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terça-feira, 15 de novembro de 2016

CONTRAPONTO


Ideias incorporadas em destinos humanos... No contraponto há o caráter de contradição, motor do desenvolvimento.
Contrapunctus
Segundo a origem do Inglês médio tardio, do CONTREPOINT Frances antigo, alteração do latim medieval CANTUS CONTRAPUNCTUS "canção marcada ou pontilhada", pois na partitura eram feitas marcas acima ou abaixo das notas para indicar o acompanhamento, de contra-contra+punctum, de pungere para prick.
CONTRA é a palavra latina para "contra". E ponto é do Latim punctus, "ponto, picada”, particípio passado de pungere, “fincar, espetar, picar”. Do Latim CONTRAPONERE, "opor-se, colocar contra", de CONTRA mais PONERE, "pôr, colocar".
A alternância de pontos (em um argumento, etc.) em oposição ou contraste uns com os outros; Um debate, argumento ou jogo em que os pontos para dois lados opostos são feitos em sucessão. Na Linguística – Poesia - a Prosódia, no uso de um stress ou tensões em desacordo com o estresse da métrica regular.
Como Substantivo, a expressão CONTRAPONTO designando uma forma musical que envolve o som simultâneo de duas ou mais melodias: música concertada, música polifônica, polifonia - música dispostos em peças para várias vozes ou instrumentos , que na inversão - (contraponto) uma variação de uma melodia ou a parte em que intervalos ascendente são substituídos por intervalos descendente e vice-versa.
Em Verbo, a expressão CONTRAPONTO surge para mostrar as diferenças quando comparado ; ser diferente; “Os alunos contrastam consideravelmente em suas habilidades artísticas”.  Escrever em CONTRAPONTO; “Bach aperfeiçoou a arte de contraponto”.
Que na música refere-se à técnica de definir, escrever ou tocar uma melodia ou melodias em conjunto com outro, de acordo com regras fixas. Ainda, a arte de compor música para duas ou mais vozes ou instrumentos. Música para ser executada por dois ou mais instrumentos ou vozes. Harmonia de vozes ou instrumentos.
É o material melódico que é adicionado acima ou abaixo de uma melodia existente. A técnica de combinação de duas ou mais linhas de melodia, de tal maneira que eles estabelecem uma relação harmônica mantendo a sua individualidade linear. A composição ou peça que incorpora ou consiste da escrita contrapontística.
Expressão que vem da música, no desenvolvimento da Idade Media, do “CANTOCHÃO”, canto tradicional da Igreja cujo repertório foi coordenado e completado por São Gregório, O Grande. O cantochão é uma simples e igual prolação de notas, que se não podem aumentar nem diminuir, escrevendo-se, geralmente, sobre uma pauta de quatro linhas. É uma prática monofônica de canto utilizada, desde os primórdios com os monges reginaldinos, por cantores nos rituais sagrados, originalmente desacompanhada.
E partindo dos meados para fins da Idade Média os músicos de então “dialogavam” outras vozes, fazendo pontos contra os pontos. As notas do cantochão, quem levava era o tenor, aquele que tinha que trazer o cantochão e, partindo disso, outras vozes mais acima, mais abaixo, alto, baixo, iam dialogando com o “contraponto”.
Até que as “Nova Flamenga”, no final da Idade Média, onde temos obras com 40 vozes diferentes dialogando, inclusive nos “motetos”, obras em que o diálogo se dava com textos diferentes. Por vezes, textos sacros com textos profanos. O moteto se tornará uma das grandes formas da música polifônica, sendo o apogeu de seu uso no contraponto modal do século XVI, apesar de sua importância para a música barroca e da recorrência a ele até por compositores românticos.
Então essa ideia dos contrapontos é muito importante, colorindo o cenário da literatura e da música, onde em Johann Sebastian Bach, nascido numa família de longa tradição musical, compositor, cravista, regente, organista, professor e violonista oriundo do Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha, estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, onde desenvolveu a parte final e mais importante de sua carreira, absorvendo inicialmente o grande repertório de música contrapontística germânica como base de seu estilo. Em “Fuga de Bach” temos:
“... As diversas partes vivem suas vidas separadas, elas se tocam e seus caminhos se cruzam... combinam-se um instante para criar o que parece uma harmonia final e perfeita, mas somente para tornar-se a separar mais uma vez. Cada um é sempre só, separada e individual... Eu sou eu!”
O mundo onde todos tem razão gira em torno de mim e, todos igualmente têm razão e, igualmente se enganam e, nenhum deles quer escutar os outros. Na fuga humana há 1800 milhões de partes, o ruído resultante tem, talvez, alguma significação para o estatístico, mas, nenhuma para o artista. É somente considerando “uma ou duas partes ao mesmo tempo” que o artista pode entender alguma coisa. Os personagens são vozes, linhas melódicas, destinos, vidas que se cruzam gerando harmonias, mais tensões, contradições, desarmonias, num desenvolvimento quase musical dessas ideias!
É a musicalização da ficção, parecendo uma fuga. A fuga dos personagens, de si próprio, dando ou não sentido à vida de cada um, dando sentido à vida do próximo, pela interação. É a busca do sentido de suas vidas, face às incertezas! Do livro de Aldous Huxley, um livro consagrado e que está no topo da lista dos 100 melhores romances do século XX, temos que:
“... Quando pomos em jogo toda a nossa força para levantar o que nos parece ser um peso enorme, é desagradável perceber que se trata apenas de um halter de papelão, e que teria sido possível erguê-lo com dois dedos...".
Contraponto (Counterpoint, em seu título original), publicado em 1930, é um romance com início do escrito por volta de 1920 e aqui o uso mais antigo encontrado em Aldous Huxley (1894-1963).


