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sábado, 13 de abril de 2024

Atividade de Pesquisa e um ser vivo e suas dimensões - A definição dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” (ODS) estabelecidos pela ONU - “Os desafios para o futuro da sociedade local, nacional e mundial”.


Definição dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” (ODS) estabelecidos pela ONU



A atividade de pesquisa requer em sua essência a indagação sobre um fato, um fenômeno, uma observação.

Na área de Ciências Biológicas observa-se uma mudança radical no fazer pesquisa. A diversificação dos equipamentos de laboratório e de campo ocorre com a introdução da tecnologia da informação, o ganho em resolução das imagens capturadas por microscópios, satélites e drones, além da miniaturização e robótica.

Um biólogo necessita de múltiplas linguagens para transitar entre os diversos ambientes, mas não pode perder de vista seu objeto de estudo: um ser vivo inserido em um ambiente de dimensão variada.

A Ciência senso amplo ganhou proeminência nos últimos séculos, sobretudo em países que lideram as relações internacionais, estabelecendo-se como mediadora para a busca de soluções para grandes problemas da sociedade e, eventualmente, contribuindo para decisões políticas.

Um exemplo é a definição dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” (ODS)estabelecidos pela ONU e integralmente embasado em dados científicos advindos de pesquisas em diversas as áreas do conhecimento com impacto em todas as atividades da sociedade.

Os países definem as áreas prioritárias de financiamento e as agências de fomento à pesquisa elaboram as estratégias de financiamento por meio de um diálogo contínuo com diversos atores.

O termo “sociedade” neste artigo pode representar o setor público, o setor econômico, o governo, ou ainda a população em geral. Nesse contexto, a diplomacia científica também se insere como uma estratégia de diálogo com a sociedade em geral.

A atividade de pesquisa requer, em sua essência:

  • a indagação sobre um fato,
  • um fenômeno, uma observação.

A estruturação do pensamento lógico para elaborar a pergunta e as estratégias para respondê-la demandam um espírito curioso e crítico que submete a ideia à avaliação.

Engana-se aquele que considera a pesquisa como uma atividade isolada e desconectada

 da realidade.


Trata-se de uma operação orquestrada entre pesquisadores do mundo que buscam respostas a problemas às vezes ainda não compreendidos pela sociedade em geral. 

As mudanças climáticas globais e a pandemia de covid-19 são dois exemplos atuais de problemas do cotidiano cuja compreensão dependeu do conhecimento gerado por gerações de pesquisadores.

Ambos têm impacto em todas as atividades econômicas e sociais relevantes à nossa sobrevivência e às futuras gerações, assim como grande esforço de comunicação e acordos entre governantes. 


Os desafios para o futuro da sociedade local, nacional e mundial são imensos e complexos. São necessários muitos cérebros pensantes e dedicados a refletir soluções, fazer descobertas, criar inovação e tecnologia não antecipadas. 


Tanto o futuro próximo (2050) como o mais distante (mais de 100 anos adiante) demandam criatividade e ações coletivas. Mais do que nunca precisamos:

  • do “Homo sapiens curiosus” e, 
  • “Homo sapiens criativus” (e não do “Homo sapiens poderosus”,
  • ou ainda “Homo sapiens totalitarius”) para investigar questões básicas que resultam em avanço do conhecimento para uma subsequente solução criativa, claramente o papel da inovação numa sociedade.

O lema que “Ciência é investimento” deve ressoar como o som delicioso dos pássaros ao amanhecer ou ainda as ondas do mar numa praia limpa. Muitas controvérsias quanto ao futuro da Ciência, que inclusive embasam atitudes negacionistas para a obtenção do controle sobre diversas dimensões da sociedade, são realidade ao redor do mundo.

É interessante notar que a Ciência, a Tecnologia, a Filosofia, a Religião e as Artes são desdobramentos da criatividade humana que moveram a sociedade ao longo dos tempos.


Marcos históricos nesse processo são:

  • a agricultura e, 
  • a domesticação dos animais,
  • o desenvolvimento de vacinas,
  • a engenharia para o saneamento básico,
  • a qualidade da água, do ar e do ambiente e,
  • as ações para o bem-estar e saúde do ser humano. 

O conceito Saúde Global é intrinsecamente associado à qualidade de vida local.

“Os desafios para o futuro da sociedade local, nacional e mundial são imensos e complexos. São necessários muitos cérebros pensantes e dedicados a refletir soluções, fazer descobertas, criar inovação e tecnologias não antecipadas.”


Nesse contexto, todo projeto de pesquisa é uma oportunidade de descoberta e sua avaliação criteriosa e justa é um valor a ser preservado no processo de financiamento a pesquisa em qualquer país.

