O que te
dizer, num momento que atinges o 38º degrau nos anos de sua existência? Tudo é
elevação... Tudo é perfeição... Tudo é possível... Tudo se pode dizer..., mas,
o adequado, o que está em perfeita conformidade com o apropriado ou conveniente,
quando dizer? Do ponto de vista da Psicologia das habilidades sociais na
Infância, SIM, SIM; NÃO, NÃO! Frequentemente as pessoas concordam, isto é,
dizem SIM para os outros, mesmo quando estão com vontade de dizer NÃO. Também
há ocasiões em que eu digo NÃO, quando na verdade deveria dizer SIM!
Do ponto de
vista Teológico sistemático parece adequado dizer o SIM, quando é realizado da
forma correta, com a certeza do dito, situação que, com certeza, também traz
algum benefício espiritual. Assim, do livro de Raul Paiva – Cantar e
Celebrar – e que também vem na música Gospel de cunho religioso da Ir.
Míria Therezinha Kolling – também no Livro de Cantigas Marianas, vol. 1
– Um Canto Novo – me vem à lembrança da recomendação de que “...
devemos festejar tempo de vida”. E hoje estou muito propenso a
dizer-te um SIM, pois que estou festejando tal tempo!
Desse modo, tomo-te
pelas mãos não como a um pai, mas, como a um amigo que precisa de alguém para
conversar e passear... Trazê-lo para perto, próximo ao coração, circunstanciado pelo meu tempo de vida nessa
existência, e dizer-te que, nesta oportunidade destaquei do livro referido dois
instantes preciosos dentre as resenhas nele expostas, as quais preciso te
dizer:
“1. É bom estarmos juntos/à mesa do
Senhor. / E unidos na alegria, / partir o Pão do Amor:
Na vida caminha/ quem come deste Pão.
/ Não anda sozinho / quem vive em comunhão.
2. Embora sendo muitos, / é um o nosso
Deus. / Com Ele, vamos juntos / seguindo os passos seus.
3. Formamos a Igreja, / o Corpo do
Senhor; / que em nós o mundo veja / a luz do seu amor.
4. Foi Deus quem deu outrora, / ao povo
o pão do céu; / porém, nos dá agora / o próprio Filho seu.
5. Será bem mais profundo / o encontro,
a comunhão, / se formos para o mundo / sinal de salvação.
6. A nossa Eucaristia / ajude a
sustentar / quem quer no dia-a-dia / o amor testemunhar”.
Amparei-me
também na Cecília Vaz Castilho, mestra em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social pela Universidade do Rio de Janeiro – Ir.
Cecília Vaz Castilho – que do mesmo livro do Raul nos traz a lição: “É
PRECISO QUE O MUNDO ENVELHEÇA”:
“1. É preciso que o mundo envelheça /
pra como criança a vida brotar. /É preciso mudar os caminhos, / pra que as
coisas não voltem pro mesmo lugar.
“A esperança é o fermento do mundo, /
que é pão e a todos deve alimentar! / Nós queremos que ele se torne, / o corpo
de Deus num só altar!”
2. É preciso que a gente entenda: / o
tempo é passagem, não volta jamais. / É preciso cortar as raízes / ir sabendo
que nada é certo demais.
3. É preciso saber que a verdade / não
anda tranquila, / não tem mais poder. / É preciso abrir bem os olhos / para
vê-la sofrendo porque quer ver.
4. É preciso voltar ao princípio: /
viver é tão simples, feliz é quem crê. / É preciso buscar a alegria nestas
coisas pequenas / que o mundo não vê.
5. É preciso quebrar as barreiras, / que impedem a
vida de desabrochar. / É preciso, com olhos humildes, / ver que tudo é areia,
só Deus é o mar!”
Ainda, não me
desmentindo, pois que, falei em “dois instantes preciosos” e bem agora me
ocorreu um derradeiro momento deste tempo, o terceiro, portanto, vindo destacar
Drumond! O velho poeta que ele é e como se ele, nesse poema, estivesse
organizando sua memória. Não para se lembrar nostalgicamente de nada, mas, para
atualizar uma experiência que era o seu passado e continua no seu presente,
podendo ser reflexo no nosso... Essa procura, é a procura de um menino que está
na infância, época de grandes descobertas, grandes aventuras, o conhecimento do
mundo e que continua a ser a procura do velho que,
como um lírico, procura o significado da palavra “procurar” ...
Como a um ato
de buscar por alguma coisa, tentar encontrar, embora não tenha tanta certeza do
que busca, não sendo isto, nem aquilo e, portanto, não pode responder porque
não sabe o que procura e por tal é chamado de bobo, vivendo olhando nos espaços
vazios, afirmando não se dar bem com o que o mundo lhe oferece. Reúne em si uma
única certeza: “... que um dia irá descobrir”! E nessa
oportunidade, não poderá rir de ninguém nem mostrar seu achado, a coisa que
busca, haverá de ser invisível para todos, menos para consigo mesmo. E isso
lhe satisfaz!
Então é assim: “Procurar o que?
É outra coisa.
Se me perguntam que coisa é essa, não respondo,
Porque não é da conta de ninguém o que estou
procurando.
Mesmo que quisesse responder, eu não podia. Não sei o
que procuro.
Deve ser por isso mesmo que procuro.
Me chamam de bobo porque vivo olhando aqui e ali, nos
ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeira, nas gretas do
muro, nos espaços vazios.
Até agora não encontrei nada. Ou, encontrei coisas que
não eram a coisa procurada sem saber, e desejada.
Meu irmão diz que não tenho mesmo jeito, porque não
sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na manja, e procuro
inventar um prazer que ninguém sentiu ainda.
Ele tem experiência de mato e de cidade, sabe explorar
os mundos, as horas. Eu tropeço no possível, e não desisto de fazer a descoberta
do que tem dentro da casca do impossível.
Um dia descubro. Vai ser fácil, existente, de pegar na
mão e sentir. Não sei o que é. Não imagino forma, cor, tamanho. Nesse dia vou
rir de todos.
Ou não. A coisa que me espera, não poderei mostrar a
ninguém. Há de ser invisível para todo mundo, menos para mim, que de tanto
procurar fiquei com merecimento de achar e direito de esconder”.
Carlos
Drummond de Andrade
Diego, que significativa
oportunidade me deste para tal necessária conversa... E isto me bastou! Tenho
claro que, no momento que desapertamos as mãos, encontro as solidas razões para
a minha existência, “com merecimento de achar e direito de esconder”. Só
que não... Vou gritar o quanto puder acerca deste meu achado: você! Afinal, não
é a qualquer momento que tenho tanto privilégio!
Saudações e parabéns, inclusive
nesta data tão lembrada e querida.
Roberto Costa Ferreira,
29 de Maio de 2020.