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domingo, 19 de julho de 2015

VOCAÇÃO ARTÍSTICA - A borboleta rosa e O tapete voador

De Isabela: A Borboleta rosa e O Tapete voador, jun2015.

A baronesa de Dudevant, aclamada romancista e memorialista francesa de nome Amandine Aurore Lucile Dupin, que teve por pseudônimo George Sand, deixou-nos o dito:

“A vocação do artista é lançar luz sobre a alma humana”.  Brilhante!
E tão brilhante quanto sua realização nas produções que ora temos, consequência do que entendo por “vocação artística”, sendo tal manifestação, a vocação, considerada como um dom inato e incontornável.

Tal representação da vocação artística, não fosse a reduzida idade, 4 anos, de minha neta Isabela, diria que vem associada ao prazer e à paixão -  o que acaba obliterando as escolhas, em idade mais avançada, gerando dificuldades e investimentos que conformam a carreira artística.
No mundo das artes a “vocação” é um tema essencial e recorrente. Algumas obras evocam essa temática como característica essencial do artista, recebendo este o apelo da vocação e dedicando a própria existência ao exercício de sua arte.
Caberia ao sociólogo questionar se haveria um elemento quase sobrenatural constitutivo da vocação. Assim, certos indivíduos “seriam tocados por uma graça” que lhes daria uma vocação particular, considerada ao mesmo tempo “uma sorte” e “um sacerdócio”, enquanto que outros vagueariam a procura de um sentido a ser dado às sua existência.
Belinha se diverte... Só se diverte na expansão de suas criações, muito distante da realidade de “preocupar-se”. Sua produção artística não é necessariamente rentável, longe disso, apenas quer realizar e contagiar!
A questão da realidade e da constância do tema da vocação nas profissões artísticas coloca-se ao pesquisador, ao mesmo tempo em que a implicação dessa imposição ocorre no interior das representações. Ou seja, em que ponto a vocação seria constitutiva das profissões artísticas, e quais seriam as consequências disso nas representações sociais e na percepção dessas profissões? Belinha não está preocupada com consequências, representações e percepções. Descomprometida, somente cria!
A vocação é um “chamado”, no sentido etimológico: ele encontra seu equivalente no termo alemão Beruf e no calling anglo-saxão. No âmbito religioso, “a vocação é um chamado transcendente que exige daquele que o recebe a obrigação de segui-lo e obedecê-lo”. A vocação não tem a priori nada de elitista, já que ela pode se endereçar a qualquer pessoa, sem distinção sexual ou social.
Mas se ela não é elitista intrinsecamente, ela o é em suas consequências:

“a vocação é uma eleição espiritual que impõe uma mensagem e um papel e vai transformar definitivamente aquele que a recebeu”.

Belinha, nas suas realizações propõe sua mensagem e no contato com ambos, “sua produção” e “comunicação”, altera-nos profundamente. Seu “tapete voador”, sua “borboleta rosa”, permitem-nos voar... viajar!
Não está preocupada em “ser uma artista hoje”, em se relacionar com um estado, em se parecer uma artista, correspondendo às representações sociais. Sua qualidade artística não se julga! O ser-artista faria parte do caráter de um indivíduo, e não é - ou não é mais - uma habilidade consecutiva a determinada atividade ou ação.
O termo “vocação” permanece impregnado de uma carga ética e espiritual muito importante. Apesar de sua emancipação da esfera religiosa, ele nada perdeu de sua sacralidade. A vida devota suscita ainda hoje certa admiração, talvez uma fascinação!
Inveja-se o artista por ele poder viver sua vocação, ou simplesmente por tê-la, sua vocação é certamente associada à paixão, como as vocações científicas e, mais ainda, as religiosas num sentido mais etimológico, mas também ao prazer; e esta é a diferença fundamental. Belinha vive sua emoção e, por talvez tê-la, sua vocação!

Roberto Costa Ferreira, Julho de 2015.
 
Isabela, no quarto de dormir, elaborando seu "Tapete voador".
 

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