Rá-tim-bum não é nem nunca foi
uma maldição... Isso é uma superstição sem base bíblica nem histórica. Devemos
ter a maturidade para analisar o que ouvimos e rejeitar mentiras bobas. “Examinai
tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses
5:21 acf.). Quando nos deixamos levar por esse tipo de coisas, isso desvia
a atenção do verdadeiro evangelho. A tolice de tomar posições extremas sobre
assuntos secundários traz vergonha e dificulta a pregação da verdade.
Não é bom dar atenção a mitos, cuja
narrativa de caráter simbólico-imagético, relaciona-se a uma dada cultura, que
procura explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens,
a origens de certas coisas, por vezes crenças comuns consideradas sem
fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um
universo puramente fantasioso, a exemplo do ÁUDIO que, adiante e abaixo
inseri propositalmente. Quase convincente!
Rá-tim-bum é uma onomatopeia, uma figura de linguagem que permite o
uso de vocábulos para imitar o som de alguma coisa. Nesse caso,
rá-tim-bum imita o som de coisas festivas, como tambores e pratos. A palavra
surgiu no Brasil por volta dos anos 1920/30 e não existe em nenhuma outra
língua (nem é usada em outros países de língua portuguesa).
Ao contrário do que dizem alguns
rumores sem fundamento, rá-tim-bum
não tem nenhuma ligação com feitiçaria, com a Pérsia, nem o mundo medieval...
Surgiu no Brasil, como parte da celebração de aniversário e é uma palavra
moderna, tipicamente brasileira. Qualquer associação à maldição ou bruxaria
não tem base na verdade.
Sua origem é inusitada: o ‘rá-tim-bum’ teria surgido nos corredores
da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo
(USP), na década de 1920. Naquela época, um RAJÁ indiano proveniente da região
de Kapurtala (governante, um tipo de título proveniente da palavra ‘rajan’ que em sânscrito significa “rei”,
termo que designa os príncipes dos Estados que deram origem à Índia), chamado “Timbum”
visitou a faculdade. Evidente. Não demorou muito para os festivos e
contagiantes estudantes começarem a brincar com a sonoridade do nome do nobre
sujeito.
Os aspirantes a advogados fizeram
uma bordão, dos muitos produzidos à época, juntando "rajá com timbum", dando chance aos mesmos de incorporar, ao
final dos seus cantos novo grito de guerra: "Ra-já-Tim-bum!" Com o tempo, o “já” foi deixando de ser pronunciado e virou "rá-tim-bum". Aliás, toda a segunda
parte da canção “Parabéns a Você” nasceu também nos corredores da Faculdade de
Direito da USP - Largo São Francisco/SP, também:
“É o Pic-pic, é o Pic-pic, é o Pic-pic!”
Era uma saudação ao estudante Ubirajara Martins de Souza, bacharelado por tal
faculdade em 1927.
O cara era vaidoso e conhecido
entre os colegas pelo apelido de "Pic-Pic" porque, portador de barba imponente usava uma
tesourinha cujo peculiar som de corte para aparar a barba e o bigode
pontiagudo, sempre ecoava: "pic,
pic, pic, pic”.
“Meia hora, meia hora, é hora, é hora, é hora!”
Era outro bordão dos estudantes usado nos bares próximos à faculdade - famosas
Leiterias. Eles precisavam esperar meia hora
por uma nova rodada de cerveja, tempo de a bebida gelar nas "barras de gelo" usadas então.
Quando chegava o tão aguardado momento, gritavam: “É meia hora, é hora, é hora, é hora, é hora!”.
Todas essas frases eram cantadas
no principal bar de encontro: o Ponto Chic, situado
no Largo do Paissandu, no centro de
São Paulo, mas de um jeito diferente de como conhecemos hoje. A versão
original era algo como: “Pic-pic, pic-pic, meia hora, é hora, é hora,
é hora, rá, já, tim, bum!”
A explicação para que "o grito de guerra" de uma faculdade
paulistana virasse hit nacional é a
seguinte: os estudantes eram figuras
bastante conhecidas na sociedade paulistana e, portanto, eram convidados para
prestigiar aniversários e lá, animavam a festa com as músicas que inventavam.
Foi assim que o "rá-tim-bum" virou presença obrigatória em
aniversários de norte a sul do Brasil, partindo das Arcadas.
Enfim, parafraseando a Bertolt Brecht, personagem vivido pelo
comediante Mário Tupinambá, que
interpretava dita figura da “Escolinha
do Professor Raimundo”, acostumado a repetir sempre a frase:
“A inguinorança é que astravanca
o pogressio!” É realmente a ignorância estimulada por incompetentes.
Roberto Costa Ferreira,
20Abr2018.
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