Um caso entre o menino Novelo e a garotinha Villa, envolvendo o amor proliferante, solidário, agregador e contagiante. Jovens ainda!
Completaram no dia de hoje -sábado anterior ao Dia das Mães - 13 anos de vida conjunta, em 10 de maio de 2025 - tendo sido anunciado nas redes sociais - FACEBOOK - em 08 de julho de 2014, figurando até com sobrenome assim: "Villa do Crochê & Novelo Solidário - promotores de uma Organização sem fins lucrativos".
Nos seus ideais, que já materializados em diversas etapas - o seu projeto de vida compreende ações totalmente voluntárias e sem fins lucrativos - confeccionam e doam enxovais de recém-nascidos para mamães carentes em UBS, Hospitais e Maternidades Públicos.
Ainda cedo, só no ano de 2019 doaram 502 enxovais. Com o advento da pandemia, a crise financeira e o desemprego, os pedidos de enxovais aumentaram muito. Restaram ainda mais sensibilizados ... Imaginem!
Para que possam atender a essa demanda precisam comprar, primordialmente, lãs para confeccionarem as peças dos enxovais, alem de outros materiais como agulhas, linhas, etc. E considerem que cada enxoval é composto do seguinte item produzido:
• 1 manta, 1 casaquinho, 1 par de sapatinhos e,
• 1 touquinha, 1 toalhinha de boca, também,
• 10 fraldas descartáveis, 1 sabonete infantil e,
• 15 cotonetes ... Ufa!
Portanto, tanta juventude, tanto vigor reunido, quantas mãos se entrelaçam, bordam, juntam, tecendem, entretecem ... Quanta trama!
Desse modo, com a sua colaboração, conseguem entregar os enxovais necessários, por vezes não esperados, necessarios, durante este ano e ainda aumentar o número de peças de cada ano vindouro!
E no destaque dessa historia, que minha vivencia me permitiu estar, ver, e comemorar, convivendo com tantos atores presentes, observei que em determinado momento, diante das peças compostas para tal magnânima tarefa, muito além das mãos dos personagens envolvidos nesta trama, senhoras que se harmonizam nesta produção, ocorreu-me localizar alguns instrumentos que ora cotizantes, rebelaram-se: uma agulha atrevida dirigindi-se ousadamente a um novelo de linha:
⁃ Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
Deixe-me, senhora. Disse a linha do novelo.
⁃ Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável?
Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
⁃ Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
⁃ Mas você é orgulhosa. Referiu o novelo.
⁃ Decerto que sou. Respondeu a agulha.
Mas por quê? Precisa ser? Indagou o novelo.
Essa é boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose? senão eu?
Você? Esta agora é melhor. Você é que os coses? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
⁃ Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição' aos babados...
Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faco e mando...
⁃ Tal qual os batedores que vão adiante do imperador. Disse a agulha.
⁃ Você é imperador? Indagou a linha do novelo.
Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só costurando, enquanto eu vou mostrando o caminho, e você vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, neste dialogo inútil, pois que, não reside compreensão, momento que a costureira chegou à casa da baronesa. Nao sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista bem posta às suas serventias, 'ao pé de si', para não andar atrás dela.
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou, desabando a coser!
Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis 'como os galgos" de Diana ⁃ para dar a isto uma cor poética.
E dizia a agulha:
"Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando, abaixo e acima!
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa, ativa como quem sabe o que faz, não estando para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando... E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic
plic-plic da agulha no pano.
Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário.
E quando compunha o vestido da bela ama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, "acolchetando", a linha, para "mofar" da agulha ("mofar da agulha" é uma expressão idiomática usada no idioma português que significa rir ou zombar de alguém, especialmente quando essa pessoa está passando por uma situação difícil ou desfavorável.
A agulha, neste contexto, representa a pessoa que é o alvo da zombaria ou do riso, e "mofar" significa zombar ou fazer gozação) perguntou-lhe:
⁃ Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio' das mucamas? Vamos, diga lá?
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
⁃ Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto tu ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico!
Contei esta história a meu pai, um dia - alfaiate, 'professor de melancolia' - que vivia a 'tirar diferenças de mim - seu filho mais velho - que me disse, abanando a cabeça:
-Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Segui adiante, firme no meu proposito, sem muito importar-me, pois que, quem me importava era "a minha senhora - minha mãe - que de modo significativo fez de seu filho gente"!
Por oportuno e em razão deste Dia das Mães, tal expressão "a mãe que faz de seu filho gente" é uma forma idiomática portuguesa que significa o que segue:
"Que uma mãe é fundamental para o desenvolvimento e sucesso de seu filho".
É uma forma de reconhecer o papel crucial que a mãe tem na formação da personalidade e na construção de um futuro promissor para o filho.
À ela, Sra. Olga, minha mãe, minhas homenagens. A mãe que fez de seu filho gente!
Por: Roberto Costa Ferreira, 10maiode2025
Hilasa - Instituto de História, Letras, Artes.
SANTO AMARO - SÃO PAULO - SP
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