamento e ação, mas, obviamente, ficamos sabendo dos mais radicais que
chamam mais atenção e cometem este tipo de barbárie”!
Pois bem, então indago: E quanto
aos terroristas, o que querem? O que os terroristas querem é provocar uma
reação... Querem evidenciar esse suposto choque entre civilizações. Querem
mostrar que os ideais de Tolerância
do Ocidente são superficiais, que eles podem fazer com que todo o aparato de
segurança do Ocidente seja reforçado e mostrar como o Ocidente odeia o Islã.
O ataque ao semanário francês Charlie Hebdo, entendo, desperta ainda o debate sobre
liberdade de expressão e, até que ponto se deve evitar a publicação de artigos
e ilustrações que ofendam a fé religiosa de eleitores! Porque atacar um jornal
que simplesmente faz charges satíricas, etc.?
Assim, entramos num outro tema
clássico que é essa tensão entre a ideia segundo a qual nós vivemos da
sacralidade da liberdade de expressão e as coisas que outras sociedades, outras
culturas enxergam como sagrado! Então aqui, evidentemente, há um
desencontro... Entre o que para nós
pareceria de mau gosto, ao exemplo, se agora realizasse uma peça de humor sobre
esse ataque, isto seria visto ou lido “de muito mau gosto” e com muita razão.
No mundo árabe muçulmano algumas
coisas são vistas “como de mau gosto” e para nós são vistas como normais.
Portanto, as charges contra o profeta Maomé entram nesta categoria. É certo que
há algo a se investigar! É certo ainda que nada justifique um ataque deste,
esta tamanha violência...
Não há cartunista, jornalista que
mereça este tipo de violência, portanto isto está dado de pronto, mas, acho que
existe a necessidade de uma reflexão aqui no Ocidente em relação à questão
“liberdade de expressão e a relação com o Islã” que é descobrirmos o momento
que passamos da “mera sátira” para a “mensagem de ódio”, porque creio que,
talvez, o Charlie Hebdo tenha ultrapassado essa fronteira, em algum momento,
porem, com isto não quer dizer que “merecia ser atacado” nem que ele ”deveria ser atacado”. Mas é certo que nós
precisamos fazer esta reflexão sobre quando nós passamos da mera sátira à
mensagem do ódio, a participar de “uma onda de islamofobia”. Muito
cuidado!
Alguns estudiosos têm debatido,
definindo o envolvimento de causas e características como a um tipo de racismo.
Outros comentaristas tem postulado um aumento da islamofobia resultante dos ataques ocorridos em 11 de Setembro,
enquanto outros ainda, tem associado o aumento devido a presença de muçulmanos
em nações seculares.
É algo para muito se pensar, refletir... E Normalmente as
reflexões são efetuadas por pessoas que "pensam",
"questionam" o que as rodeia. A reflexão psicológica é muitas vezes
utilizada na Filosofia. Refletir é pensar, abordar um tema, que nos intriga,
por vezes... Como e elencado!
Roberto
Costa Ferreira, Jan2015.
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