Tudo em razão do Dia do Filho, vivido na última 6a. feira -
05 de abril de 2024 - momento que o HILASA - Instituto de História, Letras e
Artes, magnificamente, destacou através das mídias sociais uma
publicação, e nela observando que “Filhos também abençoam!!”
É um fato. E de tal forma contagiante a ponto de promover tal minha
reflexão, pois que, chega um dia no qual a situação pode ser consagrada
mesmo. Quando envelhecermos, serão nossos filhos que nos carregarão, que
nos lavarão, nos alimentarão, nos tranquilizarão diante da morte. É o que
imagino …
Eles também poderão nos abençoar e espalhar esse bálsamo e aquele
frescor sobre nossa alma. Pregressamente, a primeira vez que um filho abençoa
seus pais pode ser no dia da crisma. Tal fato distante de atual realidade. Eu
vivi tal oportunidade, no devido tempo. Como Eliseo, que recebe de seu pai
Elias a plena participação em sua graça.
Pois bem, a chegada do século XXI era o almejo da humanidade.
Não sabíamos que chegaríamos a ele, mas ele chegou a nós. As crianças que
viveram as décadas anteriores são os homens do nosso presente, e questionamos
suas posições entre a educação, saúde, a fé, a solidariedade e a família, sendo
o papel desta última o grande questionamento na sociedade atual.
Como tem sido a estruturação familiar hoje em dia? Qual o papel da
família na formação do indivíduo? Que educação de base as crianças deste século
estão tendo em casa, onde muitas famílias acreditam estar à salvação ou o
remédio para sanar a dor dessas crianças abandonadas pelo limite?
Hoje, o excesso de razão tem feito com que os pais não tenham a
convicção da correção. Psicólogos desse novo século trazem em suas teorias o
trauma da correção, afirmando que ela, em muitos casos, pode impedir o
desenvolvimento da independência da criança, tornando-a insegura.
Os pais passam a questionar sobre o momento certo para tal correção
acontecer e se perdem no caleidoscópio de regras. Quem transforma, hoje, as
crianças em verdadeiros vencedores? Quem são os heróis e exemplos dessas
crianças, que clamam por socorro? Quando essas crianças, na escola, batem em um
colega ou cometem pequenas infrações, será que elas não estão gritando para
serem vistas ou ouvidas e esperam que alguém diga: “Basta”?
Infelizmente chegamos a um momento em que deixamos a educação ser
fanada por passeios em shoppings, no Google, facebook e outros sites que
substituem os pais, sites estes que tem sido o livro de ética entre as crianças
e os adolescentes do mundo atual. Surge então a pergunta: “o que os pais têm
a dizer”? Peca-se quando se permite que os meios de comunicação dialoguem
mais com os filhos do que os próprios pais, pois, na maioria do tempo, estes
estão simultaneamente presentes e ausentes.
Será que o limite e a repreensão agora não evitarão problemas
maiores no futuro? Estuda-se tanto para criar estratégias educativas
relacionadas ao limite da criança, porém, no exato momento de colocá-las em
prática não se consegue. Houve décadas na nossa história que foram de suma
importância: as décadas de 1960 e 1970 até meados dos anos 1980. Mas essas
décadas foram responsáveis pelo dilaceramento da família.
No auge das transformações sociais, quando a principal regra era
quebrar as regras impostas pela oportunidade, a família foi dilacerada.
Ganharam-se algumas coisas, mas se perderam o controle dos filhos. Os filhos
daquela época são os pais e avós de hoje. Houve uma mudança de comportamento e
uma inversão de respeito e valores. Tudo o que era uma regra familiar, como
pedir a benção ou informar para onde se está indo aos pais, transformou-se em algo
retrogrado.
O não que era para ser dito na circunstancia do autoritarismo passou
a ser dito aos pais. A mudança na moda, a aceitação dos excluídos, a nivelação
social, os hippies, o topless, as drogas, tudo isso transformou a atitude e o
comportamento dos filhos. Infelizmente não entenderam que a liberdade pela qual
lutavam era a liberdade do respeito ao outro. O não é tão importante na
imposição do limite como o dar de mamar, que cria a defesa imunológica.
O não de hoje com certeza fará um adulto forte no futuro. Aprender
a receber um não ensinará a criança que a vida nem sempre lhe dirá um sim,
evitando frustrações. Aprender a receber um não é aprender a dizê-lo também. A
criança que aprende a receber um não também o dirá às drogas, ao álcool, ao
sexo prematuro; dirá não aos pequenos furtos, à desonestidade, à falta de
respeito, à mentira. Dirá não a tudo que tentar substituir os pais.
Longe de se tratar de um simples problema, passível de solução
natural, a educação dos filhos é um desafio cujas bases são culturais. Os pais
precisam admitir que também são humanos e seus recursos emocionais, limitados.
Dificuldades e crises familiares são inevitáveis. Por acreditarem que os filhos
encontrarão o próprio rumo, alguns pais abrem mão de sua autoridade. Temem o
rótulo de “careta”, e acham que as crianças não podem ser tolhidas nas suas
reações para se tornarem adultos livres, sem traumas.
Adultos que, quando crianças não tiveram limites, mostram-se
indecisos, inseguros, incapazes de persistir e lidam muito mal com perdas e
frustrações. Aprendem a manipular e mentir, como forma de obter aquilo que
desejam. Apresentam dificuldade em assumir responsabilidades, em manter o que
prometem.
Pais ásperos cobram com agressividade comportamentos que fogem da
sua expectativa, mostram baixa manifestação de afeto, são incapazes de
reconhecimento e elogio. Seus filhos acabam por apresentar baixa estima,
sentem-se culpados, buscam esconder o medo dos desafios, ora mostrando conduta
obediente e passiva, ora rebelando-se e mostrando explosões emocionais sem
motivo aparente.
Pais e filhos têm todo o direito de expressar irritação, medo e
raiva. Nem por isso podem bater, atirar ou quebrar objetos quando estão
furiosos. Se os filhos veem os pais discutindo, mas resolvendo os problemas,
podem aprender importante lição. As pequenas insatisfações podem ajudar a lidar
com outras, maiores, que a vida certamente trará. Os filhos precisam aprender
que podem ter raiva, mas não precisam odiar nem fazer comentários maldosos.
Um irmão pode sentir raiva do outro, mas os adultos não podem
permitir que se agridam fisicamente, briguem de forma violenta. Sentimentos e
desejos são legítimos e aceitáveis, mas muitos comportamentos não podem ser
tolerados nem estimulados. Essas crianças aprendem a se acalmar, concentrar-se
no problema, recuperar-se das frustrações.
Na educação dos filhos, o grande desafio é aprender a identificar e
situar os problemas, sem agredir a personalidade do filho, equilibrando
atividade e firmeza. Comportamentos indesejados devem ser desestimulados, mas
as emoções não podem se sufocadas, reprimindo a ação sem censurar os
sentimentos.
Se no passado os sentimentos eram vistos como prova de fragilidade
emocional, hoje não se pode negar que homens e mulheres, independente do sexo,
idade ou situação socioeconômica experimentam raiva, medo e afeto. Os pais não
fogem desta regra, e nem sempre sabem lidar de forma afetiva com as emoções.
Equilibrar afeto e limite parece ser o maior dos desafios. O
comportamento e postura dos pais quanto ao afeto e limite trazem consequências
muito importantes na educação e formação do caráter dos filhos.
Por: ROBERTO COSTA FERREIRA
HILASA – Instituto de História, Letras e Artes
SANTO AMARO – São Paulo / SP. Brasil
Conforme publicação no Facebook em data de 08 de abril de 2024 / SP |
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