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quarta-feira, 9 de maio de 2018

A PÁ e a LAVRA – PALAVRA


A Palavra - A pá lavra
A Pá

Do latim “pala”, pá de cavar. Utensílio que consiste numa lâmina larga e chata, de ferro ou madeira, como se fosse uma grande colher, adaptado a um cabo comprido,  usado em atividades agrícolas, etc., cavando o solo, removendo a terra, areia, carvão, lixo... Ainda, o braço de hélice ou de outro instrumento rotativo similar.

A Pá de cal... “Jogar uma Pá de cal”.
Tal expressão popular que remete ao costume de se encerrar um sepultamento com a cal. Tal procedimento maximiza a decomposição e evita a contaminação do solo. Ainda, “encerrar”, “dar por acabado”... É dizer que fará uma última referência a um assunto não prazeroso.

A LAVRA
Cuja ação ou efeito que compreende preparar a terra para o cultivo, a lavoura, utilizando ferramenta ou aparelho agrícola; revirar. Bordar ou realizar ornamentos em: Lavrar uma peça em ouro.

Lavra ainda é sinônimo de CULTIVAÇÃO... De FABRICAÇÃO: vinho da sua lavra, LABORAÇÃO: versos da minha lavra, tendo por ANAGRAMA, entre outras “lavar”, “alvar” e “varal”!
Assim, passemos ao exercício de reflexão sobre as possibilidades de realização de “juntura de palavras”, cujo fenômeno significa “juntura intervocabular”.

A PALAVRA


“A palavra tem o dom de ferir...!” Podem, as palavras, até curar, mas também, “ferir profundamente quem as ouve”!
Um ferimento positivo, claro, nem sempre fere negativamente. Nem sempre a gente tem a oportunidade de “ser ferido” de maneira positiva pela palavra!

É tão mais comum a gente “ser ferido” pelo lado negativo dela... Mas a palavra é uma “pá que lavra”, que abre a terra “... Da mesma forma que nós precisamos “abrir os sulcos” para que as sementes sejam depositadas!
Então, você olha para aquele chão duro e, quando possível, é preciso “passar um maquinário... Se o tivermos!” Se não, “vamos à nossa enxadinha mesmo”!

Eu me lembro de que, tantas das vezes ajudei a minha mãe “a fazer canteiros”... (Conversávamos sonhando com o futuro possível) Então a gente plantava os nossos sonhos! As alfaces, “as nossas alfaces”, “nossas couves”... Almeirões e tomatinhos!
Um pouco já fui agricultor também, no sonhar de minha mãe! A gente adubava aquela terra... Sendo que o Primeiro Passo era “quebrar a dureza”! Com uma “enxadinha de pensar” ela me ensinava e a gente “ia revirando aquela terra”... E a medida que a gente revirava a terra, a gente ia ferindo aquele chão, a gente ia jogando adubo que, na verdade, “eram os estercos que a gente catava”... Também já “passei por esta humilhação”: de recolher BOSTA!

Feliz humilhação! No fim do dia “você precisava ser jogado fora”, pelo cheiro que ficava! Sim, a gente nos sonhos, também passeava pelos pastos e coletava BOSTA! Então, juntos, a gente “cortava aquela terra”, “lavrava”... Logo, o lavrador é aquele que lavra!
Desse modo eu tenho comigo uma “Pá que Lavra”! Que abre os sulcos pra que eu tenha condições de jogar ali as minhas sementes... Nós somos assim também!

A estrutura mental precisa ser ferida, necessita sofrer a “poda neural” para aprender. Foi tão interessante descobrir que “o aprendizado é outra coisa senão o ferimento delicado cerebral”!
Quando eu tenho o “registro de uma informação que até então eu não tinha, e o cérebro, quanto mais ele conhece mais ele vai ficando cicatrizado”...