Em documento dissertativo sob o título: Tradução no contexto da Era Vargas: Érico Veríssimo, tradutor de Aldous Huxley, Autor: Souto, Sheila Maria Tabosa Silva e Primeiro orientador: Xavier, Wiebke Röben de Alencar, assim se resume:


Este trabalho analisa Erico Veríssimo enquanto tradutor na Editora Globo da obra Point counter point (1928), de Aldous Huxley, intitulada Contraponto (1934), no contexto da tradução e ideologia no Regime Vargas, governo autoritário e nacionalista. A metodologia é desenvolvida via transferências culturais, buscando compreender a trajetória de Erico Veríssimo como tradutor e refazer o processo tradutório da obra de Huxley. O perfil do tradutor Veríssimo é traçado inicialmente através de suas primeiras experiências na Revista do Globo, onde lançava no mercado traduções rápidas, inventando pseudônimos para as mesmas; e, posteriormente, com a publicação de traduções de obras de renome internacional, onde o processo tradutório ocorria num padrão elevado e mais elaborado. O percurso e a escolha da tradução Contraponto representam inicialmente uma ousadia editorial de Veríssimo, arriscando-se comercialmente, uma vez que a obra era densa e o autor desconhecido no Brasil; e, de fato, foi um ponto decisivo para Veríssimo tradutor e para a divulgação de Huxley no Brasil. Contraponto foi sucesso de vendas e um marco editorial, publicado na coleção Nobel, que levava ao leitor médio e aos intelectuais da época as traduções de repercussão internacional, formando e enriquecendo culturalmente seu público. A política editorial da Globo de traduzir os clássicos mundiais coaduna com os ideais nacionalistas de Vargas de valorizar o papel da língua vernácula e da educação na busca da identidade da Nação. Numa análise textual seletiva a partir dos conceitos dos itens culturais específicos em tradução trazidos por Aixelá e da teoria de polissistemas, destacamos que a tradução é marcada pela estratégia de conservação (repetição), numa tendência à adequação. Sua tradução permite a visualização das marcas da cultura estrangeira, não nacionaliza especificidades culturais, acrescentando informações novas ao leitor. Com os conceitos de tradução e ideologia advindos de Lefevere, entendemos que a reescritura pode ser inspirada por motivações ideológicas, logo podemos associar o fato de Contraponto tratar de questões ideológicas ligadas ao fascismo com o Governo Vargas, que possuía semelhanças totalitaristas.
Roberto Costa Ferreira, Nov2016.


