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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

PAPAI NOEL - EU NAO GOSTO DE VOCE ... E explico os porquês!

 

Papai Noel, eu não gosto de você! E explico o porquê ...
Recentemente, nos meios de comunicação de massa televisivo notei uma predisposição para promover um Papai Noel Negro.

Às reflexões, porquê tal atitude? A história é outra ... Senão vejamos que, a representação do Papai Noel como um homem negro é um fenômeno cultural de profunda importância que tem ganhado uma visibilidade sem precedentes nos últimos anos, especialmente à medida que avançamos pela terceira década do século XXI. 

Esta evolução não se trata apenas de uma mudança estética ou de uma "nova versão" do personagem, mas sim:

  • de um movimento vigoroso em direção à inclusão,
  • à representatividade e,
  • ao reconhecimento da diversidade global das famílias que celebram o espírito natalino.

Ainda, residem outras circunstâncias perfeitamente compreensíveis, pois que,  nem todos vejam a figura do Papai Noel com os mesmos olhos de encantamento ou alegria que as tradições costumam pregar.

A figura do "bom velhinho" é cercada por séculos de folclore, expectativas sociais e pressões comerciais que podem, muitas vezes, gerar desconforto ou frustração em vez de felicidade.

À medida que o tempo passa, as pessoas desenvolvem suas próprias percepções baseadas em:

  • experiências de vida,
  • valores pessoais e,
  • até mesmo na forma como o mundo moderno moldou as festividades de fim de ano.

Existem diversas razões pelas quais alguém pode não gostar do Papai Noel, inclusive as minhas, porém, todas elas são válidas dentro da experiência de cada indivíduo:

  • A Pressão do Comportamento e o Julgamento: Muitas crianças crescem ouvindo que o Papai Noel está "vigiando" e que ele decide quem é "bonzinho" ou "malvado" para determinar quem merece presentes. Para muitos, isso pode parecer uma forma de controle ou um julgamento injusto, criando uma sensação de ansiedade em vez de generosidade.
  • Desigualdade e Realidade Social: O Papai Noel é frequentemente usado como o símbolo de quem traz presentes caros, o que pode gerar uma grande mágoa quando se observa que crianças em diferentes situações financeiras recebem coisas tão distintas. Essa discrepância pode fazer com que a figura pareça "injusta ou elitista", distanciando-se do ideal de bondade universal que ele supostamente deveria representar.
  • O Lado Comercial da Data: Vivemos em um mundo onde a imagem do Papai Noel foi fortemente apropriada pelo marketing e pelo consumo desenfreado. Para quem valoriza o significado espiritual, a conexão humana genuína ou simplesmente prefere uma vida menos materialista, ver essa figura em cada comercial de TV e vitrine de shopping pode ser extremamente cansativo e parecer vazio de significado real.
  • Quebra de Confiança e Fantasia: Para algumas pessoas, a descoberta da verdade sobre a lenda do Papai Noel na infância pode ser um momento de desilusão ou uma sensação de que os adultos mentiram por muito tempo. Se essa transição não foi suave, ela pode deixar um gosto amargo em relação à figura em si, transformando o que deveria ser "magia" em uma sensação de decepção.
Saber que hoje é dia 26 de dezembro de 2025, estando só, logo após o Natal, pode tornar esses sentimentos ainda mais latentes, já que as celebrações acabaram de passar e o cansaço emocional das festas costuma ser grande e, às vezes, a obrigação social de "ter que ser feliz" durante essa época é o que mais gera resistência e cansa!

Logo, ao desconstruir a imagem eurocêntrica tradicional de São Nicolau — que foi solidificada no imaginário popular em grande parte pelas ilustrações de Thomas Nast que explico adiante, o Papai Noel Negro,"trabalhado e divulgado insistentemente" num processo intensivo de comunicação, ou doutrinação, onde uma política é repetida exaustivamente até que se torne parte do senso comum ou do conhecimento geral de um público-alvo. 

