De acordo com a Instrução Geral do Missal Romano (p. 102), temos que:
“Através do ciclo anual, a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, da encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor”.
De todo o rico e belo elenco de celebrações e dias solenes, destacam-se aqueles que significam de forma mais intensa, os dias decisivos da vida do Senhor. No coração da liturgia da Igreja, está o Tríduo Pascal, que por sua vez, está inserido dentro daquela semana que é chamada de Santa.
Após os cinco domingos da Quaresma, iniciamos a Semana Santa com a entrada de Jesus em Jerusalém – o Domingo de Ramos.
Nesta data, com ramos, procissões e meditando a narrativa da paixão, os fiéis contemplam o Senhor que entra em Jerusalém, cidade que mata profetas. Nos dias que seguem, de segunda a quarta, a Igreja medita os dias e horas finais de Jesus, antes de sua prisão.
Na quinta de manhã, tradicionalmente muitas dioceses celebram a missa dos Santos Óleos, ocasião em que o bispo abençoa os óleos do batismo e dos enfermos e consagra o óleo do crisma, que serão usados nos diversos sacramentos da Igreja.
Também nessa mesma missa, os presbíteros (padres), diante do bispo, renovam suas promessas sacerdotais. Essa celebração também é conhecida como missa da unidade, pois, além do exposto acima, o bispo, pastor por excelência da diocese, está reunido com presbíteros, diáconos e todo o povo de Deus.
Em algumas dioceses, esta missa é celebrada alguns dias antes, para possibilitar melhor participação do clero e dos fiéis.
Na hora mais oportuna da tarde de Quinta feira Santa, a comunidade se reúne para celebrar a missa da Ceia do Senhor e Lava Pés. É com esta celebração que se abre o solene Tríduo Pascal. Nesta celebração, destacam-se a instituição da Eucaristia:
• (Isto é o meu corpo! Isto é o meu sangue!),
• instituição do ministério presbiteral (Fazei isto em memória de mim!) e,
• a instituição do mandamento do serviço aos irmãos (lavai os pés uns dos outros!).
De modo especial, o rito do lava-pés, em que o ministro ordenado lava os pés de membros da comunidade (podem ser homens ou mulheres), representa, ritualmente, Cristo servidor de todos que nos ensina amar o próximo com gestos de serviço e de caridade fraterna.
A Festa de Corpus Christi surgiu no século XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258), que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra à Sagrada Eucaristia.
Originalmente, a Sagrada Eucaristia era a oração de ação de graças da Igreja primitiva e precedia a consagração do pão e do vinho. Posteriormente, a Palavra foi conferida a toda celebração da Santa Missa.
A Sagrada Eucaristia é o sacramento em que Jesus entrega o Seu Corpo e o Seu Sangue – Ele próprio, por nós, para que também nos entreguemos a Ele em amor e nos unamos a Ele na Sagrada Comunhão.
É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até o Seu regresso, confiando assim à Sua Igreja o memorial da Sua Morte e Ressurreição.
É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna.
A Festa de Corpus Christi é a celebração em que, solenemente, a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às ruas.
Como é o mais augusto, o mais santo de todos os sacramentos, é chamado o Santíssimo Sacramento, o Sacramento por excelência. Dá-se a ele também o nome de Eucaristia, palavra que vem do grego significando a graça por excelência.
O Santíssimo Sacramento é, pois, o bom Deus; é Jesus Cristo que está aqui, corporalmente presente em meio aos cristãos.
Nessa oportunidade, os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda vida cristã. Nela, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.
Aconteceu que, quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico:
• da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração.
Dizem que isso ocorreu, porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.
Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia São Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giácomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto.
Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou, diante da relíquia eucarística, as palavras: “Corpus Christi”.
Em 11 de agosto de 1264, o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, na qual prescreveu que, na quinta-feira, após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra ao Corpo do Senhor.
A bula papal é um documento expedido pela Chancelaria Apostólica que recebe o selo e assinatura do Papa, atestando sua autenticidade. Uma bula possuí diversos fins, variando conforme o seu conteúdo.
"Ó memorial nobilíssimo, a ser honrado do fundo do peito, firmemente ligado à alma, diligentemente resguardado no útero do coração e contemplado tanto na meditação quanto em atenta celebração!"
(Urbano IV, Bula Transiturus de mundo, 11 ago. 1264)
Em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège como festa diocesana, tornando-se uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica e, depois, no século XIV, em todo o mundo, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.
A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada, todos os anos, na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
Considere-se ainda, na Quinta-feira Santa inicia-se o 'Tríduo Pascal', onde celebra-se a instituição do Sacramento da Eucaristia, seguida da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Nesta data, a Igreja recorda a última ceia de Jesus, quando jantou com os seus apóstolos antes de ser crucificado e morto.
Lembremos que, a história na Bíblia conta ainda que a Quinta-feira Santa é marcada pelo episódio da prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani, seguido de sua subsequente crucificação. Em seguida, a Semana Santa celebra a paixão e a morte, ocasião em que os cristãos relembram os eventos dolorosos que culminaram na crucificação de Jesus.