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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Aí cê fala – Mas gente, ó aqui ó ... Alternativamente - Prestenção! Já era! – DRUMMOND está morto?


Aí cê fala – Mas gente, ó aqui ó ... Alternativamente - Prestenção! Já era! Não vai! Quem ousaria servir-se de tais expressões? As variações linguísticas reúnem as variantes da língua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem diversos aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros, diferenciando-se em quatro grupos: diastráticas, diatópicas, diacrônicas e diafásicas ou estilísticas. No Brasil, temos: regional, social e estilística. Então, vou a Drummond, pois, que, tais expressões “cheiram à mineirice!

De seus diários, Drummond não preservou apenas as páginas que aproveitaria para compor O Observador no Escritório. Separou outro maço de folhas, e o confiou à filha Maria Julieta. Ao nomeá-la sua testamenteira literária, não poderia saber que ela morreria 12 dias antes dele, em 5 de agosto de 1987.

De modo natural, o pequeno tesouro ficou nas mãos de Pedro Augusto Graña Drummond, o caçula dos três netos do poeta – e ele, num tempo aproximado, o embalou em livro, Uma forma de saudadePáginas de diário, publicado pela Companhia das Letras em outubro de 2017.

Belo no conteúdo e na concepção gráfica, com farta iconografia que inclui fac-símiles de páginas de diário, Uma forma de saudade consiste na reunião daquilo que Carlos Drummond de Andrade escreveu por ocasião da perda de pessoas especialmente queridas – o pai, a mãe, os cinco irmãos e uma cunhada - além de dois amigos diletos, Manuel Bandeira e Rodrigo M. F. de Andrade.

Quem leu também O Observador no Escritório poderá reconhecer, na nova fornada de diários, alguma coisa que está também no livro de 1985; uma passagem sobre a mãe, Julieta Augusta, outra sobre Manuel Bandeira. A diferença, nesses trechos, é que no primeiro livro Drummond editou e encurtou os registros que fizera em seus cadernos, e que em Uma forma de saudade vão aparecer de forma bruta, digamos, sem a mesma pretensão literária, carregados ainda das emoções não editadas dos instantes em que foram postos no papel.

Não há, em termos de espaço, a menor preocupação em conferir isonomia ao tratamento dos mortos queridos. Não se pode dizer que Carlos amava menos o irmão mais velho, Flaviano, o Vivi, pelo fato de dedicar a ele uma página apenas, enquanto Altivo está em seis, e José em nada menos de catorze. Não gostava menos de Rodrigo, de cujo fim se ocupa em três páginas, do que de Bandeira, esparramado em dezenove.

Ainda que não houvesse a intenção, os volumes de texto certamente foram determinados pela quantidade e interesse das informações – e, no tratamento delas, sem prejuízo das emoções às vezes avassaladoras, Carlos Drummond de Andrade se mostra um repórter afiado, capaz como poucos de ver e ouvir, o que não espanta da parte de quem foi, intermitentemente, jornalista apaixonado pelo ofício. Ainda quando o coração sangrava, os olhos e os ouvidos não se fechavam ao que houvesse em torno, por macabro que pudesse ser.

Assim, doentes e defuntos muito amados são descritos com rigor naturalista que haverá de chocar alguns leitores. O poeta não deixou de registrar, por exemplo, no velório de Rosa, a irmã mais velha, “o cheiro da decomposição acelerada” que “o perfume derramado mal encobria”. Ou o corpo já vestido do “pobre Manuel”, num necrotério de hospital, “à espera de caixão”, a boca aberta deixando verum chumaço de algodão”.

Já era! Não vai! E foi ... Partiu! Foi no meio do caminho ... Podia ter ficado um bucadim mais!” Será outro gesto de insubordinação mental? Perguntei-me. Tudo é possível, só eu impossível – Há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer ... Disse!

Por oportuno, o Atestado de Óbito informa que o escritor, de 84 anos, morrera às 20h45 de uma 2ª feira na Unidade de Terapia Intensiva de determinada Clínica no Bairro de Botafogo/RJ., de insuficiência respiratória, subsequente a um infarto agudo do miocárdio! Sua cardiologista e geriatra que o acompanhava já decorridos três anos, preferiu usar linguagem menos técnica:

Carlos Drummond de Andrade, disse, morreu de Amor!”