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Doença - O Bem e o Mal - NORMA de LUZ


Deus nos ampara afim de que amparemos aos mais necessitados, que a nós mesmos.
Ajuda-nos para que ajudemos. Sustenta-nos a Fé, para que apoiemos os irmãos que vacilam. Em suma, essa é a Norma de Luz da Providência Divina:
“Auxilia e serás ajudado”.
Mesmo na hora atribulada da crise... E já há sinais antecipados, vermelhos, no caminho desta experiência, que podem indicar queda provável na obsessão:
  • Quando entramos na faixa da impaciência;
  • Quando acreditamos que a nossa dor é maior;
  • Quando imaginamos maldade nas atitudes das pessoas que nos cercam...
  • Quando julgamos que o Dever é apenas dos Outros...
Assim, toda vez que um destes sinais surgir no trânsito de nossas ideias, a Lei Divina estará presente, recomendando-nos:
  • A Prudência de parar no socorro da prece, ou ainda,
  • Na Luz do Discernimento.
E quando falo em Luz do Discernimento... Em meio ao bulício e à agitação do mundo, medite nas presenças serenas... Apenas feche os olhos, por um tempo, e pense na Fonte Eterna, Luz de todos:
  • Mais do que a energia, pense na serenidade da consciência. Que ela seja seu guia.
  • Mais do que no Conhecimento, entre na sabedoria, que dispensa toda teoria.
  • Mais do que nas emoções, flutue nos sentimentos reais, que são curativos.
  • Mais do que o que você pensar sobre si mesmo, sinta-se ligado a uma Luz Maior.
Então, você sentirá o toque sutil dos sábios em seu coração. E a paz perene...
  • Como Ser de Luz, você perceberá de onde brota essa profundidade pacífica...
  • Você a reconhecerá, não intelectualmente, mas, simplesmente, em espírito.
  • Sim, por entre as batidas de seu coração, você receberá a inspiração secreta...
E talvez você veja, espiritualmente, um olhar sereno e cheio de Amor.
Considerem! O Grande Mistério não está apenas na vida, mas em você mesmo. Mas só se descobre isso mergulhando na vastidão do universo interior. Assim fizeram os sábios de todas as eras e se realizaram na Consciência Maior. Eles viajaram pelos planos interiores e revelaram o divino neles mesmos.
  • Conheceram os diversos níveis espirituais e se encantaram com o Todo.
  • Conhecendo a si mesmos, abraçaram o mundo em silêncio.
  • Liberados das travas do Egoísmo abençoaram a humanidade.
  • Tranquilos e serenos passaram a velar secretamente pelos homens.
  • Quietinhos, projetaram pensamentos virtuosos em favor de todos.
É assim... Oposto à Luz do Discernimento, pode surgir O Mal e este é a Privação do Bem!
Aqui, estou falando do lembrando Kardec - Hippolyte Léon Denizard Rivail que foi um influente educador, autor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador do Espiritismo, também denominado de Doutrina Espírita. No seu Capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo, Bem-Aventurados os aflitos, na Justiça das aflições, causas atuais e anteriores das aflições.
Também apoiado no Cap. XXVIII – Coletâneas de Preces – Preces Gerais, do mesmo Kardec onde, num trecho diz:
“Assim se explicam, enfim, todas as anomalias aparentes da vida; é a Luz lançada sobre o nosso passado e nosso futuro, o sinal radioso da vossa soberana justiça e da vossa bondade infinita”.
“Não nos abandoneis à tentação, mas livrai-nos do mal... Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus espíritos que tentarem nos desviar do caminho do bem, em nos inspirando maus pensamentos”.
Senhores, a questão do Bem e do Mal se constitui sempre num ponto de grandes discussões:
  • No campo do Pensamento e,
  • da Religião, atualmente transferindo-se,
  • à Ciência, e com as mesmas dificuldades de compreensão.
Eu encontrei em um famoso Doutor da Igreja, argelino – Agostinho de Hipona - que foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental – 13/11/354 D.C. à 28/08/430 D.C., Hipona – Argélia, a melhor explicação sobre esse fenômeno – que depois conseguiu deslocar para o trabalho psicoterapêutico, tendo resultados incríveis, principalmente com as pessoas acentuadamente nervosas.
O conhecido autor de Confissões chegou à conclusão de que “o pecado seria nada mais do que a privação do bem”:
“Tudo aquilo que é, é necessariamente bom, pois a ideia do Bem está inspirada na ideia de Ser”; “a Natureza do Mal deve ser encontrada no conceito absolutamente contrário ao de Deus, como ser, ou seja, no não-ser”.
Trazendo-o para a Psicopatologia, podemos notar que a doença seria nada mais do que a Negação, a Omissão, ou a Alteração do que é, do que é São (Verdadeiro). Houve sempre uma discussão, no plano filosófico, e hoje com os vários filósofos sobre o ser humano, com a seguinte interrogação: “Quando a alma (o psíquico) teria sido criada”?  Mais do que a história do Ovo e Galinha!

