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Mary - 3 anos - em tempos de Inverno. |
Mim dá … Mim dá … E foi lhe dado! Vivemos e comemoramos uma semana, que se emendou ao feriado de 15 de Novembro, tempo de aniversário da Mary ocorrido em 09 de Novembro. Muita festa foi feita e dedicamos muito amor!
Mim dá … Mim dá … Uma expressão muito comum … Um erro igualmente
muito comum, atualmente, verificado nas redes sociais, principalmente. Ao exemplo:
• Ela mim deu
um beijo ( errado);
• Ela me deu
um beijo (certo).
A teoria da ciência de W. Dilthey
(1986 [1903]) – filósofo hermenêutico, psicólogo, sociólogo, pedagogo e
historicista alemão nascido em 1833 (Wilhelm Christian Ludwig Dilthey) que
deixou importante contribuição para a metodologia das Ciências Humanas - onde postulava que:
“os fatos da natureza explicam-se pelas suas causas, os fatos da história e da cultura compreendem-se pelo seu sentido” –
Tal afirmação adquiriu relevância entre as concepções histórico-filosóficas que passaram a serem
postuladas no final do séc. XIX e teve profundas consequências no campo das
ciências humanas e, em especial, na filosofia: sua ideia de vida humana
implicou, segundo J. Ortega y Gasset (1983), onde referiram que:
“a filosofia
se visse obrigada a assumir que o homem não tem natureza, mas sim história”.
E essa é a síntese da história
dela, a aniversariante!
Não há nada mais gostoso do que o
“mim” sujeito de verbo no infinito - Pra mim brincar - As cariocas que, não ou
pouco sabem gramática, falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar
como as cariocas que não sabem gramática.
Manuel Bandeira referiu certa ocasião, em sua “Seleta em prosa e verso” que as palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde. (José Olympio, 1986. P. 19). Ele que fora um dos maiores escritores da Literatura brasileira e integrante do movimento modernista, brincou, em seu texto, com o uso dos pronomes. Isso aconteceu porque uma das características do modernismo foi justamente registrar no texto literário os diversos falares do povo brasileiro. Na linguagem literária, o poeta pode utilizar aquilo que chamamos de licença poética, mas em nosso dia a dia e nas diversas situações nas quais é preciso redigir um texto, mesmo expressar-se, é preciso saber a modalidade padrão.
Aqui e agora não! Pois
que, a pessoa em referência - na foto - não foi ou é poeta, sequer naquela
oportunidade conhecia da modalidade padrão… Mas, quando queria algo, já em
tenra idade, servia-se repetida e insistentemente da expressão “mim dá”, que aos ouvidos do ouvinte "muito doía"! Essa menina que já trazia no seu olhar o lindo azul, viera prometida para a
vida significante… Marcante, e superiormente bela!
Matthew Dylan Lieberman, psicólogo,
professor e Diretor do Laboratório de Neurociência Social Cognitiva no Departamento
de Psicologia, Psiquiatria e Ciências Biocomportamentais da UCLA, um dos
fundadores da Neurociência Social, sobre o cérebro social, refletiu sobre essa
questão observando que:
“... a tendência é lembrarmos de situações em que ajudamos alguém”, pois segundo Lieberman, “Pessoas que se doam mais aos outros vivem com mais saúde e mais felizes.”
Ela sempre agiu assim, plena
de saúde e felicidades constantes, embora “naqueles tempos andasse emburrada”. E
por bem que se saiba, dos padrões de comportamento que mais prejudicam as
relações interpessoais, o emburrado é um dos mais comuns, mais chatos e
infantis que existem. Outra característica clara do mistério dos emburrados
reside em "estar chateado, com raiva". Bom, mesmo que não se fale… E,
para aquela menininha que um dia “emburrou-se”, ficou apenas um exemplo
do passado para pensar:
“se a vida é
um filme constante, que nunca para, o emburrado é aquele que ao se chatear com
uma cena tem a péssima característica de congelar cenas e por dias, sofrer e se
ressentir...”
E, enquanto isso, o filme da vida
segue maravilhoso para o resto da humanidade. Que bom! Ela, magnificamente
assentou-se, se superou, audaz, não lhe faltou vontade e impulso para
projetar-se. Magistralmente e sem incorreções, preparou-se quando possível e
esteve perfeita quando pedida. Abraçou-se à mãe que a gerara e proliferaram um
fecundo amor … Tal amor materno que se inscreve para a eternidade, um amor, um
sentimento que o filho sabe que, em algum momento, em algum instante de agonia
ou de alegria, ela estará sempre ali. E está!