Que certeiro diagnóstico! Desde a morte de sua filha poeta – Maria Julieta Drummond de Andrade, 5904/03/1928, 05/08/1987 - mergulhara numa densa, espessa, irremediável tristeza.

Eu esperava que ela fechasse os meus olhos”, queixou-se, ainda no cemitério, sob testemunha do filósofo Antonio Houaiss.

Ambos, pai e filha, tinham uma relação “meio que” freudiana ... Tudo sob testemunho do escritor Octavio Mello Alvarenga, companheiro de Maria Julieta, desde 1983. Disse ainda Alvarenga:

Ambos brigavam muito com dona Dolores”, com quem o poeta se casou em 1925.

E mais:

A filha era a sua grande amizade intelectual” ... Garantiu o genro. E também: “Mas a verdade é que Drummond a massacrou como intelectual e escritora”, pois, “ser filha de um gênio é intolerável!

O inconfidente Alvarenga manifestou mais:

“Foi para escapar ao peso formidável da figura paterna que Maria Julieta se casou, aos 21 anos, com um homem vinte anos mais velho, o escritor e também advogado argentino Manuel Graña Etcheverry, indo morar bem distante ... Em Buenos Aires, onde permaneceu 34 anos!”

Escreviam-se aos sábados, relatando via correios, as peripécias da semana.

“Depois que ela morreu, ele quis rasgar as cartas”, disse Alvarenga. “Eu é que o fiz mudar de ideia”.

Depois do enterro, contou Octavio Mello Alvarenga, o poeta não saiu mais do apto onde vivia, desde 1962, com dona Dolores, na Rua Conselheiro Lafaiete, em Copacabana. Muitos choraram com ele, ao telefone, os amigos mais íntimos. Sua última visita ocorrera na 2ªfeira, dia 10/08, do embaixador Antonio Azeredo da Silveira.

Na 4ª feira - 12/08 - sentiu muitas dores e a família chamou a dona Elizabete. Drummond então, pediu à médica que lhe receitasse não remédios, mas “um infarto fulminante” – que acabou vindo na madrugada de sábado - 15/08 – dia de sua conversa com a filha e mesmo dia onde, por hábito, encontrava-se reunido com seu amigo Plinio Doyle Diretor do Arquivo/Museu de Literatura da Casa de Rui Barbosa e criador do famoso ”Sabadoyle” – uma espécie de Academia de Letras Informal que, desde 1964, reuniam-se, “todo sábado”! 

Morreu 12 dias depois da filha, Maria Julieta, que sofria de câncer. Veio o óbito em 17/08/1987, uma 2ª feira! Deixara, anteriormente, organizado e detalhado, recomendações para seu enterro:

Que se realizasse sem pompa e sem cerimônia religiosa”, pois era agnóstico. Foi atendido!

Ainda assim o enterro do mineiro de Itabira foi capa da “Folha Ilustrada”, dois dias depois, e cerca de 500 pessoas acompanharam a cerimônia fúnebre. Um representante da cidade natal de Drummond anunciou que a cidade de Itabira estava de luto!

Tal representação não restou identificada para o contexto histórico, sendo certo que o bibliófilo José Mindlin comentou, da oportunidade, que Drummond via como umainjustiçaa morte de Maria Julieta.

Dizia que era uma inversão na ordem natural”, contou.

Residia, à época,  nas mãos deste seu amigo – “Plinio Doyle” – dezesseis gavetas de arquivos contendo poemas inéditos, recortes, cartas, os desenhos que fazia. “Drummond era um desenhista bastante razoável, com um talento fino e muito bem-humorado”, atestava Doyle, material mantido a “sete chaves”, termo muito popular da língua portuguesa, originado a partir de um hábito comum entre a realeza de Portugal (século XIII – 1201/1300).

Entre os textos inéditos, certamente, repousaram os originais de um livro de poemas eróticos – O Amor Natural – recusado a diversos editores, pois que, homem reservado, temia ser assimilado à onda de literatura pornô e poemas eróticos vulgares proliferantes. Tal obra reúne 40 poemas que tratam de sexo, desejo e prazer de forma direta e, alguns deles, explicita. Restou publicado em 1992, cinco anos após sua morte, surpreendendo aqueles que conheciam o poeta mineiro por seu lirismo romântico e sua representação por vezes abstrata do amor.

No início da década, certa vez, explicou com muita graça por que não divulgava os famosos versos:

“Antes não havia clima; agora, há excesso de clima”.

De sorte que tivemos um Santo Agostinho, que disse sobre a morte:

A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo.”

