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sábado, 7 de novembro de 2015

I - “greenwashing” e o caso SAMARCO - Qual é o custo de manter uma empresa sustentável?



Senhores,

Em 06 de Novembro de 2012 às 15:55, tendo em vista o comentário formulado pelo colega Jeocaz Araújo, via Linkedin, momento que se refere ao chamado “greenwashing”, e também formulou o questionamento: Por que ser uma empresa sustentável custa caro? Motivei-me a reeditar tal texto por mim antes elaborado, com as inserções que entendo oportunas, mesmo porque, em um vídeo publicado no perfil da SAMARCO no Facebook na noite desta quinta-feira passada, 05/11/2015, o diretor-presidente da empresa, Ricardo Vescovi, disse que duas barragens romperam-se na unidade industrial de Germano, localizada entre os distritos de Mariana e Ouro Preto, a cerca de 100 km da capital Belo Horizonte.

Em nota divulgada pela empresa no fim da tarde, a informação era de que apenas a barragem de Fundão havia desabado. No comunicado, publicado por volta das 23h00min, o Sr. Vescovi explica que a barragem de Santarém também rompeu. Tal acidente destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, que dista cerca de 430 km de Ponta UBU – Ilha Anchieta – ES, a Estação de Bombas VII (EB-07) do empreendimento SAMARCO MINERAÇÂO S.A. que tem a Vale como acionista.
Este local de processamento do material extraído daquele primeiro local, após percorrer tal distância, 430 km via canal subterrâneo, por sistema que compreende a atividade de bombeamento da polpa de concentrado de minério de ferro proveniente da planta de mineração do local significativamente afetado, em Mariana-MG, transportado por mineroduto até o terminal de Ponta de Ubu, distrito de Anchieta-ES, reúne no projeto e em atividade a unidade intermediária de bombeamento, onde se aplica a impulsão da polpa de forma a alcançar as altitudes da Serra do Caparaó, onde se atravessa o mineroduto.

É oportuno considerar que o Operacional Proposto e Praticado, o Mineroduto III que passa pela EB-07 segue a mesma rota dos minerodutos existentes, utilizando a mesma faixa de servidão. A EB-07, bem como a EB-06, Estações de Válvulas ( EV-05 e EV-06), Estações de Monitorização de Pressão (PMS) e a Estação Terminal são instaladas próximo às estações existentes. Assim, segue-se o esquema de transporte entre as usinas da unidade de Germano em Mariana-MG e as usinas de pelotização em Ponta de Ubu-ES. Conheço do processo e das plantas, bem como dos propostos estudos para Confiabilidade dos Sistemas, Manutenção Centrada em Confiabilidade, Aspectos de Sustentabilidade e Administração do Risco Industrial, os quais restaram postergados à época.

Engenheiros agrônomos e ambientais são os responsáveis técnicos pela elaboração dos estudos de viabilidade, implantação e execução dos estudos do PCA/RCA, sendo certo que o empreendimento, em quase totalidade, está localizado em zona rural, estando o empreendedor obrigado a proceder à averbação da reserva legal. Na ocasião das vistorias, 2011, foi constatada a inexistência de supressão e ou intervenção em área de preservação permanente, e ou Bioma Mata Atlântica, porém foi verificada a necessidade de intervenção de 04 indivíduos arbóreos isolados e demais providencias.

