O dia 15 de Março passado tornou-se histórico e o povo
brasileiro deu um recado. Certamente se provará ainda mais significativo e
memorável data o evento previsto para 12 de Abril de 2015. É um fato! A
população está adiante dos políticos e tal manifestação, a maior havida em São
Paulo, repercutiu além dos horizontes imaginados por aqueles que se põem
sentados, convenientemente no poder, como visto em Londres, Barcelona, Sidney na Austrália, Zurique, Lisboa e Estados
Unidos. Muito provavelmente “os cubanos e venezuelanos devem estar
boquiabertos”, muito próximos do inacreditável!
O efeito das “manifestações
espontâneas moleculares” ocorridas –
mais de “um milhão de pessoas” -, significando colocar na região da Avenida
Paulista, um pouco mais do que toda a população de Campinas, duas vezes a
população de São Bernardo do Campo/SP, é do tipo Woodstock, tendo esta a responsabilidade de mobilização da internet
interativa, contendo profundas interações sociais.
E quando falo de manifestações moleculares acima, refiro-me
à revolução que, por outro lado:
·
Destitui
dicotomias (homem/mulher; bem/mal; esquerda/direita; norte/sul),
·
em
proveito da afirmação de um presente agitado por indefinidas nebulosas
expressivas,
·
ao
mesmo tempo econômicas, culturais, étnicas, simbólicas,
·
compondo
metamórficos processos semióticos híbridos, marcados por “devires” mulher, criança, animal,
mineral, negro, molecular,
·
os
quais rizomaticamente, destituem unidades discursivas e,
·
transformam
eixos molares em transversalidades subjetivas, ambientais e sociais,
·
que
se complexificam, inventando outras possibilidades institucionais, mundos,
cosmos.
Devir – (do latim devenire, chegar) é um conceito
filosófico que significa as “mudanças pelas quais passam as coisas”. O conceito de "se tornar" nasceu no
leste da Grécia antiga pelo filósofo Heráclito de Éfeso que no século VI a.C
disse que:
“nada neste mundo é permanente, exceto a
mudança e a transformação” – é a base para a revolucão molecular.
Como afirmou anteriormente Augusto Franco, escritor, palestrante, consultor, criador e um dos
“netweavers” da Escola-de-Redes – uma rede de pessoas que investigam e estudam
sobre redes sociais e à criação e transferência de tecnologias de “netweaving”:
“O Brasil nunca mais vai ser o mesmo após essas manifestações. A mudança
que está acontecendo é mais profunda, molecular, de comportamento, é uma
mudança na intimidade da sociedade”.
O fator desencadeador gera
um movimento de dinâmicas sociais cujos impactos ainda são desconhecidos, porém sabemos um
pouco mais acerca. É um fenômeno de interação, um enxameamento de pessoas que
se dá quando não há convocação centralizada. Isso explica tais multidões de
milhões nas ruas de centenas de cidades do País. Isso só foi possível, porque a
sociedade ficou muito interativa. Isso não é o produto só das mídias sociais,
como Facebook, Twitter, que são ferramentas das redes. Elas são meios
interativos em tempo real, elas aceleram fenômenos. Na verdade, rede social
existe desde a composição da sociedade humana.
Antes os meios interativos eram muito lentos, era a
conversação, a carta, depois telefone, o rádio, e nem eram massivos! As pessoas
não tinham, em grande parte, esses meios. Eu vivi em grande parte tais
períodos... Então, esse fenômeno não podia acontecer como hoje ocorre e
ocorreu. Temos que,
·
Começou
em Março de 2004, na Espanha.
·
Recentemente
tivemos o caso da Turquia (em 2011, quando houve a queda do presidente egípcio
Hosni Mubarak, após 18 dias de protestos populares, que ele estava há 30 anos
no poder).
Para entender isso, é necessário compreender que “tudo
que interage pode enxamear e provocar esse crescimento exponencial”.
E tal ocorre rapidamente, como se verificou neste domingo,
momento que às 15:40h segundo a Policia Militar “um milhão de pessoas” em
manifestação histórica para o estado aglomeraram-se ao longo do cinturão da
Avenida Paulista e, ao longo do dia. À noite, por volta de 19:00, logo imediatamente em cima do
pronunciamento da cúpula ministerial do atual governo, com a palavra o Ministro
da Justiça Eduardo Cardoso e, ao mesmo tempo “intenso panelaço seguido de
apitos e vaias”, onde muitos estavam sequer atento ao conteúdo da fala. Não
houve convocação para tal, tendo sito um ato espontâneo da população. Isto
denota identificar que:
·
As
pessoas estão ligadas e as respostas são rápidas,
·
que
estão “colocando pra fora” e,
·
não
estão aceitando o que “estão mandando dizer”,
·
não
têm, a população, pauta de reivindicações.
