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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Corpus Christi - Quinta feira Santa - A instituição da Eucaristia - O Bom Deus!

 

De acordo com a Instrução Geral do Missal Romano (p. 102), temos que:
“Através do ciclo anual, a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, da encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor”.

De todo o rico e belo elenco de celebrações e dias solenes, destacam-se aqueles que significam de forma mais intensa, os dias decisivos da vida do Senhor. No coração da liturgia da Igreja, está o Tríduo Pascal, que por sua vez, está inserido dentro daquela semana que é chamada de Santa.

Após os cinco domingos da Quaresma, iniciamos a Semana Santa com a entrada de Jesus em Jerusalémo Domingo de Ramos.
Nesta data, com ramos, procissões e meditando a narrativa da paixão, os fiéis contemplam o Senhor que entra em Jerusalém, cidade que mata profetas. Nos dias que seguem, de segunda a quarta, a Igreja medita os dias e horas finais de Jesus, antes de sua prisão.

Na quinta de manhã, tradicionalmente muitas dioceses celebram a missa dos Santos Óleos, ocasião em que o bispo abençoa os óleos do batismo e dos enfermos e consagra o óleo do crisma, que serão usados nos diversos sacramentos da Igreja.
Também nessa mesma missa, os presbíteros (padres), diante do bispo, renovam suas promessas sacerdotais. Essa celebração também é conhecida como missa da unidade, pois, além do exposto acima, o bispo, pastor por excelência da diocese, está reunido com presbíteros, diáconos e todo o povo de Deus.
Em algumas dioceses, esta missa é celebrada alguns dias antes, para possibilitar melhor participação do clero e dos fiéis.

Na hora mais oportuna da tarde de Quinta feira Santa, a comunidade se reúne para celebrar a missa da Ceia do Senhor e Lava Pés. É com esta celebração que se abre o solene Tríduo Pascal. Nesta celebração, destacam-se a instituição da Eucaristia:
          • (Isto é o meu corpo! Isto é o meu sangue!),
        • instituição do ministério presbiteral (Fazei isto em memória de mim!) e,

        • a instituição do mandamento do serviço aos irmãos (lavai os pés uns dos outros!).
De modo especial, o rito do lava-pés, em que o ministro ordenado lava os pés de membros da comunidade (podem ser homens ou mulheres), representa, ritualmente, Cristo servidor de todos que nos ensina amar o próximo com gestos de serviço e de caridade fraterna.

A Festa de Corpus Christi surgiu no século XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258), que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra à Sagrada Eucaristia.

Originalmente, a Sagrada Eucaristia era a oração de ação de graças da Igreja primitiva e precedia a consagração do pão e do vinho. Posteriormente, a Palavra foi conferida a toda celebração da Santa Missa.

A Sagrada Eucaristia é o sacramento em que Jesus entrega o Seu Corpo e o Seu Sangue – Ele próprio, por nós, para que também nos entreguemos a Ele em amor e nos unamos a Ele na Sagrada Comunhão.
É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até o Seu regresso, confiando assim à Sua Igreja o memorial da Sua Morte e Ressurreição.
É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna.

A Festa de Corpus Christi é a celebração em que, solenemente, a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às ruas.

Como é o mais augusto, o mais santo de todos os sacramentos, é chamado o Santíssimo Sacramento, o Sacramento por excelência. Dá-se a ele também o nome de Eucaristia, palavra que vem do grego significando a graça por excelência.

O Santíssimo Sacramento é, pois, o bom Deus; é Jesus Cristo que está aqui, corporalmente presente em meio aos cristãos.
Nessa oportunidade, os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda vida cristã. Nela, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.

Aconteceu que, quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico:
       • da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração.

Dizem que isso ocorreu, porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.


Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia São Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giácomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto.
Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou, diante da relíquia eucarística, as palavras: “Corpus Christi”.