Reconheço que esse fenômeno é comum em diversas esferas da sociedade moderna permitindo que milhões de crianças ao redor do mundo se vejam refletidas em uma das figuras mais amadas e generosas da humanidade.

Desse modo, tive interesse em explorar como outros países celebram essa data ou as variações de nomes,  como o Father Christmas britânico ou o Père Noël francês, sentindo-me à vontade para perguntar. Sabendo que há todo um universo de folclore natalino que varia drasticamente de cultura para cultura e, em determinadas, até o interesse político. Nesta última, lastimável pratica!

Assim, a figura não foi criada em um escritório, mas sim lapidada pelo tempo:

  • começou como um bispo generoso na Turquia,
  • ganhou elementos mágicos nas lendas da Holanda e Alemanha,
  • e foi finalmente "embalado" para o consumo global pela cultura de massa dos Estados Unidos

Por oportuno, quando pensamos no Natal, é quase automático lembrar do "velhinho de barba branca vestido de vermelho". Mas você sabia que essa imagem moderna do Papai Noel resultou de  uma campanha publicitária da Coca-Cola que acabou se popularizando pelo mundo? 

Também que, a título de curiosidades adicionais, considerando o folclore nórdico, é interessante notar que elementos do "Papai Noel" também derivam da mitologia nórdica, especificamente do deus Odin.

Durante o festival de inverno Yule, acreditava-se que Odin liderava uma "Caçada Selvagem" pelo céu em seu cavalo de oito patas, Sleipnir. As crianças deixavam botas cheias de feno para o cavalo, e Odin as recompensava com doces ou presentes — uma estrutura de recompensa que ecoa diretamente no que fazemos hoje no Natal. 

Portanto, atento à proposta inicial de identificar "onde foi criado a figura do Papai Noel?" a figura, tal como a conhecemos hoje — um bom velhinho de barba branca, traje vermelho e renas voadoras —, não surgiu em um único local geográfico ou momento histórico específico. 

Na verdade, ela é "o resultado fascinante de uma longa evolução cultural" que atravessa continentes e milênios, fundindo tradições religiosas, folclore europeu e estratégias de marketing modernas. Para compreender onde ele foi "criado", precisamos desmembrar essa figura em suas três camadas principais, quais sejam:

  • a histórica,
  • a folclórica e,
  • a comercial

Assim, a relação entre São Francisco de Assis e a figura do Papai Noel é um tópico fascinante que toca em diferentes vertentes das tradições natalinas. Embora não haja uma ligação direta de que um tenha "criado" o outro, quer seja ele "vermelho", "amarelo", "preto", "colorido nas mais diversas matizes,  todos os personagens desempenham papéis cruciais e distintos na formação da celebração do Natal como a conhecemos hoje, cada um a partir de sua própria mística e ação histórica.

Enquanto a figura do Papai Noel moderno deriva primariamente de São Nicolau de Mira, São Francisco de Assis é fundamental para a visualização e o sentimento do nascimento de Jesus, o cerne da festa cristã.

Bem como e em razão da raiz histórica, tendo em vista a Turquia e São Nicolau, tudo começa no século IV, na cidade de Mira, que hoje faz parte do território da Turquia (na época, uma região de influência grega sob o Império Romano).

Foi ali que viveu São Nicolau de Mira, um bispo cristão famoso por sua generosidade extrema e seu carinho pelas crianças. Uma das lendas mais famosas conta que ele jogou sacos de moedas de ouro pela chaminé de um homem pobre para que suas filhas pudessem ter dotes de casamento e não fossem vendidas à escravidão.

Essa história deu origem à tradição de deixar presentes em meias ou sapatos. Com o tempo, a devoção a São Nicolau espalhou-se por toda a Europa, tornando-o o santo padroeiro de marinheiros, mercadores e, claro, das crianças!

