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sábado, 14 de maio de 2016

“Medicalização na saúde” em razão do TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade diante dos ditos “bandaids farmacológicos”



Então soou como uma horrível estória de um filme de terror: um psiquiatra norte-americano, internacionalmente famoso, testa em seus pacientes, nos anos 60, diferentes remédios psicotrópicos com a intenção de acalmar as crianças. Quando encontra a pílula adequada com a qual consegue acalmá-las, ele levanta em nome da Organização Mundial da Saúde a agitação das crianças como uma nova doença. Uma nova fonte de renda da rede mundial da indústria médica e farmacêutica. Milhões de jovens em todo o mundo tomam a tal RITALINA há décadas, porque eles teriam a suposta TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

O gigante farmacêutico e outros faturaram bilhões nas últimas décadas com o uso da Ritalina. O citado neurologista norte-americano leva o nome de Leon Eisenberg. Todavia a verdade sempre vem à tona, mesmo se às vezes demore um pouco mais. Pouco antes de sua morte em 2009, o médico de 89 anos revelou o embuste: nunca ele havia imaginado que sua descoberta tornar-se-ia tão popular, declarou ele em *um artigo intitulado: Melancolia sem vergonha, publicada em 06 de Fevereiro de 2012 – DER SPIEGEL. “TDAH é um exemplo marcante para uma doença fabricada”!

Na atualidade a Ritalina é fácil de se conseguir e é barata e sua comparação com a cocaína não é apenas um slogan. A Ritalina é quimicamente similar à cocaína. Quando injetada, manda aquele “golpe” pelo qual os dependentes imploram tanto.

Em 2000, a Drug Enforcement Administration (DEA) revelou os resultados dos estudos em animais e em humanos que receberam cocaína e Ritalina. O teste não consegue mostrar a diferença. A DEA concluiu que “Eles produzem efeitos que são quase idênticos”.

Assim, a companhia farmacêutica Ciba-Geigy (precursora da Novartis) lançou o produto no mercado em 1955, com o nome de Ritalina, enquanto por aqui é certo que a Polícia Federal está de olho nas compras irregulares de tal “medicamento” dito que:
  •          melhora a concentração,
  •          que virou febre entre estudantes, mas,
  •          também é certo que podem ser falsificados ou roubados.

Significativo número de estudantes tende a turbinar o cérebro com o uso de um “remédio” altamente controlado, que tem o efeito parecido com o da cocaína. Não bastando, outra agravante é que:
  •          tem muita gente se automedicando e,
  •          recorrendo ao mercado negro para conseguir o produto.

Remédios podem ser enviados pelos Correios, desde que acompanhados de nota fiscal e de receita médica. Mas nem sempre é o que acontece. Em rede social oferece-se Ritalina a pronta entrega. A negociação de vendedores de remédios e estudantes de cursinhos e de universidades está se tornando cada vez mais comum. Por trás de uma rotina exaustiva de estudos um segredo para dar conta dessa maratona.

O Ministério da Saúde não tem um levantamento sobre o uso do fármaco por região mas, sabe-se que pesquisas revelam que em 2004 verificou-se trinta vezes mais viciados em Ritalina – dita também “cocaína dos pobres” -  em salas de emergência do que em 1990, porém outra pesquisa da Universidade estadual do Rio de Janeiro mostrou que o uso do “medicamento” cresceu quase  800% nos últimos dez anos no Brasil.

Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a “tábua de salvação”, tendo sido prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tendo o objetivo de:
  •          Melhorar a concentração,
  •          Diminuir o cansaço e,
  •          Acumular mais informação em menos tempo.

Esse fármaco desapareceu das prateleiras brasileiras há algum tempo, porém, já começou a voltar, trazendo instabilidade principalmente aos pais, pela incerteza do consumo pelos filhos. Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois, reiteramos, tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, atuando como um narcótico. No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a Ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico.

Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Já, na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que se tornou firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?

TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como RITALINA e ADDERALL.

Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, veem o TDAH como uma condição médica que tem causas psicossociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas,
  • os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança.
  • Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar.

Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana:
  • de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
  • Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizados pelos psiquiatras americanos.

Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em:
  • identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e
  • não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.

Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que em minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância.
  • O DSM não considera causas subjacentes.

Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH:
  • um número muito maior de crianças sintomáticas,
  • e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.

A abordagem psicossocial holística francesa também permite considerar:
  • causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos.

Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto,
  • incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.

E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar:
  • por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas.

Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a seguinte discussão:
  • por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.

A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem “um firme cadre” – que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo:
  • que as crianças tomem um lanche quando quiserem.
  • As refeições ocorrem em quatro momentos específicos do dia.
  • Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer.
  • Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais.
  • Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.

Os pais franceses destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina:
  • Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas.
  • Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a inúmeras experiências, realizadas por terapeutas e mães.
  • Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”.
  • E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.

Conhecendo da conduta de terapeutas que trabalham com as crianças, neste cenário, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas:
  • não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o autocontrole no início de suas vidas.

As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman em sua obra:
  • os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que,
  • no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

Assim, num destaque que entendo providencial, a “medicalização na saúde” em razão do TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade diante do dito “bandaids farmacológicos” como RITALINA e ADDERALL, tenho a considerar o que adiante refiro.

Que a RITALINA, nome comercial do METILFENIDATO, em essência é uma droga anfetamínica, tem sido cada vez mais produzida e consumida no Brasil. Só no período entre 2002 e 2006, um momento marcante, sua produção industrial brasileira cresceu 465%,

Que sua vinculação ao diagnóstico de TDAH tem sido fator predominante de justificativa para tal crescimento. Entretanto, os discursos que circulam em torno do tema e legitimam seu uso também contribuem para o avanço da venda.

Que o Brasil é o 2º pais que mais utiliza o tal “cloridrato de metilfenidato”, princípio ativo do medicamento, perdendo apenas para os Estados Unidos. E que tal substancia é adotada no tratamento do citado transtorno.

Assim, a RITALINA, “droga da obediência” tem sido admitida como subterfúgio para escamotear falhas no sistema educacional. Além disso, o consumo para não portadores de TDAH, vendas ilegais pela internet, abuso por jovens em baladas ou para melhorar resultados em provas ou no trabalho, já assumiram consagradas proporções assustadoras e assemelhadas a outras situações de tráfico de drogas.

Sua restrição em crianças da rede pública de São Paulo fomentou grande discussão da classe médica. A Portaria 986/214 da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo exige uma avaliação mais ampla no caso de pacientes antes de optar por “tratamento medicamentoso”.

Já o ADDERALL, com efeitos inadequados para emagrecimento, é um “psicoestimulante” constituído de sais de ANFETAMINA, sendo uma substancia controlada com “alto potencial de abuso e vicio”, tendo sido aqui introduzido em 1996 na forma de tablete que vinha no formato original usada no remédio para emagrecimento OBETROL.

Posteriormente, o “ADDERALL XR” foi usado, por primeiro, para tratar:
  • Narcolepsia e,
  • Déficit de Atenção com Hiperatividade,
  • controlar casos graves de depressão resistente ao tratamento e por alguns efeitos colaterais:
  • Diminuição de apetite, dificuldade de cair no sono, ainda,
  • Dor estomacal, boca seca, psicose, mau hálito, etc.

ADDERALL XR tem por nome genérico: sulfato de dextroanfetamina, sacarato dextroamphetamine, sulfato de anfetamina e aspartato de anfetamina e sua forma de dosagem: cápsula, liberação prolongada. Desvio de anfetaminas pode causar morte súbita e reações adversas cardiovasculares graves. Adderall XR ® também é indicado para o tratamento antes cogitado.

Roberto Costa Ferreira, 14Mai2016

Conselheiro Gestor Saúde e Saúde Mental
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* http://www.spiegel.de/spiegel/print/d-83865282.html (link para acesso ao referido artigo – DER SPIEGEL, 06.02.2012 – Melancolia sem vergonha).

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