Em 11 de agosto de 1264, o Papa aprovou a Bula Transiturus de mundo, na qual prescreveu que, na quinta-feira, após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra ao Corpo do Senhor.
A bula papal é um documento expedido pela Chancelaria Apostólica que recebe o selo e assinatura do Papa, atestando sua autenticidade. Uma bula possuí diversos fins, variando conforme o seu conteúdo.

"Ó memorial nobilíssimo, a ser honrado do fundo do peito, firmemente ligado à alma, diligentemente resguardado no útero do coração e contemplado tanto na meditação quanto em atenta celebração!" 

 (Urbano IV, Bula Transiturus de mundo, 11 ago. 1264)

Em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège como festa diocesana, tornando-se uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica e, depois, no século XIV, em todo o mundo, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.

A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada, todos os anos, na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.

Considere-se ainda, na Quinta-feira Santa inicia-se o 'Tríduo Pascal', onde celebra-se a instituição do Sacramento da Eucaristia, seguida da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Nesta data, a Igreja recorda a última ceia de Jesus, quando jantou com os seus apóstolos antes de ser crucificado e morto.

Lembremos que, a história na Bíblia conta ainda que a Quinta-feira Santa é marcada pelo episódio da prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani, seguido de sua subsequente crucificação. Em seguida, a Semana Santa celebra a paixão e a morte, ocasião em que os cristãos relembram os eventos dolorosos que culminaram na crucificação de Jesus.


Roberto  Costa  Ferreira, 30 maio 2024.
HILASA - Instituto História Letras Artes
São Paulo - Santo Amaro / SP.

domingo, 12 de maio de 2024

Mãe ... A mulher que se arrependeu de ter criado o Dia das Mães!

Anna Jarvis (1864-1948) Ativista social.

Dia das Mães é uma das maiores ocasiões comemorativas do ano em diversos países do mundo todo, mas definitivamente não começou como um feriado criado por fábricas de cartões e nem por uma floricultura. 

O Dia das Mães que comemoramos anualmente no 2ª domingo de maio existe, em grande parte, devido aos esforços incessantes – alguns podem dizer que é uma obstinação maníaca – de uma mulher chamada Anna Jarvis. Mas Jarvis não foi a primeira norte-americana a promover a ideia.

As primeiras tentativas de fazer com que o feriado se tornasse realidade se concentraram em questões sociais maiores, como a promoção da paz e a melhoria das escolas. Mas a versão do dia que finalmente “pegou” se tornou o pior pesadelo de sua fundadora.
 
Dia das Mães foi inicialmente lançado por ativistas contra a guerra em 1872. A autora Julia Ward Howe, mais lembrada por ter escrito “The Battle Hymn of the Republic” (O Hino de Batalha da República, em tradução livre), defendeu um Dia das Mães pela Paz, no qual as mulheres pacifistas se reuniriam em igrejas, salões sociais e lares para ouvir sermões ou ensaios, cantar e orar pela paz.

Já, que Anna Jarvis fundou o Dia das Mães nos Estados Unidos há mais de um século. Isso é fato!

Embora tenha raízes na cultura grega, a comemoração do Dia das Mães se popularizou nos Estados Unidos no começo do século 20, impulsionada pela iniciativa de Anna Jarvis de celebrar a memória de sua mãe, Ann Jarvis, com uma data especial.

Ann Jarvis foi uma ativista social que dedicou sua vida a servir sua comunidade local em Virgínia. A partir de 1858, ela concentrou seus esforços no Clube de Trabalho das Mães, estabelecido com o propósito de combater a mortalidade infantil.

Pois bem, quanto à historia, quando Elizabeth Burr recebeu um telefonema de uma determinada pessoa perguntando sobre a história de sua família, ela inicialmente pensou que era um golpe.

No entanto, a ligação veio de um pesquisador que procurava parentes vivos de Anna Jarvis, a mulher que criou o Dia das Mães (comemorado em muitos países no segundo domingo de maio) nos Estados Unidos há mais de um século.