Com a Evolução Europeia, considerando neste cenário:

  • Holanda e Alemanha, e
  • Após a Reforma Protestante,
o culto aos santos foi desencorajado em muitos países, mas a tradição de dar presentes no inverno persistiu.

Na Holanda, a figura de São Nicolau transformou-se em "Sinterklaas" (uma contração de Sint-Nicolaas). Ele era retratado como um bispo alto e magro que cavalgava um cavalo branco sobre os telhadosQuando os colonos holandeses migraram para a América do Norte e fundaram a Nova Amsterdã (atual Nova York) no século XVII, eles levaram consigo essa tradição.

Foi no caldeirão cultural dos Estados Unidos que o nome "Sinterklaas" foi lentamente americanizado e transformado foneticamente em "Santa Claus". Também, a formalização visual, tendo em vista os Estados Unidos.

Muito embora a alma do Papai Noel seja europeia, sua "estética" e comportamento moderno foram consolidados nos Estados Unidos durante o século XIX e início do XX, em razão:

  • Da Poesia: Em 1823, o poema "A Visit from St. Nicholas" (atribuído a Clement Clarke Moore) estabeleceu os elementos mágicos: o trenó, as oito renas com nomes específicos (como Rudolph, que viria depois) e a entrada pela chaminé.
  • Do Desenho: Entre 1863 e 1881, o cartunista político Thomas Nast, nascido na Alemanha e radicado nos EUA, desenhou para a revista Harper’s Weekly uma série de ilustrações que deram ao Papai Noel sua barriga protuberante, a oficina de brinquedos no Polo Norte e a lista de "bons e maus".
  • A Publicidade que, neste cenário: Frequentemente diz-se que a Coca-Cola inventou o Papai Noel, mas isso é um mito. O que a marca fez, a partir de 1931 com as ilustrações de Haddon Sundblom, foi padronizar a imagem dele em escala global. 
Sundblom humanizou o personagem, dando-lhe uma expressão calorosa e utilizando o vermelho vibrante (que já era a cor do traje de São Nicolau séculos antes, mas que coincidia com a identidade visual da marca). 

Melhor esclarecendo o mito, para compreender quem foi Haddon Sundblom, no parágrafo anterior por mim referido, é necessário mergulhar na era de ouro da ilustração americana:

  • um período em que a publicidade não era apenas venda,
  • mas a construção de mitos culturais que perduram até hoje.
Haddon "Sunny" Hubbard Sundblom (1899–1976) foi um ilustrador e artista comercial de ascendência sueco-americana, cujo trabalho definiu a estética visual dos Estados Unidos em meados do século XX. Embora seu nome possa não ser imediatamente reconhecido pelo público leigo, sua obra mais famosa é onipresente em todo o planeta, especialmente durante os meses de dezembro. 

Sundblom é, acima de tudo:

  • o homem que deu ao Papai Noel a aparência moderna que conhecemos.
Antes de suas ilustrações, a figura de São Nicolau era representada de formas variadas:

  • desde um elfo magro e austero até,
  • um gnomo com roupas verdes ou marrons.

Foi a partir de uma encomenda da The Coca-Cola Company, iniciada em 1931, que Sundblom consolidou a imagem do bom velhinho ... Portanto, tais são os fatos que me fazem refletir!

Estes meus levantamento acima expostos, minhas observações conclusivas tocam:

  • em uma ferida aberta da nossa sociedade e,
  • refletem uma realidade incontestável, da  fui participe: o Natal!
Embora tal momento seja vendido como uma data de união universal e abundância, funciona frequentemente como um espelho das profundas disparidades socioeconômicas do Brasil.

