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A Palavra - A pá lavra |
Do
latim “pala”, pá de cavar. Utensílio que consiste numa lâmina larga e chata, de
ferro ou madeira, como se fosse uma grande colher, adaptado a um cabo
comprido, usado em atividades agrícolas, etc., cavando o solo, removendo
a terra, areia, carvão, lixo... Ainda, o braço de hélice ou de outro
instrumento rotativo similar.
A
Pá de cal... “Jogar uma Pá de cal”.
Tal
expressão popular que remete ao costume de se encerrar um sepultamento com a
cal. Tal procedimento maximiza a decomposição e evita a contaminação do solo.
Ainda, “encerrar”, “dar por acabado”... É dizer que fará uma
última referência a um assunto não prazeroso.
A LAVRA
Cuja
ação ou efeito que compreende preparar a terra para o cultivo, a lavoura,
utilizando ferramenta ou aparelho agrícola; revirar. Bordar ou realizar
ornamentos em: Lavrar uma peça em ouro.
Lavra
ainda é sinônimo de CULTIVAÇÃO... De FABRICAÇÃO: vinho da sua lavra, LABORAÇÃO:
versos da minha lavra, tendo por ANAGRAMA, entre outras “lavar”, “alvar” e “varal”!
Assim,
passemos ao exercício de reflexão sobre as possibilidades de realização de “juntura
de palavras”, cujo fenômeno significa “juntura intervocabular”.
A PALAVRA
“A
palavra tem o dom de ferir...!” Podem, as palavras, até curar, mas também, “ferir profundamente quem as ouve”!
Um
ferimento positivo, claro, nem
sempre fere negativamente. Nem
sempre a gente tem a oportunidade de “ser ferido” de maneira positiva pela
palavra!
É
tão mais comum a gente “ser ferido”
pelo lado negativo dela... Mas a palavra é uma “pá que lavra”, que abre a terra “... Da mesma forma que nós
precisamos “abrir os sulcos” para que
as sementes sejam depositadas!
Então,
você olha para aquele chão duro e, quando possível, é preciso “passar um maquinário... Se o tivermos!”
Se não, “vamos à nossa enxadinha mesmo”!
Eu
me lembro de que, tantas das vezes ajudei a minha mãe “a fazer canteiros”... (Conversávamos sonhando com o futuro
possível) Então a gente plantava os nossos sonhos! As alfaces, “as nossas
alfaces”, “nossas couves”... Almeirões e tomatinhos!
Um
pouco já fui agricultor também, no sonhar de minha mãe! A gente adubava aquela
terra... Sendo que o Primeiro Passo
era “quebrar a dureza”! Com uma “enxadinha de pensar” ela me ensinava e a
gente “ia revirando aquela terra”...
E a medida que a gente revirava a terra, a gente ia ferindo aquele chão, a
gente ia jogando adubo que, na verdade, “eram
os estercos que a gente catava”... Também já “passei por esta humilhação”: de
recolher BOSTA!
Feliz humilhação! No fim do dia “você precisava ser jogado fora”, pelo cheiro que ficava! Sim, a
gente nos sonhos, também passeava pelos pastos e coletava BOSTA! Então, juntos,
a gente “cortava aquela terra”, “lavrava”... Logo, o lavrador é aquele
que lavra!
Desse
modo eu tenho comigo uma “Pá que Lavra”!
Que abre os sulcos pra que eu tenha condições de jogar ali as minhas
sementes... Nós somos assim também!
A
estrutura mental precisa ser ferida, necessita sofrer a “poda neural” para
aprender. Foi tão interessante descobrir que “o aprendizado é outra coisa senão o ferimento delicado cerebral”!
Quando
eu tenho o “registro de uma informação que até então eu não tinha, e o cérebro,
quanto mais ele conhece mais ele vai ficando cicatrizado”...
As
inúmeras formulações que nós vamos fazendo, as sinapses que vão me permitindo
conhecer, aprender as coisas do mundo, tudo porque um dia eu “exercitei ler, ouvir”, e aquilo foi
guardado “dentro de mim”, tornou-se
uma informação, começou a fazer parte de mim e depois você já não consegue nem
mais “separar-se daquilo que você sabe”... É você!