    • 'Não quero morrer sem revê-la': as mães que doaram seus filhos no passado e hoje lutam para -los;

      • O que era a ‘Liga Anti-Máscara’, que protestava contra restrições na gripe espanhola.

Anna Jarvis era uma criança em meio a um total de 13 filhos, dos quais apenas quatro viveram até a idade adulta. Seu irmão mais velho foi o único a ter filhos, mas muitos morreram jovens de tuberculose e seu último descendente direto morreu na década de 1980.

Assim, Elisabeth Zetland, da plataforma de genealogia online MyHeritage, decidiu procurar primos em primeiro grau, e foi isso que a levou a Elizabeth Burr. Ela que deu ao MyHeritage a notícia surpreendente de que seu pai e tias não comemoravam o Dia das Mães, por respeito a Anna, que defendia que "sua ideia havia sido invadida por interesses comerciais e tinha sido degradada".

A campanha de Anna Jarvis por "um dia especial para celebrar as mães" foi algo que ela herdou de sua própria mãe, Embora tenha raízes na cultura grega, a comemoração do Dia das Mães se popularizou nos Estados Unidos no começo do século 20, impulsionada pela iniciativa de Anna Jarvis de celebrar a memória de sua mãe, Ann Jarvis, com uma data especial.

Ann Jarvis foi uma ativista social que dedicou sua vida a servir sua comunidade local em Virgínia. A partir de 1858, ela concentrou seus esforços no Clube de Trabalho das Mães, estabelecido com o propósito de combater a mortalidade infantil.

A historiadora Katharine Antolini, professora assistente de história e estudos de gênero no West Virginia Wesleyan College, nos Estados Unidos, autora de Memorializando a Maternidade: Anna Jarvis e a Luta pelo Controle do Dia das Mães (2014).
Ela escreveu para “What It Means to Be American”, um debate nacional organizado pelo Smithsonian e Zócalo Public Square, que escreveu no livro acima citado, dizendo que a militante Ann Reeves Jarvis esperava e queria:
     •  que o trabalho das mães fosse reconhecido,
     • pelo serviço incomparável que prestavam à humanidade em todos os campos da vida!

Ann Reeves Jarvis era muito ativa na Igreja Metodista Episcopal, onde, a partir de 1858, dirigiu clubes de trabalho das mães para combater altas taxas de mortalidade infantil, principalmente devido a doenças que devastaram sua comunidade em Grafton, West Virginia.

Nesses grupos, as mães aprendiam sobre higiene e saneamento, como a importância vital de ferver água antes de beber. Os organizadores forneciam remédios e suprimentos para famílias doentes e, quando necessário, colocavam famílias inteiras em quarentena para evitar epidemias.

Jarvis, a mãe, perdeu nove filhos, incluindo cinco durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), que provavelmente morreram por doenças, diz Antolini, professora do West Virginia Wesleyan College - a historiadora acima referida.

Quando Ann Reeves Jarvis morreu, em 1905, cercada pelos quatro filhos sobreviventes, Anna ficou triste e prometeu realizar o sonho de sua mãe, embora sua abordagem de dia das mães fosse bem diferente, diz Antolini.

Enquanto a mãe queria celebrar o trabalho das mães por melhorar a vida dos outros, a perspectiva de Anna era a de uma filha dedicada. Seu lema para o dia das mães era:

"Para a melhor mãe que já viveu - sua mãe".

Era por isso que deveria ser no singular, não plural.

"Anna imaginou o feriado como uma volta para casa, um dia para homenagear sua mãe, a única mulher que dedicou a vida a você", diz Antolini.

A mensagem poderia tocar todo mundo e também se comunicava com as igrejas. E a decisão de Anna de ter colocar essa data no domingo foi uma jogada inteligente, lembrou Antolini.