A morte, em Drummond, não significa a passagem do estado anímico para outro lugar, ou outra dimensão em que o corpo receba as bençãos ou seja possuído pela força da imaginação criativa, como fuga da realidade ...

“A morte é apenas consequência do envelhecimento, a perda da vitalidade, a putrefação da carne”.

Disse também, em Mensagem de Despedida:

“Que pode uma criatura senão, entre outras criaturas,  amar? Amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar?”

Que coisa! Muito mais caberia pensar, dizer sobre o mestre e seu olhar ... Ele que nos deixou, legando-nos uma extensa obra ... Foi exemplar na sua dedicação às letras! Tirante o tempo reservado aos seus deveres tidos de rotina, Drummond se mostrava um repórter afiado, capaz como poucos de ver e ouvir, o que não espanta da parte de quem foi, intermitentemente, jornalista apaixonado pelo ofício. Ainda quando o coração sangrava, os olhos e os ouvidos não se fechavam ao que houvesse em torno, por macabro que pudesse ser. A maior parte do tempo de suas horas eram consumidas no árduo labor literário. Contudo, não nos  enganemos: Assim, doentes e defuntos muito amados são descritos com rigor naturalista que haverá de chocar alguns leitores.

Do mesmo Bandeira, Drummond registrou algo mais ameno, nada mortuário – uma declaração surpreendente de quem, nem sempre com êxito, buscou a vida inteira evitar “casos com mulheres de temperamento difícil”.

Também, numa cama de hospital, o poeta de tanta delicadeza declarou aos amigos Carlos e Rodrigo:

“Acho que esse negócio de trepar deveria ser uma coisa simples; duas pessoas se encontram e, como se desejam, vão dormir juntas, sem necessidade de romance”.

E arrematou:

“Justamente para evitar casos complicados é que tenho deixado de comer muita mulher boa nesse mundo.” Drummond, seu amigo desde os anos 1920, não deixaria de anotar: “É a primeira vez que Manuel me fala de seus amores”.

Desse modo, reitero, não nos enganemos mesmo: a par de Drummond de pungente humanidade, há ainda outro Drummond que nos lembra o “Lasciatemi divertire!” de Pallazeschi, evocado por Mario de Andrade em A Escrava que não era Isaura. Esse Drummond mais definidamente lúdico, que joga com sua competência técnica, revela-se aqui e ali, como em “Oficina Irritada”, “Vênus” ou “Isso é Aquilo”, mas tal ludismo decorre de uma faceta primacial do poeta, o seu culto às palavras, sua firme ciência vocabular.

Como que ele próprio se compenetrou daquele seu conselho de “A Procura da Poesia”, um de seus poemas capitais:

“Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão os poemas que esperam ser escritos”. 

Impressiona-nos fundamente a capacidade que Drummond tem de convocar palavras para os seus poemas: vai ele da gíria ao erudito, sempre com a mesma segurança. E assim como quase não repete os seus temas, também é dilatado o seu domínio das palavras: espanta-nos como pouco se reitera.  Estou mesmo tentado a dizer que em nossa poesia – e talvez na poesia de nossa língua – Drummond é o poeta que maior número de palavras emprega: cumpriria, para confirmação, que alguém levantasse uma “concordância  drummondiana”; mas no entretempo fica a impressão, quase diríamos, convicção. E por isso ele fez conscientemente, ampliando sem cessar seu universo de temas e vocábulos.

Sua escolha vocabular ostenta claro tacto: assim, quando fala “sou uma loura, trêmula, blândula”, evoca, com essa estrutura, o “animula vagula, blandulade Adriano. Também em “Amar-Amaro” chama-nos a atenção em “almou” em que se confundem a interjeição e o verbo, assim como nos acicata o verso seguinte:

A morte é esconsolável consolatrix consoadíssima” em que há um “esconso” embutido na primeira palavra e na terceira uma evocação, talvez, da “Consoadade Manuel Bandeira. No final “nunca de nuncarasa gíria se eleva a um humorismo seco.  O “apiede” que usa, mostra que esses empregos não são descuidos, mas coonestação deliberada.  Em um outro poema seu, de Natal (“Vi Nascer um Deus”) traz para seus versos, num sopro corrosivo de vida moderna, o mundo da economia e da publicidade, como contraste para o nascimento de um Deus, o mais simples, / o mais pobre”.