Felizes os filhos que podem carregar dentro do seu patrimônio psíquico, a representação saudável, estável da figura materna. Há quem diga que vivemos a vida procurando alguém, alguma pessoa, algum objeto que tenha essa constância que a mãe tem. Ela viveu este amor, também viveu grandemente amores … E vive!
Aos quinze anos de sua vida
debutou, festejou, festejamos e dançamos! Mediante tal rito de passagem, foste
apresentada oficialmente à sociedade, um novo tempo, começando assim uma nova
fase de sua vida. Partindo deste “debut”, então usando um lindo vestido de gala projetado e realizado por seu também irmão Sergio, atuando como a um "wedding planner", vestiu-o perfeita e elegantemente para dançar a valsa comigo; tudo para representar tal momento no qual deixavas de ser menina
para se tornar uma mulher. Linda mulher, que profissional, então!
Transitou e esteve deste tempo até alcançar profissionalmente, no judiciário estadual colaborando com os recursos humanos daquele órgão. Graduou-se mais para a vida acadêmica administrativa e chegou à esfera da magistratura Federal. Nesta, dirigiu divisionalmente o que lhe coube diante do Tribunal Regional Federal da 3a. Região – São Paulo. Por oportuno, lembro-me de algumas de suas referências, as quais talvez nem se lembre:
“Sonhei em
chegar antes, mas o horário de Deus é diferente do nosso. Chego na hora certa
para unir esforços à colaboração de construção para um novo Judiciário”… Ainda:
“… não devemos
poupar esforços no sentido de amenizar o inegável sofrimento daquele que busca
o seu direito através da última via que lhe é dada, o Judiciário. É lição de
Albert Einstein: “o único lugar em que sucesso vem antes do trabalho é no
dicionário. É com esse objetivo que estou assumindo, trabalho, trabalho e
trabalho”. E mais, em significante reconhecimento, num determinado momento:
“Senhoras e senhores, agradeço a
Deus por tudo que sempre me proporcionou e por ter me dado muito mais do que
fiz por merecer”.
E merecidamente, no momento oportuno soube se distanciar… Disse então, categoricamente:
- “Irei me aposentar”. Que coragem neste gesto!
Diante do olhar do poeta na
observação da rua e contemplando o “mundo da aposentadoria”, momento que tal
expressão, “mundo …”, pode causar certa estranheza, afinal, esse lugar demanda
ser demarcado socialmente, aliada à preocupação das Ciências Humanas,
especialmente da Psicologia e da Sociologia, com o “mundo do trabalho” é
conhecida e seus estudos favorecem reflexões. O “mundo da aposentadoria”, no
entanto, ainda carece de uma maior aproximação científica e, especificamente na
Psicologia, onde estudos e discussões proliferam buscando maior entendimento de
como ocorre a construção de relações dos aposentados com o espaço e o tempo que
lhe ocorrem.
Quanto à espacialidade, aposentar-se quer dizer “recolher- se aos aposentos” e, de certa forma, denota o “fechar das portas” para a vida social. Neste sentido, o espaço da aposentadoria torna-se limitado e pouco reconhecido, construindo-se em locais privados. A temporalidade do “mundo da aposentadoria”, por sua vez, revela-se por continuidades e descontinuidades. Diante deste processo Mary superou-se…
Soube dar continuidades nas relações que permaneceram, envolvendo família e amigos, mesmo os mais distantes, no sentimento de construção de uma história de vida proliferante e, mesmo nos novos projetos a realizar, incluindo-se aqueles abandonados no passado. Não houve descontinuidades e, mesmo vinculadas às possíveis insegurança, soube ressignificar-se, reconstruir-se diante de sua identidade, no novo momento de vida e viver intensamente, o amor, bem como cada novo aniversariar!
E então, já linda mulher e
quando pedindo, depois querendo e no momento insistindo, diante daquela
peculiar expressão: Mim dá… Às minhas pessoais recomendações, não hesites, dê! Nem pense contrariá-la… Pois que, na insistência, pairará sobre vós
“aquele olhar azul, que de inesquecível, se nublar, o Sol se recolherá… E
saberá esperar o céu azul também para retornar!
Desse modo, seguem os votos certeiros, a consenso, de felicidades constantes e plenas!
São Paulo, Novembro de 2021.
ROBERTO COSTA FERREIRA
PROFESSOR - PSICANALISTA E PESQUSADOR
CEP/UNIFESP - UNIVERSIDADE FEDERAL de SÃO PAULO
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