Três anos após a morte da mãe dela, o primeiro dia das mães foi celebrado na igreja metodista de Andrews, em Grafton. Anna Jarvis escolheu o segundo domingo de maio porque seria sempre próximo de 9 de maio, o dia em que sua mãe tinha morrido.
Anna distribuiu centenas de cravos brancos, a flor favorita de sua mãe, para as mães que compareceram.

A popularidade da celebração cresceu. Em 1910, o Dia das Mães se tornou um feriado do estado da Virgínia Ocidental e em 1914 foi designado feriado nacional pelo então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson.

Um grande fator para o sucesso do dia foi seu apelo comercial:

"Mesmo que Anna nunca quisesse que o dia fosse comercial, logo isso aconteceu. Portanto, a indústria floral, a indústria de cartões comemorativos e a indústria de doces merecem parte do crédito pela promoção do dia", diz Antolini.

Mas isso não era isso o que Anna queria. Quando o preço dos cravos disparou, ela divulgou um comunicado à imprensa condenando os floristas:

"O que você faz para derrotar charlatães, bandidos, piratas, mafiosos e sequestradores que minariam com sua ganância um dos melhores, mais nobres e verdadeiros movimentos e celebrações?"

Em 1920, ela estava pedindo às pessoas que não comprassem flores. Ela estava chateada com qualquer organização que usasse seu dia para qualquer coisa, exceto seu desenho original e sentimental, diz a historiadora Antolini. Isso incluía instituições de caridade que usavam o feriado para arrecadar fundos, mesmo que pretendessem ajudar mães pobres.

"Era um dia para celebrar as mães, não de ter pena delas porque eram pobres", explica Antolini. "Além disso, algumas instituições de caridade não estavam usando o dinheiro para mães pobres, como diziam."

O dia das mães foi arrastado também para o debate sobre os votos das mulheres. Os anti-sufragistas diziam que o verdadeiro lugar de uma mulher era o lar e que ela estava ocupada demais como esposa e mãe para se envolver na política.
De outro lado, os grupos de sufrágio argumentavam:

"Se ela é boa o suficiente para ser mãe de seus filhos, ela é boa o suficiente para votar".

E enfatizaram a necessidade de que as mulheres tenham voz no futuro bem-estar de seus filhos.

A única que não se aproveitou do Dia das Mães, ao que parece, foi a própria Anna. Ela recusou o dinheiro oferecido a ela pela indústria de flores.

"Ela nunca lucrou com o dia e poderia facilmente fazê-lo. Eu a admiro por isso", diz Antolini.

Anna e sua irmã Lillian, que era deficiente visual, sobreviveram da herança de seu pai e do irmão Claude, que dirigia um negócio de táxi na Filadélfia antes de morrer de um ataque cardíaco.
Mas Anna passou a gastar cada centavo lutando contra a comercialização do Dia das Mães.

Antes mesmo de a data se tornar um feriado nacional, ela havia reivindicado direitos autorais sobre a frase:

"Segundo domingo de maio, Dia da Mãe"

e ameaçou processar qualquer pessoa que o comercializasse sem permissão.

"Às vezes, grupos ou indústrias usavam propositalmente a grafia 'Dia das Mães', no plural, para contornar as reivindicações de direitos autorais de Anna", diz Antolini.

Um artigo da Newsweek escrito em 1944 dizia que ela tinha 33 processos abertos.

Naquela época, ela tinha 80 anos e estava quase cega, surda e indigente, e estava sendo cuidada em um sanatório na Filadélfia.
Há muito tempo se diz que as indústrias de flores e cartões pagavam secretamente pelos cuidados de Anna Jarvis, mas Antolini nunca conseguiu confirmar isso.

"Gostaria de pensar que sim, mas pode ser uma boa história e não a verdadeira", diz ela.

Um dos atos finais de Anna, enquanto ainda morava com a irmã, foi ir de porta em porta na Filadélfia pedindo assinaturas para apoiar um pedido de cancelamento do Dia das Mães.
Quando Anna foi admitida no sanatório, Lillian morreu de envenenamento por monóxido de carbono enquanto tentava aquecer a casa. "A polícia disse que pedaços de gelo pendiam do teto porque estava muito frio", diz Antolini.

