São Lázaro
vivia em Betânia e era irmão de Marta e de Maria. Morto e sepultado, Jesus o
fez sair do túmulo, restituindo-lhe a vida, quando todas as esperanças já se
achavam perdidas. O episódio é narrado apenas pelo evangelista João,
mostrando que Jesus é a ressurreição e a vida: Quando Jesus chegou, já fazia
quatro dias que Lázaro estava no túmulo.
Sabemos pelo
Evangelho que Lázaro era tão amigo de Jesus que sua casa serviu muitas vezes de
hospedaria para o Mestre e para os apóstolos, de tal sorte que, Lázaro foi quem
tirou lágrimas do Cristo, quando morreu, ao ponto de falarem:
“Vejam como o amava!”.
Assim aconteceu que, por amor do amigo e para a Glória do
Pai, Jesus garantiu à irmã de Lázaro o milagre da ressurreição:
”Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda
que morto, viverá: e quem vive e crê em mim, não morrerá, Crês isto?” (Jo
11,26).
O resultado de tudo foi a ressurreição de São Lázaro.
Lázaro reviveu e este fato bíblico acabou levando muitos à fé em Jesus Cristo e
outros começaram a pensar na morte do Messias, como na de Lázaro. Antigas
tradições relatam que a casa de Lázaro permaneceu acolhedora para os cristãos e
o próprio Lázaro teria sido Bispo e Mártir.
“... porque
ele podia ser um morto-vivo, um cadáver com movimentos. Essa era realmente a
impressão que produzia em muitos: de um ser já desprovido de vontade própria.
Além disso, vivo ou morto ou morto e vivo ao mesmo tempo, aquele corpo esguio e
enrugado cheirava a túmulo. E os que o viam atrás do Rabi no pátio do Templo
murmuravam: Lá vai o Rabi com o Golém que ele afeiçoou.”
SHOLEM ASCH (O Nazareno).
À expressão acima referida “Golém”, para a melhor
compreensão do destaque, tem-se um ser artificial mítico, associado
à tradição mística do judaismo, particularmente à cabala, que pode ser trazido
à vida através de um processo mágico.
O golem é uma possível inspiração para outros seres criados
artificialmente, tal como o homunculus
na alquimia e do romance moderno Frankestein,
obra de Mary Shelley.
No folclore judaico, o golem é um
ser animado que é feito de material inanimado, muitas vezes visto como um
gigante de pedra. No hebraico moderno a palavra golem significa
"tolo", "imbecil", ou "estúpido". O nome é uma
derivação da palavra gelem, que significa "matéria-prima."
Ainda, do destaque, Sholem Asch
(em iídiche) ou Shalom Asch (Kutno, polônia 1880 – Londres, Inglaterra
1957) foi um romancista iídiche, dramaturgo e ensaísta, nascido na Polônia, na
época uma cidade sob dominação russa. Oriundo de uma família de dez filhos,
ultra-ortodoxa, recebeu uma educação jovem tradicional e formação talmúdica.
Aos 17 anos, seus pais o enviaram a
Włocławek, onde seria tutorado por um escrivão público, e iniciou-se em outros
idiomas e na literatura profana. Foi então a Varsóvia, o núcleo da vida
literária judia na Polônia. Começou então a escrever em hebraico, mas, graças
às influências do grande escritor I. L. Peretz passou a escrever em iídiche,
dando exclusividade a este idioma.
E voltando ao nosso cenário, da obra
de J.
Herculano Pires - Lázaro – que segundo Jorge Rizzini, autor de sua biografia o
denomina o Apóstolo de Kardec, temos a considerar:
“Da impureza para a pureza. O problema central da vida de Lázaro,
neste romance, não é o da ressurreição,
mas o da pureza. O que é a pureza? pergunta Lázaro e pergunta Simão, seu pai. Mas quem dá a resposta
é o Messias, é o Rabi Joshua, de Nazareth. Não uma resposta de palavras, mas de
atos. Principalmente a daquele ato supremo de imolar-se como cordeiro de Deus,
na Páscoa da impureza de Edon, para salvar a Páscoa da pureza de Israel.
Conceitos da pureza e da impureza numa interpretação superior, no plano do
pensamento abstrato.”
Mais detalhadamente, tendo em vista
alargar o entendimento no destaque contido no parágrafo anterior em razão do problema
central do romance: O que é a pureza? Devemos visualizar a obra, os romances
contidos na trilogia deste magnífico autor J. Herculano Pires: Barrabás, Lázaro e Madalena, onde no primeiro romance –
Barrabás – que mereceu além de elogios de importantes críticos literários, o
Premio do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, em 1954.
Em nota incluída na primeira edição
prometera ele publicar mais dois romances, Lázaro e Madalena, com os quais,
aliás, criaria a primeira trilogia
evangélica – e, note-se, trilogia espírita – na ficção de língua portuguesa. O título inicial da trilogia era “Caminhos do Espírito”, mais tarde trocado por “A Conversão do Mundo”. O plano estrutural da trilogia era bastante
arrojado, mas não compatível com o forte talento de romancista do autor.
Afinal, em que consistia a estrutura temática da trilogia?
Ele, J. Herculano Pires partiu do
princípio ou da tese de Wilhelm Dilthey,
segundo a qual a transição histórica do paganismo para o cristianismo se deu em três tempos. E fixou esses tempos em três figuras evangélicas:
· Barrabás, por exemplo,
representa um tempo do momento da transição. Esse tempo é o da violência
que marcava a consciência pagã e que transita no cristianismo para a não
violência.
Em temos de mecânica temporal
podemos dizer que a consciência humana evolui da violência de Barrabás para a não violência de Cristo.
· Já o romance Lázaro é um simbolo de sentido existencial,
marcando um instante do homem no fluir do tempo.
Foi nesse aspecto que encarou o
romance, procurando penetrar os mistérios de sua existência no momento
histórico em que o mundo clássico greco-romano se apagava para que uma nova
civilização se elevasse.
· Madalena é o ápice de toda problemática abordada por Herculano Pires em sua trilogia.
“É nela (em Madalena) que vemos a
passagem do amor sensual da antiguidade para o amor espiritual da era cristã”,
afirmou Herculano Pires.
Ninguém melhor do que Victor Hugo
acentuou esse problema no seu manifesto do
romantismo, ao prefaciar sua peça sobre Cromwel, momento que Madalena passa de cortesã a santa. Seu amor
pela beleza física transmuta-se em amor espiritual no seu encontro com JESUS. O
amor não é mais carnal. Ele sai do platonismo prático dos antigos, que é a
procura do Belo através das formas, para o platonismo ideal, e por isso
verdadeiro, que só o toque da mensagem cristã conseguiu revelar em PLATÃO.
Fato curioso e até surpreendente é
que entre um romance e outro houve um intervalo de longos anos. Barrabás
foi publicado em 1954, Lázaro, dezessete anos após (em
1971) e Madalena em 1979, ou seja, vinte e cinco anos depois de
Barrabás.
A razão (explicou Herculano Pires) é
que houve muitas interferências e mais de dez livros de ensaio foram publicados
de permeio – livros que o levaram em 1964 a fazer parte da diretoria da União
Brasileira de Escritores, e demais evoluções reconhecidas.
Assim, evidenciamos o dia de hoje, 17
de Dezembro... São Lázaro, rogai por nós!
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