Professorar é sinônimo de ensinar, lecionar, é o transmitir conhecimento sobre alguma coisa a alguém e, por extensão, dar instruções sobre alguma coisa a alguém; instruir, ensinar sua técnica aos estudantes, indicar de maneira precisa; em que há precisão; orientar: ensinar-lhe o caminho a seguir. Professor ou docente é uma pessoa que ensina ciência, arte, técnica ou outros conhecimentos. Para o exercício dessa profissão, requer-se qualificações acadêmicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno.
Na atualidade, contudo, ser
professor não se limita apenas a transmitir conhecimento sobre determinado
assunto. O papel do professor envolve uma responsabilidade bem mais complexa,
que consiste em formar o aluno em uma perspectiva integral que engloba os
aspectos tais como social, afetivo e psicológico. Para isso, é preciso ter
experiência, cultura e conhecimento plural, a fim de tornar o aluno capaz de
responder, de forma crítica e autônoma, aos desafios de uma sociedade em
transformação constante, seja no âmbito pessoal ou profissional. Ser
pesquisador, professor, também coordenador de um curso na área de educação me
faz parte integrante do grupo que analiso, isto é, “daqueles que pensam e,
ao mesmo tempo, vivenciam o fenômeno da educação”.
Um professor “não pensa somente
com a ‘cabeça’, mas ‘com a vida”, com o que foi, com o que viveu, com aquilo
que acumulou em termos de experiência de vida, em termos de lastro de certezas.
Em suma, ele pensa a partir de sua história de vida não somente intelectual, no
sentido rigoroso do termo, mas também emocional, afetiva, pessoal e
interpessoal.
O professor, quando planeja,
cria, toma decisões e improvisa, em uma constante articulação entre o saber
teórico, científico e formal, pertencentes à esfera profissional. Além desses,
orienta-se por saberes da esfera pessoal, referente aos seus sentires e à sua
experiência prática. Segundo contribuições de Lovisolo (1993), que usa a
imagem do “bricoleur” de Lévi-Strauss que designava um
modo específico de pensar – o pensamento mágico - por vezes denominamos
essa competência de combinar recursos diversos de arte. Isso indica que, na
atividade desse bricoleur, seu gênio, instinto, sua percepção são fundamentais.
A chave de sua atuação é a mediação
entre racionalidades, entre saberes. Os conhecimentos do saber técnico, que é
aquele saber especializado que se aprende expressamente, não se desligam do
saber da experiência, que é aquele saber prático geral humano que se acumula
por quem vive; abarca a esfera profissional, mas, da mesma maneira, toda a
existência privada e pessoal.
‘‘É certo que tal
saber é ‘subjetivo’, quer dizer, em grande parte incontrolável e instável.
No entanto, trata-se
de um saber no qual a ciência não pode negar seu interesse’’,
(Gadamer, 2011,
p. 9).
A criação do professor – como a
um artista (da prática pedagógica como uma obra de arte) é um fenômeno vital,
por isso exige dele algo mais do que apenas conhecimento científico, teórico e
técnico. Depois de resgatar o valor dos saberes da experiência e tendo como
referência que a arte pode nascer de uma vivência, penso que, no planejamento,
na criação, o professor-artista precisaria ‘‘percorrer um território’’,
aventurar-se, arriscar-se a quebrar as próprias resistências, atrever-se a
habitar o mundo no seu ‘‘estar aí’’ para conseguir criar o novo ou
transformar o já existente, porque “no viver está a luz que permite projetar
sua obra”.
Nessa criação a partir da
abertura à vivência estética, ele, o professor-artista, não representa uma
forma na sua prática, não planeja sua obra a partir da cópia de estruturas já
estipuladas ou guias. Ao contrário, reconhece que o espaço da aula será sempre
diferente. Em última instância, conforme disse González e Fensterseifer
(2006, p. 6):
‘‘[...]
ela não é uma etapa de uma ‘linha de montagem’, mas parte de um processo que
envolve sujeitos’’.
É possível planejar/criar uma
prática como obra de arte a partir de vivências e numa constante conversa com a
tradição, senti-la presente e construí-la como passado de um futuro próximo. Já
para o momento da execução da prática pedagógica, poderíamos dizer que,
diferentemente do trabalho de um artesão ou arquiteto,
“o
trabalho artístico do professor se configura no contato com outros humanos e
isso faz com que tanto a construção como os resultados da obra sejam diferentes
e por vezes se eternizem”.
