Grau°

terça-feira, 24 de abril de 2018

RÁ-TIM-BUM


Rá-tim-bum não é nem nunca foi uma maldição... Isso é uma superstição sem base bíblica nem histórica. Devemos ter a maturidade para analisar o que ouvimos e rejeitar mentiras bobas. “Examinai tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses 5:21 acf.). Quando nos deixamos levar por esse tipo de coisas, isso desvia a atenção do verdadeiro evangelho. A tolice de tomar posições extremas sobre assuntos secundários traz vergonha e dificulta a pregação da verdade.

Não é bom dar atenção a mitos, cuja narrativa de caráter simbólico-imagético, relaciona-se a uma dada cultura, que procura explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origens de certas coisas, por vezes crenças comuns consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um universo puramente fantasioso, a exemplo do ÁUDIO que, adiante e abaixo inseri propositalmente. Quase convincente!

Rá-tim-bum é uma onomatopeia, uma figura de linguagem que permite o uso de vocábulos para  imitar o som de alguma coisa. Nesse caso, rá-tim-bum imita o som de coisas festivas, como tambores e pratos. A palavra surgiu no Brasil por volta dos anos 1920/30 e não existe em nenhuma outra língua (nem é usada em outros países de língua portuguesa).

Ao contrário do que dizem alguns rumores sem fundamento, rá-tim-bum não tem nenhuma ligação com feitiçaria, com a Pérsia, nem o mundo medieval... Surgiu no Brasil, como parte da celebração de aniversário e é uma palavra moderna, tipicamente brasileira. Qualquer associação à maldição ou bruxaria não tem base na verdade.

Sua origem é inusitada: o ‘rá-tim-bum’ teria surgido nos corredores da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), na década de 1920. Naquela época, um RAJÁ indiano proveniente da região de Kapurtala (governante, um tipo de título proveniente da palavra ‘rajan’ que em sânscrito significa “rei”, termo que designa os príncipes dos Estados que deram origem à Índia), chamado “Timbum” visitou a faculdade. Evidente. Não demorou muito para os festivos e contagiantes estudantes começarem a brincar com a sonoridade do nome do nobre sujeito.

Os aspirantes a advogados fizeram uma bordão, dos muitos produzidos à época, juntando "rajá com timbum", dando chance aos mesmos de incorporar, ao final dos seus cantos novo grito de guerra: "Ra-já-Tim-bum!" Com o tempo, o “” foi deixando de ser pronunciado e virou "rá-tim-bum". Aliás, toda a segunda parte da canção “Parabéns a Você” nasceu também nos corredores da Faculdade de Direito da USP - Largo São Francisco/SP,  também: 
É o Pic-pic, é o Pic-pic, é o Pic-pic!
Era uma saudação ao estudante Ubirajara Martins  de Souza, bacharelado por tal faculdade em 1927.
O cara era vaidoso e conhecido entre os colegas  pelo apelido de "Pic-Pic" porque, portador de barba imponente usava uma tesourinha cujo peculiar som de corte para aparar a barba e o bigode pontiagudo, sempre ecoava: "pic, pic, pic, pic”.
Meia hora, meia hora, é hora, é hora, é hora!”
Era outro bordão dos estudantes usado nos bares próximos à faculdade - famosas Leiterias. Eles precisavam esperar meia hora por uma nova rodada de cerveja, tempo de a bebida gelar nas "barras de gelo" usadas então. Quando chegava o tão aguardado momento, gritavam: “É meia hora, é hora, é hora, é hora, é hora!”.

Todas essas frases eram cantadas no principal bar de encontro: o Ponto Chic, situado no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, mas de um jeito  diferente de como conhecemos hoje. A versão original era algo como: “Pic-pic, pic-pic, meia hora, é hora, é hora, é hora, rá, já, tim, bum!

A explicação para que "o grito de guerra" de uma faculdade paulistana virasse hit nacional é a seguinte: os estudantes eram figuras bastante conhecidas na sociedade paulistana e, portanto, eram convidados para prestigiar aniversários e lá, animavam a festa com as músicas que inventavam. Foi assim que o "rá-tim-bum" virou presença obrigatória em aniversários de norte a sul do Brasil, partindo das Arcadas.

Enfim, parafraseando a Bertolt Brecht, personagem vivido pelo comediante Mário Tupinambá, que interpretava dita figura da “Escolinha do Professor Raimundo”, acostumado a repetir sempre a frase:

“A inguinorança é que astravanca o pogressio!” É realmente a ignorância estimulada por incompetentes.

Roberto Costa Ferreira, 20Abr2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A desinformação é o ato de silenciar ou manipular a verdade, habitualmente nos meios de comunicação de massa. O meu dever de publicar o que penso e escrevo e incontornável, absolutamente imprescindível!

Então, você pode, durante tomar um café, aprofundar-se numa agradável e suficiente leitura e até, ao mesmo tempo, ouvir uma boa música. Encontrar tudo isso através deste meu blog - #GRAUᴼ - é algo muito suficiente... E necessário!

As relações entre Educação, cultura e conhecimento são sempre polissêmicas e provocativas. Neste acesso, trago para sua leitura diversas experiências, perspectivas, reflexões... Encontros que se fazem em diferentes ãmbitos: literatura, música, dança, teatro, artes visuais, educação física, mídia, etc.

E considere: é entre a manifestação da literatura, as artes visuais, a música, a dança e o teatro que a educação e o conhecimento acontecem fora do curricular, do convencional!