E Anna morreu de insuficiência cardíaca em novembro de 1948.

Jane Unkefer, de 86 anos, prima de primeiro grau de Anna (e tia de Elizabeth Burr), acha que Anna Jarvis ficou obcecada em sua cruzada contra a comercialização.

"Eu não acho que eles eram muito ricos, mas ela usou todo o dinheiro que tinha", diz. "É constrangedor. Eu não gostaria que as pessoas pensassem que a família não estava cuidando dela, mas ela acabou no equivalente a uma vala comum".

Eles podem não ter sido capazes de ajudá-la no final de sua vida, mas a família honrou a memória de Anna de outra maneira: não comemorando o Dia das Mães por várias gerações.

"Nós realmente não gostamos do Dia das Mães", diz Jane Unkefer. "E a razão pela qual não gostamos é que minha mãe, quando criança, ouviu muitas coisas negativas sobre o Dia das Mães. Reconhecemos isso como um sentimento agradável, mas não fazíamos jantar especial ou comprávamos flores".

Quando era uma jovem mãe, Jane costumava parar em frente a uma placa em homenagem ao Dia das Mães na Filadélfia e pensar em Anna.

"É uma história comovente porque há muito amor nela", diz Jane. "E acho que o resultado disso é uma coisa boa. As pessoas se lembram da mãe, do jeito que ela gostaria que elas fizessem."

Jane confessa que mudou de ideia sobre a celebração agora.

"Muitas gerações depois, eu esqueci todas as coisas negativas que minha mãe já disse sobre isso, e fico muito zangada se não falar com meus filhos. Quero que eles honrem a mim e ao meu dia", diz ela.

A irmã mais nova de Jane, Emily d'Aulaire, também viu sua atitude em relação ao dia das mães mudar ao longo do tempo:

"Eu nem sabia disso até que meu próprio filho estava na escola e voltou para casa com um presente de Dia das Mães", diz ela. "Nossa mãe costumava dizer algo como 'Todo dia é dia das mães'."

Durante muito tempo, Emily ficou triste devido à intenção original de Anna ter sido frustrada, mas hoje em dia ela envia um cartão para sua nora, a mãe de seus netos.

Este ano, muitas famílias não poderão presentear suas mães com flores ou um dia de passeio. Em vez disso, celebrarão o Dia das Mães por meio de uma chamada de vídeo, devido às medidas de isolamento social.

Mas Antolini - a historiadora acima referida - acha que Anna e a mãe dela teriam ficado satisfeitas com essas celebrações reduzidas.
Ela imagina que Ann Reeves Jarvis, uma veterana de muitas epidemias, ressuscitaria os clubes das mães para ajudar os outros. E Anna ficaria encantada com a redução de oportunidades de compras, que ela sentia ofuscar a pureza de sua ideia original.

No Brasil, em 1932, foi assinado um decreto pelo presidente Getúlio Vargas:

declarando que o segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade”.

Em países vizinhos, como a Argentina, o dia das mães é celebrado no terceiro domingo de outubro. No Paraguai, a data é comemorada junto com a independência do país, em 15 de maio. Já o Uruguai, assim como o Brasil, também reserva o segundo domingo de maio para homenagear as mães.

          Roberto Costa Ferreira, 12 de maio de 2024.
PROFESSOR -PSICANALISTA-PESQUISADOR
HILASA - Instituto de Historia, Letras, Artes
UNIFESP - Universidade Federal  São Paulo.

Norman Rockwell (1894-1978), pintor e ilustrador americano,
trabalhando em um cartaz oficial do dia das mães de 1951
.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

DIA da LITERATURA BRASILEIRA!

    Dia da Literatura Brasileira, oportunidade de celebrar a riqueza e a 
    diversidade da literatura produzida, e de reconhecera a importância
 dos escritores e seus respectivos trabalhos para a formação cultural
 e intelectual da sociedade brasileira.