Muito mais caberia dizer ... Que Drummond não é para curioso! No contexto em que ele atuou determinado está o real significado da expressão. Ele que fora jornalista, geólogo, ex-professor da USP – Universidade de São Paulo e da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais; ex-presidente da CPFL – Cia Paulista de Força e Luz ... Ainda, “Tinha uma pedra no meio do caminho” e, com esta afirmação, em um poema sem rima, o mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) entrou para o fechado grupo dos modernistas paulistas também!

Roberto Costa Ferreira, 17 /08/2023.

Diretor HILASA   Instituto  de  História

Letras, Artes de Santo Amaro–São Paulo



segunda-feira, 7 de agosto de 2023

... E O PARABÉNS? FICA POR CONTA DE QUEM?

Assim como esta - E O PARABÉNS? FICA POR CONTA DE QUEM? - a matéria referida entre colunas
 de fotos - Saudação 73, Anos aniversariados ...- encontram-se postas e disponíveis no presente blog citado.

Pronto! Com energia e vontade, disposto e apto para aquele momento, afim de evitar desperdício de tempo: algo como “o concluído”, alinhado com a memória que trago, ora abraçado no abraço, o mais apertado de todos, tirando do chão as memórias às quais vivi, pois que, “As memórias nos tornam quem somos. São elas que nos ajudam a compreender o mundo e moldam nossa visão” ... Explicou certa vez Ângela Wyse, pesquisadora amiga.

Assim, nesta data, trago em comemoração e saudades, abraçado às lembranças do amigo Paulo Bomfim - Paulo Lébeis Bomfim, nascido nesta cidade de São Paulo, em 30 de setembro de 1926, digno descendente de bandeirantes e fundadores de cidades, onde as origens da temática de “Armorial” circularam em suas veias, filho de Simeão dos Santos Bomfim e Maria de Lourdes Lébeis Bomfim. Foi um significativo amigo! Sua mãe era artista e seu pai – homem que sabia falar grego e latim – formou-se médico em 1918, na primeira turma da Faculdade de Medicina de São Paulo.

Ele, o Paulo que presenciou a Revolução Constitucionalista, movimento que marcou sua vida e obra, tendo homens de sua família que lutaram nas trincheiras e mulheres que participaram como enfermeiras e auxiliares, tal qual sua “tia Nicota” que cuidou das famílias dos exilados e hoje repousa no Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, no Parque do Ibirapuera/SP. Que me contou certa vez que “à medida que os participantes envelheciam e morriam, aos poucos, tornava-se a memória viva da jornada constitucionalista”.

A trincheira de 32 foi a pia batismal da democracia”, escreveu Bomfim. Leia o poema: “Os jovens de 32”.

Tornou-se aluno, embora não tenha concluído tal curso jurídico, por opção, da velha e sempre nova Academia de Direito do Largo de São Francisco, a fim de se dedicar ao jornalismo. Iniciou suas atividades jornalísticas, confidenciou-me certa vez, a convite de Assis Chateaubriand, momento que muitas coisas li através das colunas "Luz e Sombra”, tendo atuado no rádio e na televisão. Deixou seus passos no TJ/SP – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, começando no Judiciário com o juiz de menor Aldo de Assis Dias, onde trabalhou organizando técnicas do Juizado...


Momento que também vivi tal experiência, posteriormente, lotado na Vara Central e diante de outro digno magistrado - Dr. David da Costa Ferreira - e lá nos conhecemos por primeira vez, sendo de sua autoria o hino do TJ/SP, da EPM - Escola Paulista da Magistratura e da Apamagis - Associação Paulista de Magistrados. Ele também é o único que o Tribunal paulista homenageou em vida com uma sala que leva seu nome: Espaço Cultural Paulo Bomfim. Sempre se dedicou à Terra de Piratininga, sentimento que eternizou em poemas e textos, como em:

“Enquanto viver, por onde andar, levarei teu nome pulsando forte no coração, e quando esse coração parar bruscamente de bater, que eu retorne à terra donde vim, à terra que me formou, à terra onde meus mortos me esperam há séculos; por epitáfio, escrevam apenas sobre meu silêncio, minha primeira e eterna confissão:
EU TE AMO SÃO PAULO!