Misturar o processo de avaliação científica com interesses políticos e individuais é um grande risco para a saúde do sistema de pesquisa.

Existem vários exemplos através dos séculos em que interesses individuais ou corporativos tiveram impacto substantivo em conter a compreensão dos fenômenos naturais.


Nos últimos 50 anos além da revolução (e transição sem volta!) para um mundo digital, virtual, robótico, vimos uma revolução semelhante ocorrer na área da ciência que estuda da vida. A pandemia da covid-19 escancarou quão frágeis somos diante de um vírus. 


Por ocasião da celebração das descobertas de Louis Pasteur no Rio de Janeiro (1995), o Prêmio Nobel Joshua Ledeberg afirmou:

  • que ainda não tínhamos o conhecimento suficiente para proteger a humanidade, os animais e,
  • as plantas de infecções virais. 

Esse receio expresso pelo pesquisador ainda é válido hoje, mesmo com os muitos avanços das últimas décadas.


Por outro lado, saber que a doença covid-19 é causada por um vírus, e que diferente de doenças causadas pelas bactérias, não adianta tomar antibiótico, foi importante para identificar o tamanho do problema que enfrentamos. A única solução é uma vacina!


Mas para entender a covid-19 foi necessário ter conhecimento do que é um vírus. Do mesmo modo, o projeto de sequenciamento do genoma humano encerrado no início dos anos 2000 reitera a noção que a vida evolui de ancestrais comuns e que todos temos um pouco de bactéria dentro de nós.


Fazemos parte da linhagem dos eucariotos mas também somos em grande parte o que comemos, e por isso o esforço para o ODS 2, que é Fome Zero:

  • é um pilar central,
  • assim como a erradicação da pobreza (que é o ODS 1).

Além do sequenciamento do genoma humano, muitos outros genomas foram produzidos de diversos organismos como: 

  • bactérias, fungos, animais, plantas e vários parasitas e,
  • patógenos, entre outros. 

Todos esses genomas abriram oportunidades tecnológicas juntamente com várias descobertas feitas ao longo do século passado, permitindo que processos biotecnológicos pudessem ser aprimorados. A biotecnologia tem seu berço na antiguidade, quando aprendemos a fazer pão e vinho.


Hoje a biotecnologia alcança um potencial extraordinário com as descobertas recentes. Por exemplo: 

  • que o RNA é informacional e,
  • pode ser usado para a produção de vacinas ou
  • melhorar características genéticas sem a necessidade de modificação direta dos genomas dos organismos.


Interessante notar que uma das grandes mudanças recentes veio de estudos sobre a infecção viral em bactérias. As bactérias também ficam “resfriadas” e desenvolveram um conjunto de ferramentas para se protegerem das infecções virais.

As cientistas recém-premiadas (2021) pela Nobel Foundation:

  • Jennifer Doudna e,
  • Emmanuelle Charpentier,

desvendaram o mecanismo de defesa denominado CRISPR-Cas que está sendo “domesticado” para usos diversos visando, por exemplo, a correção de doenças genéticas em humanos ou a melhora da produção de plantas em condições extremas.


Outro exemplo marcante, é o Prêmio Nobel da Paz em 2007 para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e Al Gore, que realizaram uma síntese de diversos trabalhos publicados sobre as mudanças climáticas globais e sua origem antropogênica.


No mesmo relatório, definem recomendações gerais para a sua contenção. Hoje vemos um esforço da comunidade científica em gerar relatórios de síntese sobre temas diversos na área de Ciências Biológicas e suas interfaces para a saúde, ambiente, biodiversidade, crise energética, o valor da bioenergia e a sustentabilidade macroeconômica.


Portanto: 

“A atividade de pesquisa científica robusta é considerada um dos pilares para a independência de uma nação.”


Desse modo, polêmicas incompreensíveis são vividas de modo recorrente no mundo atual, por exemplo:

  • o uso, consumo e os benefícios de organismos geneticamente modificados,
  • para a produção de alimentos ou medicamentos, também,
  • a importância inestimável da aplicação de vacinas para a sobrevivência de crianças ao redor do mundo livres de várias doenças.

Como esclarecer a relevância sem esbarrar em conceitos tão arraigados na sociedade seja pela mídia superficial, interesses políticos, cultura ou religião?


Roberto Costa Ferreira, 12 de abril 2024.

PROFESSOR-PSICANALISTA- PESQUISADOR

UNIFESP-Universidade Federal São Paulo

HILASA - Instituto História, Letras e Artes

SANTO AMARO - SÃO PAULO /SP.

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