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Enviado especial: 25
anos ao redor do mundo – O Livro
Por Clóvis Rossi
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Este livro apresenta uma
coletânea de artigos escritos por Clóvis Rossi nos anos em que foi
correspondente internacional. São exemplos de um jornalismo feito com
sensibilidade, ética e verdade. Recomendável para jornalistas e estudantes de
Jornalismo. Mas é também indicado para quem queira conhecer acontecimentos de
ontem que ainda são fatos do mundo conturbado de hoje.
Apresenta um conjunto das
reportagens deste meu amigo, muito reservado e "das antigas",
realizado em missões ao Chile, Argentina, Portugal, Espanha, Cuba, América
Central, África, Uruguai e Israel, além de matérias sobre economia, emprego,
personalidades e esporte.
Ele, somando no dia de hoje 76 anos,
seis além do meu tempo, se foi depois de uma quinta-feira 13, tendo nascido
nesta minha cidade de São Paulo e no dia de seu aniversário - 25 de Janeiro - e que, coincidentemente, reunimos um mesmo tipo de padrão para o uso
da barba/bigode. Porém, um micro infarto na sexta (7) deste mês o acometeu,
tendo suportado uma angioplastia, recebeu um stent e, na terça (11) de outra
angioplastia, com mais quatro stents. Um raçudo!
Um "puro-sangue", cavaleiro da arte real, que tinha a garra de um
foca e sabedoria de um veterano, um gigante que apreciaria o trocadilho pueril
com seu 1,98 m de altura. Muito digno também cavaleiro da Ordem do Rio Branco,
conferida pelo governo brasileiro por decreto. E também cavaleiro da Ordem do
Mérito, atribuída pelo governo francês, durante a presidência de François
Hollande.
Descendente de italianos, Rossi nasceu e habitamos determinado tempo de nossas vidas, coincidentemente, no bairro do Bixiga e seu pai Olavo era vendedor de máquinas, se é que me lembro, enquanto por parte de mãe, as nossas tinham o mesmo nome: OLGA! Já o conhecia por lá e, em outra curva do destino nos encontramos no Jornal Folha de São Paulo. Ocasionalmente nos falávamos, algumas na madrugada. De sua esposa Catarina Clotilde, hoje viúva, em breve encontro na oportunidade que coordenava Políticas Públicas para Mulheres na Secretaria de Direitos Humanos na Prefeitura de São Paulo, isto em 2017, quando indagada, disse-me que, "apesar de sempre disposto e muito alegre, estava um pouco mais triste com as coisas de nossa terra"!
É muito estranho ouvir dizer, de
um homem alegre e tão grande, que “alguma
coisa pequena entupiu o seu grande coração, como a um pequeno infarto”! E que, ao longo de décadas como repórter e, até o
fim da vida, sempre que tinha oportunidade lembrava às novas gerações de
jornalistas que "de nada adiantam os
esforços de tornar uma informação mais atraente, ou vendável"... E
aqui as ("") aspas se prestam adequadamente: "... se alguém não tiver ido atrás de uma fonte, feito uma
entrevista, escrito um texto". Repito: "escrito um texto"!
Um amigo reservado, distante,
porém presente, discreto e "igualmente noturno", que não tinha
vaidades, não tinha luxos, sequer frescura, avesso a esnobismo era generoso, um
humilde, como muitos entendem, por disposição fundamental da condição
espiritual... Um confidente acerca do hoje, apoiado nas experiências e práticas
do ontem, de olhos vivos para o amanhã. Um "formador, pedagogista, resiliente", e que, de modo contrário
de colegas cuja arrogância engorda com os aplausos
recebidos, Clóvis nunca se impressionou com a reverência alheia. Era
solícito e interessado por todos, dos velhos amigos, dos novos e recém
chegados, dos repórteres iniciantes, a quem dedicava elogios, aos diretores de
Redação, aos quais nunca se furtou até de contestar.
Ter entre seus muitos prêmios
um "Maria Moors Cabot", um dos mais prestigiosos do nosso
meio, atribuído pela Universidade Columbia (EUA), era para ele motivo de
orgulho, nunca de vaidade, jamais uma citação para aumentar a cotação de suas
opiniões — as quais colocava sempre no mesmo patamar daquelas de seu
interlocutor. Meu reservado e muito sereno ídolo da atualidade, momento que
tenho certeza que sua inteligência e sua doçura nos farão muita falta. Sua
coluna de Inter na Folha fará falta. Fico com um tempo de memória onde eu,
ainda jovem, ao tempo que apreciava "o
jogo da cestinha", muito admirei e o entendia um ótimo jogador de
basquete. Pena que era Palmeiras! Mas, um jornalista que assim pensava:
“O
dever fundamental do jornalista não é para com seu empregador, mas para com a
sociedade. É para ela, e não para o patrão, que o jornalista escreve.”
E ainda, sobre os “poderosos”:
“Primeiro: em geral, são
prepotentes. Dois: são desinformados
sobre a realidade que os cerca. Três:
são desinteressados das pessoas que realmente dependem deles, que geralmente
são as camadas mais humildes da população. Quatro:
são adeptos da bajulação mais rasteira” (em referência a uma entrevista à
TV Cultura).
Partiu em paz, viajou além dos braços, deitado no peito de seu amor!
Até breve, meu inesquecível e silencioso amigo.
Roberto Costa Ferreira,
14 de Junho de 2019.
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