Nos encontramos nesta existência, pessoalmente, em três dimensões temporais físicas, interligando nossas vidas. A primeira, acima referida, nos primórdios da Vara Central de Menores, depois por segunda, perto de 2004, ocasião que proporcionou publicar-se “Tecidos de Lembranças” e “Rituais”, situação que, eu atuando nas esferas de Fiscalização Judiciária, o então Governo do Estado de São Paulo elaborava em estudos conjuntos e posteriormente instituiu o Prêmio Paulo Bomfim de Poesia ... Nestes tempos eu já contava 54 anos e ele 78 bem vividos, então percorríamos o Salão dos Passos Perdidos na companhia de ornamentos decorativos primorosos e falávamos acerca das 16 Colunas de granito vermelho que ladeiam a sala e, da oportunidade do transporte de carroças de ferro provenientes de Itu/SP, pesando aproximadas 16 toneladas cada e que, naquele local restaram içadas por cordas e roldanas ... O nosso caminhar, o som equilibrado de nossas vozes pareciam referendar o dito popular segundo o qual o nome “Salão dos Passos Perdidosdecorre do som dos passos das pessoas circulantes!


Observávamos a Escada de Jacó ... Discorremos acerca da juventude do TJ-SP! Se nenhum humano consegue atingir “tantos tempos de História” – cerca de 130 anos na oportunidade, é jovem na história da civilização, residindo Tristão de Alencar Araripe, o cearense que foi seu primeiro presidente! O terceiro momento, em 25 de Setembro de 2008 no Palácio dos Bandeirantes, estreitamos o “fraterno abraço” diante do recebimento destinado ao contemplado, por parte da Fundação Bungë, que na categoria Literatura restou contemplar o escritor/poeta. Um dos mais importantes estímulos à produção intelectual, os candidatos são indicados por universidades, entidades científicas e culturais brasileiras. A escolha ocorreu anteriormente em 01 de Agosto, no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde nos falamos brevemente.

Bem dito pelo querido amigo: “poetas não morrem, eles se transformam em palavras”. E eu creio sinceramente no dito! Estou à meio caminho de seu nascimento, em razão do mês: nascido em Setembro e falecido num domingo, em decorrência de uma queda, em 7 de Julho de 2019. Uma fatalidade!

Um outro amigo lembrou – Prof. Antonio Alves – “POETAS NÃO MORREM ... Dizem que os poetas também morrem ... Esses dias mesmo me disse: “Quatro anos da morte de Paulo Bomfim”. Não entendo, estou aqui com ele! Posso ouvi-lo, senti-lo, continuo aprendendo com ele, vejo suas palavras se materializarem nas mais puras e inteligentes lições de vida. Como pode um defunto fazer tudo isso?

Ora, Paulo Bomfim vive!

Os poetas não morrem!

Cada história que conhecemos ou pessoalidades, deixa uma marca em nós ... Então, nas minhas memorias e no dia de hoje – 05 de Agosto – bem a gosto, busco um amigo para ver se descubro algo mais em mim! Consigo?

Roberto Costa Ferreira – HILASA

Instituto de Letras, Ciências  e Artes

Santo Amaro – São Paulo / SP


 

terça-feira, 1 de agosto de 2023

REFORMADOR e a COLEÇÃO FONTE VIVA - 70 anos de Chico Xavier/Emmanuel – Um passeio!

 


Originalmente, as  mensagens eram publicadas de modo esparso em periódicos da época, especialmente na revista Reformador, da Federação Espírita Brasileira, culminando com a publicação da primeira coletânea em 2 de setembro de 1948, intitulada Caminho, Verdade e Vida.

Órgão Evolucionista, a primeira edição da Revista Reformador veio para completar o quadro de imprensa espírita estabelecida no país desde o ano de 1869. O número 1, ano 1, foi impresso no dia 21 de janeiro de 1883 no ateliê do fotógrafo e jornalista, Augusto Elias da Silva, que se utilizou de recursos próprios para imprimir e distribuir a produção em formato de jornal com quatro páginas. 

Há 140 anos era lançado o periódico Reformador. A redação desde seu lançamento até o ano de 1888 situava-se na rua da Carioca, 120, 2º andar, Rio de Janeiro, no ateliê de Augusto, onde também residia com sua família. Um marco para a história do Espiritismo no Brasil. No mesmo endereço, no ano seguinte, Elias se uniu a outros confrades na fundação da Federação Espírita Brasileira, incorporando a publicação anos mais tarde ao seu material de divulgação.

