Quinta-feira, 29 de Julho de 2021, o Dia de Santa Marta é celebrado. Hoje, quase esquecido!
Estando ausente do meu chão... Vivendo
o que estou vendo, ouvindo e coscuvilhando, subsistido o fantasma do cheiro,
verdadeira fantosmia, não caracterizando indiferença, mas sim, movido por
circunstâncias, tornei proveitoso tal tempo para cuidar, refletir acerca dos
últimos acontecimentos. Então, olhei para os céus e assim deparei-me com esta
significativa data, permitindo me ler no céu azul, concluindo: Só pode ser uma
mensagem! Era mais ... É uma homenagem da Igreja à irmã de Maria de
Betânia e Lazáro, duas figuras de destaque na narrativa bíblica!
Marta era amiga próxima de Jesus
Cristo e, graças a isso, o Messias teria ressuscitado Lázaro. De acordo com a
história, Jesus sempre ficava hospedado na casa de Marta e seus irmãos quando
viajava à Betânia. Lá ele conseguia descansar e também refletir, e se sentir à
vontade. Após a morte de Jesus, Marta e seus irmãos teriam ido à França para
fugir da perseguição contra os judeus. Em terras francesas começaram o trabalho
de evangelização até final de suas vidas. Santa Marta, portanto, é considerada
também a padroeira das cozinheiras e dos anfitriões, e a devoção popular para
esta santa teria começado durante o período das Cruzadas, celebrando Marta como
aquela que professou a sua fé em Jesus.
Marta é para nós modelo de
seguimento porque, quando Lázaro morreu e ela acolheu Jesus em sua casa, ela
mesmo disse: “Senhor, se estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. Veja,
ela acreditava que Jesus era a vida. Jesus mesmo disse a Marta: “Seu irmão
ressuscitará. Não se preocupe”. Marta responde: “Sim. Senhor, eu sei que
ele vai ressuscitar na ressurreição do último dia”. Jesus diz: “Marta, Eu sou a
ressurreição e a vida”. Marta proclama: “Eu creio firmemente que Tu és o
Messias. Eu creio que Tu és o Filho de Deus que devia vir ao mundo”. No meio da
dor, no momento em que perdeu seu próprio irmão, ela estava firme na fé!
No meio das tribulações, aflições
e perdas que temos na vida, não podemos perder a fé, pelo contrário, é a hora
de manifestarmos o quanto cremos em Deus, qual é de verdade o tamanho da nossa
fé e se temos fé; porque, ter fé quando está tudo maravilhoso, quando só vemos
abundância na frente é simples. A fé é no meio das tribulações, no meio das
provações, viver o que estamos vivendo e não desanimarmos porque tem um Deus
cuidando de nós. Olhemos para Marta, a discípula de Jesus, que em meio a grande
tribulação da sua vida, em tempos de crise, professou a sua fé e não viveu sua
crise!
Crise é uma condição humana e essa constatação pode parecer muito difícil de ser aceita, porque a palavra vem carregada de sentidos desfavoráveis e de pessimismo. Na linguagem mais comum, crise ressoa como angústia diante de uma situação, ou como acontecimento desfavorável e perigo. Vejamos o desabafo da campeã olímpica americana – Simone Biles - ao desistir de final possível em Tóquio:
‘Preciso cuidar da saúde mental’ “Tenho que me
concentrar na minha saúde mental”, disse Simone, por quatro vezes medalhista de
ouro nas Olimpíadas, depois de deixar a final de ginástica feminina por
equipes. Um choque para muitos!
Na origem do termo, a palavra crise
tem outros significados, desfazendo uma leitura unilateral. Crise pode indicar
uma força distintiva ou de separação, uma eleição, decisão ou escolha. Uma
pessoa em crise seria alguém que está diante de uma situação difícil, mas
aberta a possibilidades que passam pelas escolhas. O processo de purificação de
certos metais nos oferece uma imagem da crise, enquanto processo de
separação. O crisol, ou cadinho, é um objeto utilizado pelo artesão
para purificar metais preciosos como o ouro e a prata. Os metais colocados no
crisol são submetidos a altas temperaturas, até que se tornem líquidos e
através desse processo são separados das impurezas. Esse caminho da purificação
é a verdadeira crise em que o metal, submetido ao fogo intenso, passa
pelo estado líquido e retorna ao Estados sólido livre das impurezas.
Quando, nos comentários realizados
por Berríos (1996, Germán Elías Berríos, professor de Psiquiatria na
Universidade de Cambridge, no Reino Unido, nascido em 17 de Abril de 1940, no
Peru) em seu artigo "Psiquiatria comunitária e a equipe psiquiátrica
para a intervenção em crise", encontraremos, dentre várias
definições, a de crise como sendo:
"resultado
de mecanismos normais frente a um estresse de medidas desproporcionais [...] ou
de mecanismos debilitados (seja de forma congênita ou por uma doença
intercorrente) que não podem superar nem um estresse normal".
(Berríos,
1996, apud Ávila, C. S., 2011, p. 129).