Da oportunidade, 06 de Novembro de 2012, destaco que Jeoacaz Rodrigues Araújo assim comentou:
As informações citadas pelos colegas estão realmente alinhadas com o tema. No entanto não podemos nos esquecer que “Sustentabilidade” tem haver com Desenvolver-se de forma ambientalmente correta, socialmente justa e Economicamente viável. Quando uma das pontas tornam-se nosso foco principal, ou seja resultados financeiros acima de tudo, encontramos o que temos hoje em muitas realidades empresariais, o chamado “greenwashing”. Onde muitas empresas começam a utilizar o tema ambiental, cultural ou social, apenas como forma de maximizar os lucros e não com uma visão integrada de que devemos nos desenvolver sem comprometer as futuras gerações de se desenvolverem também. Então, o tema “caro ou de alto custo” soa alto nos ouvidos dos tomadores de decisão que possuem uma visão limitada e estão acostumados a retornos financeiros a curto prazo. Pois assim foram treinados e assim tendem a se manter. Mas acredito que as coisas vem mudando e o simples fato de estarmos aqui compartilhando estas informações, já demonstra as possibilidades de mudança de pensamento”.
E também, ainda acrescento o pensar de Celso João Zendron, na mesma tratativa no Linkedin, indagando e alongando-se:
Qual é o custo de manter uma empresa sustentável? Atender integralmente os requisitos dos clientes, cumprindo com todas as “promessas” realizadas:
·       Pagar impostos em dia e corretamente;
·    Utilizar matérias primas de procedência conhecida, extraídas de forma correta da natureza e cuidar da sua disposição, tanto dos resíduos gerados como do produto ao final do ciclo de vida;
·   Zelar pelo bem estar e saúde dos trabalhadores e de seus dependentes de forma responsável;
·      Cuidar da segurança dos trabalhadores com ações preventivas, garantindo assim a sua integridade física;
·         Reduzir os impactos ambientais e tomar ações para reparar eventuais danos ao meio ambiente;
·     Promover ações para assegurar a convivência pacífica com a comunidade no entorno da organização, bem como conceder benefícios dentro das possibilidades da organização que vão desde a promoção do desenvolvimento com a criação de escolas e outros benefícios, bem como, simplesmente,
·    Dando prioridade de empregos aos moradores do entorno da organização”.
Assim, sob tais considerações no destaque, é oportuno iterar que tal recurso de marketing, lá no começo da matéria elencada “greenwashing” – ecobranqueamento – reveste-se de pecados muito comuns alimentados por administradores/gestores, limitados nos seus conhecimentos ou submissos “as suas conveniências” e condicionados a tal, praticados até mesmo em grandes corporações que menosprezam o conhecimento público e até governamental de práticas desafinadas com a certeira tendência de prevalência dos  desenvolvimentos dos conceitos modernos e de metodologias adequadas de Engenharia Industrial, quer de Sustentabilidade, de Confiabilidade, fazendo-se passar por afinados ao entendimento e, por vezes, submissos aos planos e interesses do investidor.

Então, no caminho pecaminoso, à margem do evento que ora observamos e já sabíamos das consequências, residem os malefícios convenientemente esquecidos como o exemplo da Eletrônica Eficiente Energeticamente, mas que contém materiais prejudiciais. Ainda, seguem-se outros pecados:
   · Da falta de provas, como ocorrem com os xampus clamando serem organicamente certificados, mas sem certificação verificável;
·  Pecado da promessa vaga, ao exemplo dos produtos que publicam serem 100% naturais, quando muitas substâncias de ocorrência natural são prejudiciais à saúde, como o arsênio e o formaldeído;
·   O pecado da irrelevância, ao exemplo dos produtos que noticiam serem livres de CFC, apesar destes químicos já terem sido banidos há vinte anos;
· Pecado da mentira, embutidos nos produtos que divulgam falsamente serem certificados por um padrão ambiental ambientalmente reconhecido (EcoLogo, Energy Star, etc.) e, mais pesadamente,
·  O pecado dos dois demônios, ou seja, exemplo dos cigarros orgânicos ou pesticidas ambientalmente amigáveis. 
Senhores, realmente, o custo é bem alto... Ou tudo isso é obrigação? Portanto, é tempo e conveniente que se identifiquem, isolem, denunciem  pessoas, ditos profissionais, empresas e organizações que atuam nestas dimensões de entendimento, sendo certo que, embora ainda ocorra,  tal tempo já se finda e que pretendendo “sobreviverem”, tal convivência é finita. Certamente não proliferarão mediante tais linhas de ação.

O evento SAMARCO que já soma mais de 500 pessoas desalojadas, com número incerto de mortos e desaparecidos, envolvendo a mobilização do governo procurando dar uma resposta à sociedade, que agora vem revestido de justificativas traiçoeiras à pretexto de “abalos sísmicos regionais”  e que se houveram, restaram promovidos pelas enormes movimentações de grandes áreas de terras a pretexto de extração do minério, por mais que se faça, se desembolse e se ressarça, mesmo à frente do direito ambiental,  resultarão em valores ínfimos frente ao necessário e devido investimento para administração do risco, cobertura da apólice do seguro, programas de manutenção e prevenção, planos emergenciais que restaram desconsiderados, sequer mitigados, no devido e oportuno tempo. É de se sentar e chorar, diante das cenas de devastação!  


Roberto Costa Ferreira, 07Nov2015.






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