As inúmeras formulações que nós vamos fazendo, as sinapses que vão me permitindo conhecer, aprender as coisas do mundo, tudo porque um dia eu “exercitei ler, ouvir”, e aquilo foi guardado “dentro de mim”, tornou-se uma informação, começou a fazer parte de mim e depois você já não consegue nem mais “separar-se daquilo que você sabe”... É você!
É tão interessante que o crescimento muscular é a mesma coisa. Não cresce o músculo todo, deitadinho, esperando as coisas acontecerem... Se faz um esforço, provoca nele uma “micro lesão” que depois o alimento, o sono, importantíssimo, vão sedimentar uma “cicatrização”, tornando-te mais forte!

"Os especialistas dizem que quanto mais a gente fortalece a nossa musculatura na juventude, menos dores a gente sentirá na velhice”!
O músculo precisa ser forte... Eu me lembro de que quando a minha mãe foi fazer uma cirurgia na perna, sob o risco de trombose, já com avançada idade, o médico comentou: “Que musculatura forte tem a sua mãe”!

E não foi nas academias que ela adquiriu tal consistência naquela musculatura... Foi fazendo “agachamento, curvando-se para pegar a roupa lavada e torcida na bacia, após cobrar-se no tanque para esfregá-las e então, levantar-se para, na ponta dos pés, alcançar o alto varal em bambu, pendurando a roupa limpa, quer no frio, ou sob intenso sol de verão”!
Assim, a musculatura forte também “ela foi lavrada” todo dia, “pelo esforço, pelo sacrifício, ela cresceu, tornou-se forte, envelheceu”... A mesma coisa a nossa mente!

O profeta, quando ele “lavrava as consciências das pessoas, era justamente para transformá-las”... Qual era a grande missão do profeta?

“Dizer o que a gente não estava acostumada a ouvir!”
Havia um modo de viver que já estava assimilado, perfeitamente assimilado, uma maneira religiosa, social, costumes... Sim! Nós estamos todos moldados dentro de uma mentalidade...


E “o profeta é justamente aquele que percebe que dentro dessa forma de viver, dentro dessa cultura, há aspectos que nos ‘desumanizam’, como um dia foi natural “olhar para o negro” e entende-lo como um ser de 2ª grandeza”!
Sim, pensar que um dia isso foi aceitável... Isso foi jurídico!

Nos EUA, até o século passado admitia-se a possibilidade de “separar os lugares... Aqui os brancos, ali os negros”... E as pessoas achavam isso normalíssimo. De repente uma voz se ergue! Aliás, fez 50 anos recentemente que ele morreu...
Martin Luther King Jr., um pastor protestante que ousou dizer:

“Não, nós não somos inferiores a vocês só porque somos negros... Somos filhos do mesmo Pai... Apenas somos diferentes”!
E este homem sofreu, sofreu, sofreu, “mas ele semeou nas novas consciências”. Ele semeou, ele lavrou, com a sua palavra, com a sua “forma inconformada” de compreender o mundo!

A possibilidade de estarmos hoje, todos juntos e sentados no mesmo lugar, espaço, e nos soaria ”extremamente desagradável” se alguém entre nós se sentisse melhor que o outro “devido à sua cor”!
Infelizmente ainda soa estranho, natural entre nós a gente ‘se achar estranho’ porque temos uma posição política diferente, ou porque temos uma classe social que se acha superior, que temos um pouco mais de conhecimento... Mas as vozes, as palavras dos profetas vão “abrindo as nossas mentes para que ‘o novo sangue corra”!

Para que a gente ache, sim, estranho um ser humano tratar outro (ser humano) de maneira desrespeitosa, “porque ele sabe mais... ou porque ele tem mais dinheiro”! É assim que a gente evolui... As “casas grandes” que nós construímos, eles acham tudo isso um absurdo! Porque eles querem viver, eles querem ser livres, eles querem trabalhar a possibilidade de se casar, de sair deste lugar aqui e morar num outro...
Carro pra que mãe! Se estivesse viva eu diria... Ando de UBER, vou de ônibus... Não quero ter essa despesa, não quero ter esse trabalho, mãe! Nós vamos comprar um apto! Não mãe, pelo amor de Deus! Vou morar de aluguel porque se não gostar, vou morar noutro lugar... Posso mudar!