É
tão interessante que o crescimento muscular é a mesma coisa. Não cresce
o músculo todo, deitadinho, esperando as coisas acontecerem... Se faz um
esforço, provoca nele uma “micro lesão”
que depois o alimento, o sono, importantíssimo, vão sedimentar uma “cicatrização”, tornando-te mais forte!
"Os especialistas dizem que quanto mais a gente fortalece a nossa musculatura na juventude, menos dores a gente sentirá na velhice”!
O
músculo precisa ser forte... Eu me lembro de que quando a minha mãe foi fazer
uma cirurgia na perna, sob o risco de trombose, já com avançada idade, o médico
comentou: “Que musculatura forte tem a sua mãe”!
E
não foi nas academias que ela adquiriu tal consistência naquela musculatura...
Foi fazendo “agachamento, curvando-se
para pegar a roupa lavada e torcida na bacia, após cobrar-se no tanque para
esfregá-las e então, levantar-se para, na ponta dos pés, alcançar o alto varal
em bambu, pendurando a roupa limpa, quer no frio, ou sob intenso sol de verão”!
Assim,
a musculatura forte também “ela foi
lavrada” todo dia, “pelo esforço,
pelo sacrifício, ela cresceu, tornou-se forte, envelheceu”... A mesma coisa a nossa mente!
O
profeta, quando ele “lavrava as
consciências das pessoas, era justamente para transformá-las”... Qual
era a grande missão do profeta?
“Dizer
o que a gente não estava acostumada a ouvir!”
Havia
um modo de viver que já estava assimilado, perfeitamente assimilado, uma
maneira religiosa, social, costumes... Sim! Nós estamos todos moldados
dentro de uma mentalidade...
E “o profeta é justamente aquele que percebe que dentro dessa forma de
viver, dentro dessa cultura, há aspectos que nos ‘desumanizam’, como um dia foi
natural “olhar para o negro” e
entende-lo como um ser de 2ª grandeza”!
Sim,
pensar que um dia isso foi aceitável... Isso foi jurídico!
Nos
EUA, até o século passado admitia-se a possibilidade de “separar os lugares... Aqui os brancos, ali os negros”... E as
pessoas achavam isso normalíssimo. De repente uma voz se ergue! Aliás, fez 50
anos recentemente que ele morreu...
Martin Luther King Jr., um pastor protestante que ousou
dizer:
“Não, nós não somos inferiores a vocês só porque somos negros... Somos filhos do mesmo Pai... Apenas somos diferentes”!
E
este homem sofreu, sofreu, sofreu, “mas
ele semeou nas novas consciências”. Ele semeou, ele lavrou, com a sua
palavra, com a sua “forma inconformada”
de compreender o mundo!
A
possibilidade de estarmos hoje, todos juntos e sentados no mesmo lugar, espaço,
e nos soaria ”extremamente desagradável”
se alguém entre nós se sentisse melhor que o outro “devido à sua cor”!
Infelizmente
ainda soa estranho, natural entre nós a gente ‘se achar estranho’ porque temos uma posição política diferente, ou
porque temos uma classe social que se acha superior, que temos um pouco mais de
conhecimento... Mas as vozes, as palavras dos profetas vão “abrindo as nossas mentes para que ‘o novo
sangue corra”!
Para
que a gente ache, sim, estranho um
ser humano tratar outro (ser humano) de maneira desrespeitosa, “porque ele sabe mais... ou porque ele tem
mais dinheiro”! É assim que a gente evolui... As “casas grandes” que nós construímos, eles acham tudo isso um
absurdo! Porque eles querem viver, eles querem ser livres, eles querem
trabalhar a possibilidade de se casar, de sair deste lugar aqui e morar num
outro...