Já na época e na década de 40 – 1940 – Emmanuel, cujo nome dado pelo médium brasileiro Chico Xavier ao espírito a que atribui a autoria de boa parte de suas obras psicografadas, (tal espírito era apontado por Chico Xavier como seu orientador espiritual) tendo iniciado um projeto extraordinário de comentário e estudo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, (mensagens estas publicadas até mesmo na revista Reformador), compõe sua coleção de “colares de pérolas”.

E para tal resgatou as experiências em Ávila, ao lado de Alcíone, como Padre Damiano (Pão Nosso -1950), bem como as lições em Éfeso, ao redor de João Evangelista e Policarpo de Esmirna, na roupagem do escravo judeu Nestório (Vinha de Luz  - 1951). O benfeitor espiritual compôs sua coleção abordando os mais variados temas, a partir das lições do Cristo. Assim, diante da missão do medianeiro Francisco Cândido Xavier, consolidou-se o monumental repositório de centenas de mensagens interpretativas dos textos do Novo Testamento, sendo certo que, pelo menos em torno de 70 anos Chico Xavier/Emmanuel inauguraram a coleção Fonte Viva (Fonte Viva -1956), convidando-nos a mergulhar nas profundidades da própria alma, à procura dos traços da Lei Divina inscrita em nossa consciência.

Desse modo, destaco a Lição de nº 168 – Entre o Berço e o Túmulo – que ilustro sob minha compreensão, à luz do texto original, conforme:

“Nossa vida na Terra se limita ao tempo que vivemos “entre o berço e o túmulo”. É neste espaço temporal, que o homem detém o "usufruto da terra", com o fim de evoluir e aperfeiçoar-se. Do berço ao túmulo, nossa maior necessidade é de amor! Sem ele, já na origem, os bebês morrem. Por falta dele, os idosos definham. Em sua ausência, a doença floresce!

Muitos livros são escritos a seu respeito. Grupos de pessoas se juntam para tocarem-se e abraçarem-se, em busca dele ... O Amor! Até distorcendo-no e o degradam. Muitos  chamam isso de “fazer amor”, e mostram sua ignorância a respeito dele. Todavia, aquele "amor salvador" é a nossa maior necessidade... Creiam!

Num determinado seminário empresarial sobre relações humanas, o orador referiu-se acerca de um berçário repleto de bebezinhos órfãos, sustentando seu relato em razão de uma observação científica. Numa longa fileira de berços, os bebês ficavam doentes, e alguns deles até morriam — exceto o bebê no último berço. Este passava bem. O médico pediatra ficou intrigado ... Todos eram bem alimentados, tomavam seu “banhozinho” e eram bem agasalhados — não havia diferença quanto aos cuidados que recebiam.

Todavia, somente o bebê no último berço vicejava. Com o passar dos meses, foram trazidos novos bebês, e a história era sempre a mesma: Apenas o bebezinho no último berço passava bem. Por fim, o médico atento nas suas observações logrou identificar que, num determinado horário a faxineira chegando, e, de joelhos, esfregava o chão, de uma ponta a outra no dormitório do berçário. Quando terminava de limpar o piso, ela se erguia, espreguiçava-se e esfregava as suas costas. Daí, dirigia-se ao último berço, pegava o bebê, andava pelo aposento com ele, acariciando-o, conversando com ele, embalando-o nos braços ...

... Depois ela o colocava de novo no berço e partia. O médico ficou observando na noite seguinte, e na noite depois dessa. A cada noite acontecia a mesma coisa. Era sempre "o bebê no último berço que era apanhado, acariciado", falava com ele e “mostrava-se-lhe tais gestos de amor”. E, em todos os novos grupos de bebês trazidos, era sempre o bebê no último berço que vicejava, enquanto os demais ficavam doentes!

A revista Psychology Today disse, em uma de suas publicações, que:

“durante os períodos formativos do desenvolvimento cerebral, certos tipos de privação sensória — tais como a falta de contato e de embalo da criança por parte da mãe — resultam em desenvolvimento incompleto ou prejudicado dos sistemas neuronais que controlam a afeição”.

O bebê aprende a amar com a mãe amorosa. Em questão de minutos depois do parto, forma-se um vínculo entre a mãe e o bebê. Depois disso, expressões recíprocas de amor nutrem o apego entre eles, conforme mostra o livro “Torne Feliz Sua Vida Familiar”, na página 99:a ...

“A mãe inclina-se sobre o bebê no berço, põe a mão no peito dele e o sacode suavemente, chegando o rosto perto ao do bebê e diz: ‘Eu te vejo, meu queridinho’, ou algo assim...