Nós não...! São outras mentes... Estão “lavradas” pela modernidade que eu não! Se é bom ou ruim, ‘ainda é cedo para se dizer, poder avaliar’!
O que eu sei é que nós somos necessitados de “PÁ que lavre a nossa mente”, pra gente não morrer na mesmice! E se tem uma “” que:

“eu gosto de fazer cavar no chão da minha vida, é a certeza do amor de Deus por mim”!  
E se tem uma “PÁ” que eu gosto de quebrar no solo das pessoas:

“É esta certeza de que nós somos filhos da misericórdia, que não há nada que não tenhamos feito nessa vida, que possa nos tirar da ‘certeza de que Ele nos ama’, que ele cuida de nós”! 
Lavre a sua mente! E permita que a certeza desse amor do Senhor por você seja o seu escudo, seja a sua proteção!


Roberto Costa Ferreira, 30Mar2018 – Paixão Cristo/Iniciação

 restando também à conhecer do amigo padre em 09Abr2018.

A PÁ e a LAVRA – PALAVRA

Este artigo constitui-se em um exercício de reflexão sobre as possibilidades de realização de juntura de palavras no português brasileiro cantado, a fim de contribuir como uma ferramenta para os cantores e professores de canto e dicção em português brasileiro. A proposta partiu de um estudo das normas para a pronúncia do português brasileiro de 1938 e 1958, que já abordaram o tema, em conjunto com a análise das normas atuais, publicadas em 2007. Palavras-chave: Português brasileiro cantado; Juntura de palavras; Pronúncia do português brasileiro.

Constitui o fenômeno de juntar sílabas em palavras ou juntar palavras em frases.

“Muitas vezes a palavra juntura é usada significando ‘juntura intervocabular’, ficando especificada como juntura silábica só quando se referir às sílabas”.

(IMAGUIRE, p. 1, 2011. Grifo nosso).

Vale dizer que as normas apresentadas nos Anais do Primeiro Congresso da Língua Nacional Cantada, de 1938, partiram de um anteprojeto elaborado por Mário de Andrade. Teve como norte, obras de foneticistas como Antenor Nascentes, Sousa da Silveira e Renato Mendonça, além de um relatório apresentado ao Diretor Geral da Instrução Pública do Distrito Federal, pela Comissão nomeada para estudar a pronúncia carioca – “Boletim de Educação Pública” ano I, n° 4.

Também as normas expostas nos Anais do Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no Teatro8, de 1958, abordam este tema com os seguintes títulos: “Da contigüidade de vogais ou ditongos finais de vocábulos com vogais ou ditongos iniciais de vocábulos”; “Da contigüidade de consoante final de vocábulo com fonema inicial de vocábulo”. Resumidamente estão descritos no link:


Desde a publicação das atuais Normas para a Pronúncia do Português Brasileiro no Canto Erudito na Revista Opus2, em 2007, e no Journal of Singing3, em 2008, estas tem sido alvo constante de discussões e de propostas de revisões, a fim de se aprimorar os seus aspectos formais, para a melhor aplicação prática por parte dos cantores e professores de canto e dicção em português brasileiro (PB).

Dentre os pontos de revisão está o da juntura de palavras. A pesquisa é complexa porque os casos são extensos, necessitando cada um deles de uma análise criteriosa. Além disso, outra dificuldade que se impõem é a de se formatar os resultados em uma tabela, como estão formatadas as normas atuais. Assim, objetiva-se neste artigo expor preliminarmente as normas que já trataram deste tema no PB cantado e, a partir das normas atuais, propor algumas soluções para as junturas de palavras em peças eruditas em PB.

Roberto Costa Ferreira, 30Mar2018.




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