O dia 1º de maio transcorrido recentemente é feriado - Dia do Trabalho - mas, também é Dia da Literatura Brasileira. Celebram-se assim a literatura nacional e seus autores.
A data é uma homenagem ao nascimento de José de Alencar (1829-1877, 48 anos), um dos principais autores do Romantismo brasileiro.

Ele que foi o maior autor de romances românticos do Brasil. Alencar estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. Morou no Rio de Janeiro, onde exerceu:
  • a profissão de jornalista, tornando-se chefe de redação no Diário do Rio de Janeiro,
  • escreveu crônicas e críticas literárias,
  • além de escritor, ele era advogado e político.
O político, jornalista e jurista cearense escreveu obras célebres, tais como:
  • “O Guarani” (1857),
  • “Lucíola” (1862) e,
  • “Iracema” (1865).
Algumas delas, bem mais tarde, entraram para as listas de leituras obrigatórias em vestibulares e processos seletivos.

É o principal e mais versátil romancista do romantismo brasileiro, com romances indianistas, urbanos, regionalistas e históricos. Também escreveu para o teatro, com peças relevantes, como:
  • O demônio familiar (1857) e,
  • As asas de um anjo (1860).
Em razão de curiosidades, temos que José Martiniano de Alencar foi grande amigo de Machado de Assis (1839-1908), figura que o nomeou patrono da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras.
Em homenagem a José de Alencar, na cidade de Fortaleza encontra-se o “Teatro José de Alencar”, inaugurado em 1910.

Pregressamente, é oportuno considerar que em razão da literatura brasileira, em seu início, surgiu em congruência com as manifestações literárias trazidas de Portugal. Isso porque os escritores e artistas da época ou eram portugueses de berço ou brasileiros que tinham formação acadêmica em Portugal.
As primeiras formações literárias em solo lusitano começaram por volta dos séculos XII e XVI, entre a Baixa Idade Média e o Renascimento. Com a vinda dos colonizadores ao Brasil, seus ideais aqui também chegaram.

Por conseguinte, sempre que falamos em literatura, nos deparamos com as expressões estilos de época ou estilos literários. Esses, marcam a forma como cada movimento se inicia, muitas vezes por conta de um grande fato histórico ou de uma grande obra revolucionária.

A literatura pode ser dividida em dois períodos, a saber: colonial e nacional. A colonial é chamada assim porque:
  • foi composta por um grupo de pessoas que buscavam copiar os estilos, padrões e tendências de Portugal.
  • Já a nacional é formada por escritores que foram criando estilos com características próprias, muitas vezes refletindo sentimentos dos acontecimentos da época.
Portanto, atento e transitando na sequência do indice adiante, temos os periodos demarcados e respectivas escolas, cujo desenvolvimento reduzido exponho apenas em razão do tempo que nos atinge, a saber:
  • Quinhentismo (Séc. XVI);
  • Barroco (Séc. XVII);
  • Arcadismo ou Neoclassicismo (Séc. XVIII);
  • Romantismo (Séc. XIX);
  • RealismoNaturalismo (Segunda metade do século XIX);
  • Parnasianismo (Final do século XIX, início do século XX);
  • Pré-modernismo (1902 até 1922);
  • * Modernismo (1922 até 1930);
  • * * Pós-Modernismo (Dos anos 50 até hoje).
Iniciou, tal periodo denominado Modernismo, partindo da Semana de Arte Moderna de 1922, momento que:
  • os textos passam a ser mais diretos,
  • com humor e uma maior liberdade de escrita, ainda,
  • com temas urbanos.
Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mario de Andrade são exemplos de autores dessa escola literária.