E a opinião mais corrente dos autores da Idade Média (Tomás de Aquino) foi que... “Ela começaria a existir no momento da fecundação, quando houvesse a penetração do Gameta no Óvulo – por obra mediata, ou imediata, de Deus” (nesse exato momento, ou um pouco posterior, não importa).

Estou querendo dizer que a Psique humana não incorre nos mesmos problemas genéticos do corpo. Isto é uma grande sorte para nós e, também, mostra-nos a possibilidade de um desenvolvimento notável!
Quando mais próximos da nossa Natureza, mais perto estamos da nossa Realidade. Ou seja, que analisando nossa estrutura fundamental, vemos:
  • na Base, os Sentimentos;
  • depois, a Intuição e,
  • a Consciência.
Porém, quando entramos no Raciocínio e na Vontade, mais pertencente ao “Reino do Homem”, é que poderemos notar todo o desvio que realizamos em relação à Vida, ao Amor, à Verdade.
Tal fenômeno demonstra também a Perfeição do Ser Humano, mesmo na "capacidade de errar pra acertar", no "livre arbítrio", no fator de união Corpo & Alma e, principalmente, a validade do organismo (físico) no existir humano:
“... quanto maior o respeito que tivermos a um e ao outro (matéria e espírito), mais perfeitos seremos em toda a nossa conduta”.
Saibam todos e considerem: a Doença é a Elaboração, portanto, "mais refinada", por tal dita "ser diabólica",  enquanto que a Sanidade está na Simplicidade.
Henri Bérgson - foi um filósofo e diplomata francês. Conhecido principalmente por Ensaios sobre os dados imediatos da consciência, Matéria e Memória, A evolução criadora e As duas fontes da moral e da religião. Recebeu o Nobel de Literatura de 1927. Nasceu em 18/10/1859, falecendo aos 81 anos em 04/01/1941, disse que:
“o princípio da filosofia estava nela” – eu digo mais...
“A própria Vida, a Base, a Origem residem no que é mais simples possível. O ser humano só pode criar uma coisa: a Patologia. Todos os sistemas que inventou falharam, porque são geralmente opostos à realidade. A atitude de Sanidade consiste em um esforço contínuo para permanecer na Realidade, pois a invertemos e, agora, tentamos continuar no Dolo, mas sem as suas consequências nefastas. Sanidade são os momentos de aceitação da Realidade. Só o fato de termos vida deve ser um motivo constante de alegria porque Existir não pode significar outra coisa do que ser e, Ser é a Felicidade, o Bem e a Glória”!
Desejemos ou não, temos o mesmo destino de nosso Criador, o Grande Arquiteto do Universo e, este fato está gravado em cada pedaço de nosso corpo, em cada recanto da Alma – e, como todos sabemos, a finalidade de Deus é o bem eterno. Este é o único motivo de nosso adoecimento: não querer ser feliz, “imortal” e “eterno” (quanto ao futuro), segundo a imagem e semelhança de quem nos criou.
Roberto Costa Ferreira, Set. 2011 – FEESP/SP,
Reavaliado e estruturado para a Psicografia, 12/11/16.