Enquanto para uma parcela da população a data realiza-se:

  • Sinônimo de ceias fartas,
  • troca de presentes caros e,
  • o brilho das luzes decorativas,
para milhões de outras famílias, o dia 25 de dezembro é apenas mais um tempo de vida:

  • um dia de luta pela sobrevivência,
  • marcado pela escassez e pelo peso emocional,
  • de não poder corresponder à expectativa de consumo,
  • que a sociedade impõe.
Neste cenário, a figura do Papai Noel e o mito do "bom velhinho" que premia quem se comportou bem acabam gerando uma carga psicológica perversa sobre as crianças em situação de vulnerabilidade!

Quando uma criança não recebe o presente que desejou, a lógica infantil, muitas vezes alimentada pela narrativa comercial, pode levá-la a questionar:

  • o próprio valor ou,
  • o seu comportamento,
  • quando, na verdade, o impedimento é puramente financeiro.
É um período onde a desigualdade não é apenas estatística, mas sentida no prato vazio e no silêncio da ausência de mimos que outras crianças exibem com naturalidade, como eu um dia sentira! 

Bem lembrado, nesta oportunidade, o poema de Aldemir Paiva, interpretado pelo ator
Lúcio Mauro (durante a Escolinha do Professor Raimundo) no video, e que em continuidade acrescento como texto:

Não gosto de você, Papai Noel! 

Também não gosto desse seu papel 
de vender ilusões à burguesia. 
Se os garotos humildes da cidade 
soubessem do seu ódio à humildade, 
jogavam pedras nessa fantasia! 
Você talvez nem se recorde mais. 
Cresci depressa e me tornei rapaz, 
sem esquecer no entanto o que passou. 
Fiz-lhe bilhete pedindo um presente, 
a noite inteira eu esperei contente, 
chegou o sol e você não chegou. 
Dias depois, meu pobre pai cansado 
trouxe um trenzinho velho, empoeirado, 
que me entregou com certa hesitação. 
Fechou os olhos e balbuciou: 
“É pra você… Papai Noel mandou…” 
E se esquivou contendo a emoção. 
Alegre e inocente nesse caso, 
pensei que meu bilhete com atraso 
chegara às suas mãos no fim do mês. 
Limpei o trem, dei corda, ele partiu, 
deu muitas voltas, meu pai sorriu 
e me abraçou pela última vez. 
O resto só eu pude compreender 
quando cresci e comecei a ver 
todas as coisas com realidade. 
Meu pai chegou um dia e disse, a medo: 
“Onde é que está aquele seu brinquedo? 
Eu vou trocar por outro na cidade”. 
Dei-lhe o trenzinho quase a soluçar, 
e como quem não quer abandonar 
um mimo que lhe deu quem lhe quer bem, 
disse medroso: “Eu só queria ele… 
Não quero outro brinquedo, quero aquele 
E por favor, não vá levar meu trem”. 
Meu pai calou-se e pelo rosto veio 
descendo um pranto que eu ainda creio, 
tão puro e santo, só Jesus chorou. 
Bateu a porta com muito ruído, 
mamãe gritou, ele não deu ouvidos, 
saiu correndo e nunca mais voltou. 
Você, Papai Noel, me transformou 
num homem que a infância arruinou, 
Sem pai e sem brinquedos. Afinal, 
dos seus presentes, não há um que sobre 
para a riqueza do menino pobre 
que sonha o ano inteiro com o Natal! 
Meu pobre pai doente, mal vestido, 
pra não me ver assim desiludido, 
comprou por qualquer preço uma ilusão: 
num gesto nobre, humano, decisivo, 
foi longe pra trazer-me um lenitivo, 
roubando o trem do filho do patrão. 
Pensei que viajara. No entanto 
depois de grande, minha mãe, em pranto, 
contou que fora preso. E como réu, 
ninguém a absolvê-lo se atrevia. 
Foi definhando, até que Deus um dia entrou na cela e o libertou pro céu!

Por: Roberto Costa Ferreira - 26dez25.
Prof,Pesquisa,Pedagogista,Med-MEng
HILASA-SP-Instit.História Letras Artes
SANTO AMARO  -  SÃO PAULO  -  SP.


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