** Esse tipo de literatura é o que perdura até os dias de hoje, denominado Pós-Modernismo. Tem como base elementos que marcam o capitalismo contemporâneo, influenciado pelos seguintes meios:
  • tecnológicos,
  • inovações científicas e,
  • pelas atitudes do homem pós-moderno.
O sentimento é de liberdade imensa, com opções infinitas de possibilidades. O prazer da leitura, porém, é o que se dá sem obrigações, de acordo com os educadores.

Por que, então, não aproveitar a extensão do feriado, mesmo depois, para começar um livro novo, hein?
Apesar da sedução pelo novo e por best-sellers — e não há problema com isso recomendo dez clássicos.

Em agosto de 2009, a Revista Bravo! (Editora Abril), dedicada às artes e à cultura, hoje apenas na versão digital, publicou na edição impressa uma lista com os 100 livros essenciais da literatura brasileira. A seguir, confira os dez primeiros colocados:
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis
  • Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis
  • Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos
  • Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha
  • Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa
  • A Rosa do Povo (1902), de Carlos Drummond de Andrade
  • Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira
  • Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar
  • A Paixão Segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector
  • Macunaíma – O Herói Sem Nenhum Caráter (1928), de Mário de Andrade
Contudo, se a preferência for por escritores estrangeiros, lembramos os 21 livros para se ler antes de morrer, conforme a editora Penguin, por ocasião do Dia Mundial do Livro, em 23 de abril.

Quais seriam? O dramaturgo britânico:
  • William Shakespeare, responsável por “Hamlet”, “Romeu e Julieta” e tantas outras obras teatrais,
  • o romancista espanhol Miguel de Cervantes, autor de “Dom Quixote”, e,
  • o peruano Inca de la Vega, escritor de “Comentários Reais dos Incas”.
Uma pessoa de qualquer canto do planeta pode ter pensado que um dia conseguiria ler todos os textos já produzidos pela humanidade. Se isso ocorreu, certamente, foi há mais de meio milênio, antes da invenção da máquina de imprensa pelo alemão Johann Gutenberg (1398-1468).

Em 2010, um levantamento do Inside Google Books mostrou que, por aquele ano, existiam quase 130 milhões de títulos disponíveis ao redor do globo. Mas acalme-se.
O importante não é ler tudo, de acordo com os especialistas. O desafio é manter o hábito da leitura quanto mais constante, principalmente, para benefícios da saúde mental.

Para quem não sabe por onde começar, a editora britânica Penguin Random House selecionou 21 livros para se ler antes de morrer.
O Grupo Penguin, a saber, pertence ao 4º maior conglomerado editorial do mundo:
  • o alemão Bertelsmann, e,
  • no Brasil, controla a Companhia das Letras desde o fim de 2018.
Sem mais "meia-volta", afinal, vamos à lista.

21 livros para ler antes de você morrer:
  • A história secreta, de Donna Tartt
  • O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez
  • O olho mais azul, de Toni Morrison
  • Lá não existe lá, de Tommy Orange
  • A Cor Púrpura, de Alice Walker
  • Dez de dezembro, de George Saunders
  • Os vestígios do dia, de Kazuo Ishiguro
  • Quando Tudo se Desmorona, de Chinua Achebe
  • Um conto para ser tempo, de Ruth Ozeki
  • Vida querida, de Alice Munro
  • Os irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski
  • A vida secreta das abelhas, de Sue Monk Kidd
  • Uma constelação de fenômenos vitais, de Anthony Marra
  • A metade perdida, de Brit Bennett
  • Terra Descansada, de Jhumpa Lahiri
  • Estação Onze, de Emily St.
  • Dentes Brancos, de Zadie Smith
  • The Underground Railroad: Os caminhos para a Liberdade, de Colson Whitehead
  • No tempo das borboletas, de Júlia Alvarez
  • A Mulher Do Deus Da Cozinha, de Amy Tan
  • O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy
Roberto  Costa  Ferreira,  1° Maio  2024
HILASA-InstitutoHistoria,Letras,Artes
SANTO AMARO  - SÃO PAULO  / SP.