O bebê, naturalmente, não conhece as palavras (que na realidade talvez nem sejam muito lógicas). Mas remexe-se e arrulha de prazer, porque reconhece que a mão brincalhona e o tom da voz lhe dizem claramente: ‘Eu te amo! Eu te amo!’

Sente-se reconfortado e seguro. Os bebês e as criancinhas aos quais se mostra amor apreciam isso, e, imitando o amor, praticam-no, pondo os pequenos braços em volta do pescoço da mãe e dando-lhe entusiásticos beijos. Agradam-se da acolhedora reação emocional que recebem da mãe, em resultado disso. Começam a aprender a lição vital de que há felicidade tanto em dar amor, como em recebê-lo, de que, por semearem amor, também o colhem em troca.

(Atos 20:35; Lucas 6:38)”

Com o decorrer dos anos, muitos estudos confirmaram a necessidade que os bebês têm de amor. A revista Scientific American, recentemente, publicou o seguinte informe:

René Spitz, do Instituto de Psicanálise de Nova Iorque, e sua colega, Katherine Wolf, colheram histórias de 91 bebezinhos de lares de crianças enjeitadas na parte leste dos EUA e do Canadá. Descobriram que os bebês mostravam, de forma persistente: 

     · "evidência de ansiedade e tristeza"; 

     · Seu desenvolvimento físico foi retardado, 

     · e deixaram de apresentar o ganho normal de peso, ou até perdiam peso. 

     · Períodos de insônia prolongada se alternavam com períodos de estupor.

Dos 91, informaram Spitz e Wolf, 34 morreram ‘apesar da boa alimentação e de meticulosos cuidados médicos’.”

Um outro psiquiatra da Flórida, EUA, não me recordo do nome, em sua literatura disse:

“A criança que não é bastante abraçada e acariciada pode vir a tornar-se, quando crescer, uma pessoa isolada, distante ou arredia . . . O contato físico entre genitor e filho é tão essencial na criação dum filho que, em alguns casos, as crianças que não foram abraçadas ou afagadas no primeiro ano de sua vida não sobrevivem.”

Um informe a respeito das descobertas feitas pelo Dr. James Prescott, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, declara:

“Desde o instante do nascimento, muitos americanos se veem privados de algo que poderia impedir que se tornassem criminosos, doentes mentais ou adultos violentos. Este algo é o toque e a afeição física — uma espécie de ‘prazer sensorial’ do qual os humanos carecem tanto quanto carecem de alimento.”

Muitos distorcem esse correto entendimento! Decorrem dele que se  aprenda a dedicação do amor ... Tolerância e humildade ... Enfim! Portanto, nas consequências, a rebeldia complica os melhores planos da vida. Revolta é o atraso lastimável em qualquer procedimento, concluiu “aquele orador da organização referida ao início”.

Portanto, acolhamos as nossas dificuldades, "nossas ausências",  quando não consigamos  extingui-las, sanando-as, mesmo pouco a pouco, sob o esforço de “energia serena”. Não fujamos à luta que a vida nos propõe, na intimidade de nós mesmo e, atendamos ao trabalho do dia a dia, a fim de superarmo-nos. Conservemos a certeza de que é “pelas próprias prestações de serviço ao bem comum”, plenos de “amor construtivo” que a bênção da vitória nos marcará!”

EMMANUEL

(Do livro “Inspiração”, 23, FCXavier, último §-GEEM)

Por: Roberto Costa Ferreira, 31/07/2023 – FEESP.

Atentos a tais enunciados antes do tema

       1. ENTRE O BERÇO E O TÚMULO “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem, porque as que se veem são temporais e as que se não veem são eternas.” – Paulo. (II Coríntios, 4:18.) Emmanuel. 

       2. O berço nos recebe rodeados de sonhos, sorrisos e esperanças. O túmulo guarda a despedida cheia de lágrimas. 

      3. Esta forma de pensar impede de vermos que nesse intervalo vivemos literalmente ligados ao corpo físico, e sempre às voltas com as peripécias materiais. 

      4. Como nosso cérebro atual não traz registros anteriores ao presente, acreditamos que esta seja a única e verdadeira vida. 

     5. Daí, investirmos toda capacidade interior em conquistas materiais, toda a energia em prazeres fugazes. 

       6.  Mal percebemos que o que julgamos valioso é, na verdade, passageiro.