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quarta-feira, 6 de julho de 2016

VELHÃO - Que comemorou seu aniversário n'O Velhão


O nome “O Velhão” e “As Véia” faz referência ao casal fundador de todo o complexo -
Moacyr e Iracema
 – esta, atualmente, mantendo-se administradora de todo o complexo.

Mesa em um dos ambientes d'O Velhão, momento que o aniversariante Sergio que se encontra
ladeado por Bia, à esquerda e eu, Roberto, seguindo pelo casal Dalmo e Mary, minha irmã e
Isabel,  minha esposa.
Fico a imaginar se o Sr. Moacyr, aquele que se fez engenheiro e que morando em município vizinho de São Paulo, que vendeu seu terreno, sua única área onde residia com a mulher e filhos para investir naquilo que acreditava, pois precisava de área maior, comprando então quatro terrenos, imaginava reunir nos dias atuais tanta gente impressionada, e que nas noites de jantar ou mesmo nos fins de semana, com a música, cantam e dançam vivendo intensamente aqueles cenários... Prosseguiu bem... Vendeu um e comprou quatro!

Entre 1977/1978, depois de muito protesto familiar, e imagino quantos, deu início ao complexo com a compra de um lote de 3.000m2 e, a construção de um casarão e uma oficina. Isto tudo no meio do nada, pois, à época, a estrada de Santa Inês, mal asfaltada, era a precária ligação entre Mairiporã e São Paulo de então, em cujo número 3000 nem se sonhava contar.

Perseverante, foi adquirindo mais lotes, expandindo seu acervo e ali, naquele reduto, Moacyr Archanjo dos Santos construiu um sonho... Hoje um conjunto arquitetônico que se ergue na estrada de Santa Inês, no coração da Serra da Cantareira, momento de uma pequena vila com Marcenaria, Serralheria, Restaurante, Lojas, cercadas de verde, onde as construções são todas executadas em material de demolição reciclado, num estilo que quase lembra cidadelas nos primórdios de formação!

E proporcionou mais! A escola que educa hoje cerca de 208 crianças entre 3 e 10 anos – do pré ao ensino fundamental – e que, anualmente, promove a “Festa do Dia das Crianças”, diplomada pelo MEC, resultou do reconhecimento das dificuldades da comunidade em razão da Educação, momento que os fundadores d’O Velhão, além de fornecerem o terreno, construíram a Escola Municipal Moacir Archanjo dos Santos.

Moacyr Archanjo dos Santos, que atualmente sob o CEP 07600-000 no distrito de Mairiporã leva o nome de Rua Engenheiro Moacyr Archanjo dos Santos, era prudentino, pois que, nascido em Presidente Prudente, interior de São Paulo onde permaneceu durante a infância. Logo aos 15 anos já trabalhava em uma empresa de ônibus para ajudar a ampliar a renda de sua família. Em 1960, a empresa na qual trabalhava o transferiu para o centro de são Paulo, onde nem a corredia do dia a dia e o trabalho intenso o afastaram de sua paixão: a arte presente na arquitetura de são Paulo e o contraste de seu aguçado olhar!

Do tempo livre que possuía, e até mesmo no transitar de ida e volta para casa, visitava ou observava os casarões antigos, as igrejas, os monumentos da cidade e as linhas de bonde que ainda existiam no inicio dos anos 60. Neste mesmo período, iniciou seu acervo, visto que, nessas muitas andanças pela cidade, adquiria, quando não conseguia abandonados aqui ou ali peças de demolição que julgava ser “material artístico” , transferindo toda “aquela velharia”, no entender de muitos, para o seu reduto.

No trabalho, Moacyr conheceu Iracema Rodrigues, cujo complemento de amor o fortaleceu e com quem se casou. Nascida no bairro bem próximo na Zona Norte, Tremembé, em 2 de Março de 1943, de família humilde e infância pobre o seu sonho era ter uma boneca para brincar... Nunca teve esse privilégio! Servia-se de vestimentas doadas pela igreja, sempre usadas, onde sua avó trabalhava como serviçal de lavar roupas e passar.

Devido à sua dedicação aos estudos e manifestado interesse ganhou uma bolsa de estudos, situação que lhe permitiu continuar seus estudos em colégio particular. E sua classe social era um fator determinante para o sofrimento com a discriminação que largamente sofreu, embora, tendo como base de apoio e estimulo um conselho proporcionado por sua mãe, que portava dentro de si: “Você só irá vencer na vida com muito trabalho e dedicação aos estudos”.

Vivendo durante 33 anos e tendo neste enlace com Moacyr netos e três filhos: Ubirajara, Ubiratã e Eliane. Ele sempre esteve ladeado por sua esposa e atual proprietária ‘IRACEMA Rodrigues Archanjo dos Santos’, a peça fundamental para o atual funcionamento e continuidade de “O Velhão”. Moacyr veio a falecer em 2001, contando aproximados 57 anos.

Então, a Sra. Iracema obstinadamente, foi capacitando jovens aprendizes da comunidade local para as oficinas de marcenaria e serralheria. Por conta disso, construiu uma cozinha para uso exclusivo dos funcionários. Com o descobrimento desta cozinha começaram a surgir clientes e, ao perceber o interesse que havia surgido, resolveu-se transformar a cozinha num legítimo restaurante, expandindo-se magnificamente, denominado de “As Véia”.

O nome “O Velhão” e “As Véia” faz referência ao casal fundador de todo o complexo - Moacyr e Iracema – esta, atualmente, mantendo-se administradora de todo o complexo. Refere com orgulho que:
“Somos uma loja de materiais de demolição. restauramos, remodelamos, confeccionamos portas de entrada, janelas, portas balcão, mobiliário, assoalhos a partir de madeiras nobres como Pinho de Riga, além de temos um grande acervo em material de demolição vindo de casas, casarões, galpões, fragmentos de cimento, vasos, banheiras antigas em ferro fundido com pezinhos, tijolos antigos, dormentes, cruzetas, mão francesas, escadas etc.”. E que, “na serralheria, temos a feitura de portas, portões, gazebos, suportes, grades com rebites, encaixes e ornamentos feitos na forja, como no início do século passado: SEM SOLDAS”!

A comida, no local, apresenta-se criteriosamente preparada à moda caseira de fazenda, em self-service e, além da variedade de caldos, seleto na frequência de ambiente familiar. Lá estive com esposa, irmã e cunhado, irmão aniversariante, e este era o motivo, e cunhada, ocasião de muita dança e música ambiente, digna e profissionalmente executada através Blues Band Signori & Truffatori, que no conjunto de três personagens apresentam-se como a uma orquestra, tal o resultado que conquistam com suas performances:
  • na voz e guitarra de Michele Naglieri,
  • com bateria de Thiago Bustamante e,
  • baixo magnífico de Daniel Tedesco.

Fantásticos... Aliás, tudo e todos fantásticos em noite de comemoração de aniversário!


Roberto Costa Ferreira, 6Jul2016.






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