Querem, nas suas demonstrações, principalmente nas ruas “a
Dilma fora” por:
·
RENUNCIA, aliás, insistir é burrice;
·
IMPEACHMENT ou Impugnação de Mandato é um termo que denomina o processo de
cassação de mandato do chefe do poder executivo pelo congresso nacional, pelas assembleias
estaduais ou pelas câmaras municipais. A denúncia válida pode ser:
·
Por crime comum,
·
Crime de responsabilidade,
·
Abuso de poder,
·
Desrespeito às normas constitucionais
ou,
·
Violação de direitos pátrios
previstos na constituição.
Assim, podem ser cassados, de
acordo com o artigo 85 da Constituição Federal que define quais são os crimes
de responsabilidade aplicáveis a eles. O procedimento de impeachment é
regulado pela lei 1.079/50, que, em seu artigo 2º, estabelece atualmente o
período máximo de cassação em cinco anos.
·
CASSAÇÂO, ou por outro processo legal, alternativamente e,
·
RECALL POLÍTICO, que é usualmente iniciado por eleitores e pode ser
baseada em "acusações políticas", por exemplo, má administração. Apesar
de ambos servirem para pôr fim ao
mandato de um representante político, os dois institutos diferem quanto à
motivação e à iniciativa (titularidade) do ato de cassação do mandato. Impeachment é iniciado por um
órgão constitucional (geralmente legislativo) visto antes e, no recall, tal exigência não
existe.
O procedimento de revogação do mandato pode ocorrer sem nenhuma motivação
específica, ou seja:
- O Recall é um instrumento puramente político.
- No Recall, é o povo que toma diretamente a decisão de cassar ou não o mandato.
Os desdobramentos são imprevisíveis. As pessoas não mais a reconhecem, a Sra.
Dilma, como presidente, decorridos poucos dias da releição. Sua popularidade
despencou como jamais visto na história brasileira e considerem que os
militares não estão com o menor interesse em interromper o processo!
Ainda, o que serve hoje é a ratificação do processo eleitoral último
momento que, majoritariamente, houve
a manifestação popular, à contrário sensu ou, de interpretação
inversa do resultado da mesma, dubiamente verdadeiro.
A influência das redes é significativa,
inovadora e, vividamente contagiante! A sociedade está conectada, andando com
suas próprias pernas! E isto é muito verdadeiro, não centralizada, “acontece na
rede”, nota-se uma alegria cívica! Como é que não fizemos isso antes... Este é
um exercício fantástico de democracia!
Ninguém paga ônibus oferecendo bonezinho, pagando de R$35,00 a R$50,00 por
participação, colocando um carro de som com um barbudo falando, captando
maliciosamente angolanos que mal sabem se expressar sob o pretexto de
remuneração que não ocorre para transportar balões com mensagens partidárias.
Aliás, até a esse nivel a manipulação ocorre!
Esta manifestação ocorrida no domingo – 15 de Março - é difusa, cuja resposta deverá acontecer, não
bastando uma canetada!
O PT promoveu o “apartheid – nós
e eles” a partir do governo Lula. Isto promoveu um ódio. Nesta última
manifestação do partido, 6ª Feira 13,
anterior à massacrante presença pública nas ruas, não se observou uma bandeira
do Brasil. Defendem o partido majoritariamente odiado.
Este histórico Movimento de 15 de
Março mostra o civismo do povo brasileiro que não é apático e, certamente,
será o início de uma série de outras ao longo do ano, definindo-se até aos
governadores estaduais. O eleitor brasileiro, majoritáriamente:
·
esta mais consciente,
·
mais participativo,
·
com autonomia dos votos verdadeiros,
·
diferente das apurações, demonstrando-se presencialmente.
Pena que faltem lideres novos e,
se existem novos são “novos com
pensamentos velhos”. Faltam novas lideranças “ao perfume das massas”!