Carro pra que mãe! Se estivesse viva eu diria... Ando de UBER, vou de ônibus... Não
quero ter essa despesa, não quero ter esse trabalho, mãe! Nós vamos comprar
um apto! Não mãe, pelo amor de Deus! Vou morar de aluguel porque se não gostar,
vou morar noutro lugar... Posso mudar!
Nós
não...! São outras mentes... Estão “lavradas”
pela modernidade que eu não! Se é bom ou ruim, ‘ainda é cedo para se dizer, poder avaliar’!
O
que eu sei é que nós somos necessitados de “PÁ
que lavre a nossa mente”, pra gente não morrer na mesmice! E se tem
uma “PÁ” que:
“eu gosto de fazer cavar no chão da minha vida, é a certeza do amor de Deus por mim”!
E
se tem uma “PÁ” que eu gosto de quebrar no solo das pessoas:
“É
esta certeza de que nós somos filhos da misericórdia, que não há nada que não
tenhamos feito nessa vida, que possa nos tirar da ‘certeza de que Ele nos ama’,
que ele cuida de nós”!
Lavre a sua mente! E permita que a certeza desse amor
do Senhor por você seja o seu escudo, seja a sua proteção!
Roberto
Costa Ferreira, 30Mar2018 – Paixão Cristo/Iniciação
– restando também à conhecer do amigo padre em 09Abr2018.
A PÁ e a LAVRA –
PALAVRA
Este artigo constitui-se em um exercício de reflexão sobre as
possibilidades de realização de juntura de palavras no português
brasileiro cantado, a fim de contribuir como uma ferramenta para os cantores e
professores de canto e dicção em português brasileiro. A proposta partiu de um
estudo das normas para a pronúncia do português brasileiro de 1938 e 1958, que
já abordaram o tema, em conjunto com a análise das normas atuais, publicadas em
2007. Palavras-chave: Português
brasileiro cantado; Juntura de palavras; Pronúncia do português brasileiro.
Constitui o fenômeno de juntar sílabas em palavras ou juntar
palavras em frases.
“Muitas vezes a palavra juntura
é usada significando ‘juntura
intervocabular’, ficando especificada como juntura silábica só
quando se referir às sílabas”.
(IMAGUIRE, p. 1, 2011. Grifo nosso).
Vale dizer que as normas apresentadas nos Anais do Primeiro
Congresso da Língua Nacional Cantada, de 1938, partiram de um anteprojeto
elaborado por Mário de Andrade. Teve
como norte, obras de foneticistas como Antenor
Nascentes, Sousa da Silveira e Renato Mendonça, além de um relatório
apresentado ao Diretor Geral da
Instrução Pública do Distrito Federal, pela Comissão nomeada para
estudar a pronúncia carioca – “Boletim
de Educação Pública” ano I, n° 4.
Também as normas expostas nos Anais do Primeiro Congresso
Brasileiro de Língua Falada no Teatro8, de 1958, abordam este tema com os
seguintes títulos: “Da contigüidade de
vogais ou ditongos finais de vocábulos com vogais ou ditongos iniciais de
vocábulos”; “Da contigüidade de
consoante final de vocábulo com fonema inicial de vocábulo”. Resumidamente
estão descritos no link:
Desde a publicação das atuais Normas para a Pronúncia do
Português Brasileiro no Canto Erudito na Revista Opus2,
em 2007, e no Journal of Singing3,
em 2008, estas tem sido alvo constante de discussões e de propostas de
revisões, a fim de se aprimorar os seus aspectos formais, para a melhor
aplicação prática por parte dos cantores e professores de canto e dicção em
português brasileiro (PB).
Dentre os pontos de revisão está o da juntura de palavras. A pesquisa é complexa porque os casos são
extensos, necessitando cada um deles de uma análise criteriosa. Além disso,
outra dificuldade que se impõem é a de se formatar os resultados em uma tabela,
como estão formatadas as normas atuais. Assim,
objetiva-se neste artigo expor preliminarmente as normas que já trataram deste
tema no PB cantado e, a partir das normas atuais, propor algumas soluções para
as junturas de palavras em peças
eruditas em PB.
Roberto Costa Ferreira,
30Mar2018.
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