Sejam quais forem os motivos
desencadeantes ou os tipos diversos que encontremos dentro de crise, notamos que
este estado "crítico" poderá ser considerado um período, uma passagem
de uma situação a outra, gerando um reposicionamento, geralmente acompanhado de
sentimentos de desconforto, inquietação e angústia diante da frequente
desorganização que se instala. Tal período exigirá reflexão, avaliação das
circunstâncias em questão, planejamento, tomada de decisões, ações e conclusões
a respeito do ocorrido. Mediante uma crise o indivíduo será convocado a
mobilizar seus recursos, até psíquicos, o que lhe dará a oportunidade de poder
se exercitar no reconhecimento do seu potencial.
Sob este aspecto, a crise não
representa um fator negativo, já que pode propiciar o desenrolar de um processo
criativo, de autonomia, mediante novas perspectivas e até um reposicionamento
subjetivo. No entanto, é comum a ocorrência de uma sensação de desordem
desencadeada por este processo. Porém, toda desordem pode levar a
purificação... Acima, citei alguns exemplos que incidem atos de purificar
(mesmo que de forma velada) na sociedade moderna e processo de exclusão do
“outro”, como forma de proteção aos “novos direitos”.
Se a complexidade se exibe com traços inquietantes da desordem, como devemos proceder para ordenar tais acontecimentos do cotidiano, isto é, selecionar os elementos da ordem e da certeza sem promover a possível exclusão do outro? E se precisar, classificar, distinguir, servem de mecanismo para o filtro do padrão “aceitável”, como deveríamos agir ou hierarquizar os valores morais referente ao dualismo do bem ou mal, do amigo ou inimigo? Continuo indagando:
· É possível concentrar a atenção em trilhas menos habituais?
· Podemos examinar o próprio mecanismo filtrador?
Nessa arte, a cultura do
"após-dever" funciona como um caos organizador. Somos regidos pela
desordem organizadora, um futuro não controlável, de mecanismo de segurança
controladoras num espaço temporal e aleatório, no qual a liberdade e a
igualdade são revistas, senão sacrificadas. "A ideia de dever deu lugar
aos deveres negativos", como não matar ou roubar, mas não os positivos, que
abrangem causas exteriores a nós. Criam-se fronteiras ou todos os que são
identificados como “potencialmente contaminadores”, esses, devem ser
“purificados” ou “eliminados”.
Esse caminho de purificação
"é a verdadeira crise” em que o metal, submetido ao fogo intenso,
passa pelo estado líquido e retorna ao estado sólido livre das impurezas!
Desse modo, quando pensamos a
vida humana, encontramos semelhanças entre a purificação do metal e as
experiências de vida; entre as crises vividas pelas pessoas e "o resultado
dessas crises enquanto experiência de purificação, separação e
eleição". Na vida, "somos acrisolados pelos acontecimentos e deles
podemos sair mais fortalecidos!"
Outras tantas crises já
experimentamos: Na Sagrada Escritura ... Que relata muitas crises vividas pelo
povo de Deus. Já nas primeiras páginas do Gênesis, nos deparamos com a “crise
fundamental da pessoa humana”. Adão e Eva se encontravam numa situação de
escolha, o que atingiu toda a obra criada. A causa foi a “escuta do maligno”
que levou a uma mudança de relacionamento do homem com Deus, do homem consigo
mesmo, e do homem com a obra criada.
Deus, porém, não se esqueceu da
bondade que ELE mesmo imprimiu na criação e, por isso, reafirmou o diálogo de
salvação:
“Porei inimizade entre ti e a
mulher, entre a tua descendência e a descendência da mulher. Ela (a
descendência da mulher) te esmagará a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
(Gn 3,15).
Nas experiências vividas por
personagens específicos – um patriarca, um profeta, um homem ou uma mulher
do povo – e também nas experiências coletivas como o êxodo ou o exílio,
encontramos outros momentos de crise na história de Israel. Tomemos alguns
exemplos: José e Noemi, no Antigo Testamento:
“José, um dos
filhos de Jacó, foi vítima da inveja de seu irmão (cf. Gn 37,11). Sua história
pessoal apresenta uma série de acontecimentos aparentemente desconexos, uma
crise de sentido. Vendido pelo irmão, ele foi levado para o meio de um povo
estranho e de costumes diversos. Sofreu assédio, foi prisioneiro, envolveu-se
em questões políticas e econômicas. No reencontro com os irmãos, e na
experiência do perdão, a crise de sentido encontrou sua resposta na certeza da
presença providente de Deus”. (cf. Gn 45,5).
Um outro significativo exemplo:
“Noemi e sua família
que precisaram migrar de seu país por causa da fome! O drama dessa família
envolveu ainda outras questões como a mistura de raças, (tema em pauta
atualmente) diferenças de fé, cultura e valores. A narrativa descreve os
caminhos e as escolhas de Noemi, e como ela superou tudo conservando sua
fidelidade a Deus e, finalmente, encontrou Nele sua libertação”. (cf. Rt 4,14).
“Portanto,
as experiências relatadas indicam que “a Fé não se separa dos fatos da vida
cotidiana, isto é, da história, mas integra a vida da pessoa”. A crise é
geralmente uma realidade inevitável, ou que foge ao controle”. Desse modo,
“Quando
essas duas realidades, experiência de fé e crise, se encontram, surge uma força
capaz de dar sentido à existência humana! Porém, a fé não esconde a dor do
momento vivido na crise, e espera ver realizada a promessa!”
Roberto Costa
Ferreira, 29 Julho de 2021.
PROFESSOR,
PSICANALISTA E PESQUISADOR
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