É certo que consequencias econômicas advirão. Se o parlamento não aprovar o
“Programa do Levi” este pode pedir o
chapéu! O
ministro funciona como uma delgada película que separa a economia de um
catastrófico rebaixamento pelas agências de rating. Dilma não pode demiti-lo,
pois, sem a promessa do ajuste fiscal que ele personifica, o país seria tragado
no vórtice da fuga de capitais.
Também é certo que o partido perdeu prestígio até em razão das promessas
não cumpridas! O trio peemedebista, atualmente, é proprietário da maioria no Congresso
que hoje se forma pela oscilação do PMDB entre o governo e a oposição. Dilma
não pode confrontá-los, pois eles empunham o sabre do impeachment formal e o fazem girar, sadicamente, em torno do
pescoço da presidente.
Esperou-se o manifesto de algum teor do governo após o ato. Talvez elogiar
as manifestações pacíficas, não partindo para o discurso: “Nós iremos...” Incidiram no mesmo erro e receberam o “panelaço”.
Estão ultrapassados, servindo-se do maior problema das dicotomias como “esquerda
e direita”, “nós e eles”,
por exemplo, dando-se no horizonte da inscrição delas numa ordem molar:
metafísica ou arquivo morto que engessa
o conjunto da humanidade fazendo o passado se sobrepor ao presente e ao
futuro. Teimam nisso e não se enxergam como “figuras horríveis e
desagradáveis em pronunciamento”. Chega... Basta! Este é o clamor público.
Se se considerar com 18 de Brumário de Luís Bonaparte (1852), a conhecida
frase de Marx, em diálogo com Hegel, de que: ”... a história começa como tragédia e se repete como farsa”, sob
o ponto de vista molar poderia ser assim expressa:
“a história é ao mesmo tempo uma
tragédia e uma farsa, quando o passado se torna uma unidade discursiva que se
impõe ao presente, enfeixando-o e tornando-o igualmente uma ordem molar;
- uma unidade discursiva,
- ao mesmo tempo patriarcal,
- soberana, mortal”.
Por quê? Tantos erros... E dentre tantos, os dois principais erros da
experiência petista no poder tem relação com sua convergência semiótica com a
“revolução molecular” sinteticamente abordada, do imperialismo americano
pós-significante. São eles:
·
Submissão à
indústria cultural e, portanto, aos ditames banalizadores da cultura de massa, via
oligopólio das mídias corporativas; e
·
Rendição ao valor
de troca, marcado
pela financeirização do cotidiano,
·
Fornecendo acesso ao crédito ao
grosso da população,
·
Contribuindo
assim, para endividá-la e,
·
Perder a
referência aos valores de uso da e na vida.
É, pois, essa “revolução molecular” de base pós-significante, ancorada no valor de troca, que tem sido
a marca do PT no poder, inclusive tendo em vista a relação que o Partido de
Trabalhadores tem mantido com a base aliada, o que explica:
·
boa parte das
acusações de corrupção a que se submete, pois uma “revolução molecular” estabelecida
pelo valor de troca subjuga o que vem enfrentando,
·
pois uma “revolução molecular” estabelecida
pelo valor de troca subjuga o valor de uso e contribui para produzir uma cultura política marcada pelo
auto interesse,
·
pelo desejo de
ascensão e,
·
pela rendição ao consumo de luxo
– a troca no cimo dela, sem chão, sem pão.
Portanto, mesmo que se articulem todas as forças em face de
manifestações, tais são uma repetição de fracasso – CUT, UNE, MST – mostrando a
incapacidade de mobilização de massa. Resumem-se a pequenos grupos, ainda
patrocinados! Não estão em condições de impor suas idéias, na base de
manifestações, e sequer tais repercutem no Congresso. Tentam respirar! Na
política, refém do PMDB, suportarão o vice-presidente que assumirá a articulação política do
governo enquanto na Fazenda, sobrevivem refém do Levi.
Assim, Dilma já perdeu a
legitimidade concedida pelos eleitores. Sem o rito da denúncia, processo e
julgamento, a presidente “já sofre um
impeachment tácito”. Assombrado pela figura errante da presidente
destituída, o Planalto está entregue ao triangulo de beneficiários do impeachment silente, que agem em
direções diferentes, sob motivações distintas. Por tal, a importância das
manifestações públicas. Quem sabe ordene tais motivações!
Roberto Costa
Ferreira
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E considere: é entre a manifestação da literatura, as artes visuais, a música, a dança e o teatro que a educação e o conhecimento acontecem fora do curricular, do convencional!