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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Da Escola de Atenas, uma breve reflexão acerca da natureza humana!

 


Leandro,

Tudo que é previsível é efêmero! Sabe aquele livro, o qual é impossível parar de ler? Considere que é muito certo que a toda contrapartida reside uma correspondência. E bem por tal, neste dia marcante de minha vida, de sua vida, não poderia ausentar-me de redigir um texto à altura de seu merecimento, justificadamente.

Por enquanto, meus parabéns pra você! Mas, no entretanto, tenho que considerar que a vida ocorre nas circunstâncias dos encontros e que evolui em razão dos “enquanto” ... Por quantas e tantos, assim nos realizamos nos encantos!

Cabe, portanto, uma breve reflexão acerca da natureza humana... Mesmo que envolva um pouco de ciência, mas que, em geral, sobre as atividades humanas, a fim de determinar as condições que garantem tais atividades. É certo que passa por lembranças que permitem alinhar ideias que estão no âmago do meu pensar e que restam traduzidas de diferentes modos e maneiras.

Ao exemplo, trago à minha mente aquela visão magnífica da síntese pictórica que Rafael Sanzio (1483-1520), uma das grandes expressões do renascimento, construiu em seu célebre afresco “A Escola de Atenas” (1509-1511), pintado a pedido do Papa Julio II, para compor a Biblioteca do Vaticano:

·     Recoloca-se o homem no centro do universo;

·  Condensa de maneira extraordinária, como peça alegórica de plasticidade,

·   O Saber, a Ciência, a Arte, de diferentes expressões, épocas e lugares,

·     Em personagens emblemáticos, totalizando 56 figuras.

Como exemplo, refiro-me a forma teatral como Rafael colocou e organizou os grupos de personagens expressando conteúdos significativos: Platão segurando o Timeu, apontando para o Céu, gesto este que representa a ”teoria das formas” (abstrata e intangível); Aristóteles, portando a Ética, gesticulando em direção à terra, o que representa a “percepção dos sentidos”, base da sua teoria do conhecimento; ainda Sócrates que argumenta em gestos até, para um grupo de atentos ouvintes.

Notei que Rafael não excluiu possíveis atletas, os artistas da sua composição, que haviam sido expulsos da cidade por Platão, anteriormente, em A República, pessoas tais que pensam de modo diferente, otimistas e que acreditam no potencial do próximo, pensando nestes, personagens que pensam de maneira alegórica, como aquela sequência sustentada de metáforas dentro de uma obra literária, mesmo “pessoas não rigorosas”, até aquele “criador de aparências”.

Pois bem, Rafael, nesta composição se “autorretratou” ao lado de Ptolomeu, representando um de seus discípulos artistas! Certamente, o meu tributo a você, nesta especial oportunidade, é dado quando reedito o seu retrato anterior, à caráter, segurando um bolo e significativamente bem ladeado pelo filho do homem! O seu tributo à arte do triathlon que tão magnificamente abraçaste, sem outra cara “que não a sua”.

Desse modo, quando trouxe a riqueza daquele imenso afresco de Rafael e as inúmeras possibilidades de leituras que se estendem aos domínios do diálogo interdisciplinar, este tem cinco séculos... E a sua foto, quase que presente, e sua belíssima geração, traz o traço de humanidade, partindo da ideia que conduz a reencontrar a riqueza, o desenvolvimento, e as belezas que a vida proporciona, sendo certo que a diferença é a diversidade do empreendimento vital, que faz redescobrir o sábio e sua obra, em seu mundo, sua cultura, seu lugar, sua família, em seu tempo!

Em realidade, no presente artigo, solicitei-me como “pai-autor”, que trouxesse, contando alegoricamente, sua história partindo dos espaços físicos e sociais, materiais e intelectuais, nos quais, meu herói enxergou e se desenvolveu, bem como os seus novos saberes. Tudo perpassando pelos diversos personagens que compuseram, integram e promovem sua existência, cuja dinâmica é vista partindo dos lugares, pelos lidos e estudos, das instituições, dos sabores e amores que compõem sua belíssima vida!

Por finalizar, relembro um personagem – Ricardo Teixeira, 2003 – que apresentou uma tese para a área da saúde e que se ajusta à sua proposta profissional, uma oportuna leitura do filósofo Spinoza, propondo a ideia original de uma “hipotética medicina spinosana”, que se caracteriza por:

ser otimista em relação ao que se espera da natureza” e de criar, para os corpos e as almas, as melhores condições para que se amplie a potência humana de perfazer a verdade, a liberdade e a felicidade, alcançando, assim, a Grande Saúde!       

Parabéns, Leandro, felicidades constantes e plenas!

Roberto Costa Ferreira, 25 de Agosto de 2021.

PROFESSOR,   PSICANALISTA    E   PESQUISADOR

CEP UNFESP – UNIVERSIDADE FEDERAL de SÃO PAULO





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