A obra do professor, à semelhança
da obra de arte, não gera um produto que se dispõe a outros para seu uso; não
se cria uma matéria física palpável e observável com a qual se pode verificar o
conhecimento ou o talento. A obra do professor-artista, a prática pedagógica,
remete à formação; é um tipo de inclusão à vida, acompanhar na possibilidade de
que o outro (o aluno) se transforme no transitar do mundo. É por isso que
podemos dizer que, também semelhante à arte, a formação significa um ‘‘acréscimo
do ser’’.
Portanto, não há nada
desagradável em ser professor. É um trabalho muito lindo, relevante,
amoroso, recompensador mesmo que não o seja financeiramente. E é pura conexão
com o outro, aprendizado constante - mudança constante - e reflita: uma
das poucas coisas que se pode dizer sobre essa existência é que “a vida é
sobre se conectar amorosamente com o outro ser humano”. Ser professor é
fazer isso constantemente. Ai de quem, sendo professor, perde essa realidade.
Ficar em pé? Não viajar
imediatamente para qualquer lugar que deseje ir? Bom… nomeie-se várias coisas desagradáveis,
mas em essência é um constante encontro do futuro com o presente. Vê-se tanta
mudança sutil na teia social devido a sua ação que, pensar mais na tristeza de
não se terem todas as pessoas engajadas na rede da educação, do que em coisas
propriamente desagradáveis.
Desagradáveis são, talvez seja
sempre assim em última análise, problemas de natureza íntima, tais como a nossa
natural inadequação à realidade que nos obriga a amadurecer com o tempo
aceitando que nossos ideologismos são feitos à medida de nossa inexperiência e
que é a vida que realmente nos propõe os reais problemas relevantes.
Ter o dom... Um bom
professor tem que primeiramente ter o dom de ensinar e amar fazê-lo.
Obviamente, ele deve conhecer muito bem a matéria que ensina, assim como saber
como transmiti-la a seus alunos. Ele deve ser criativo, interessante e
contagiante.
Sua atitude deve ser de apoio, carinho e respeito para seus os alunos. E a
maneira como apresenta sua matéria deve incentivá-los a quererem estudar,
participar de suas aulas... Para mim, ser um bom professor baseia-se em aspetos
tais como: explicar-se bem e à matéria e cativar os alunos. Esses aspetos
deixam-me muito interessado numa aula.
Trabalhei em algumas outras áreas
antes. Me sentia extremamente amarrado, com pouca margem de criação. Ser
professor me permite criar possibilidades a todo instante. Ainda que tenhamos
currículos e diretrizes a seguir, a função do professor é justamente encontrar
estratégias de dinamizar os conteúdos e temas de aprendizagem em metodologias,
que vão mudar sempre de uma turma pra outra, geralmente de um aluno para outro.
Além disso, a educação é uma via
que promove mudanças sociais, não apenas em sentido técnico, capacitando
pessoas para funções, mas a partir de visões críticas da realidade. É na escola
que a gente para pra pensar sobre o mundo, e isso é muito potente. Enfim, essas
foram razões que me levaram à docência. Mas existem outros motivos, sem dúvida.
Infelizmente a sociedade brasileira não tem valorizado o trabalho de
professoras e professores, e essa carreira tem atraído cada vez menos pessoas,
e aquelas que foram atraídas se sentem cada vez mais desmotivadas.
Esse é um dos pontos que nos
levam a essa eterna crise na educação no Brasil, que não é crise, como bem
disse Darcy Ribeiro; é projeto. E o projeto de formação,
capacitação e oportunidade de universidade adiante, merece consideração. Portanto,
vou aqui considerar e dar uma resposta neutra e objetiva. A primeira coisa que se
precisa entender é que existem diferentes tipos de professores universitários.
Imagino que você tenha em mente o tipo clássico: professor doutor, concursado
de universidade pública que faz pesquisa em sua área. Para isso, você precisa:
- fazer graduação;
- fazer mestrado (opcional em alguns casos);
- fazer doutorado;
- talvez fazer um estágio de pós-doutorado;
- aguardar concurso para professor adjunto;
- passar no concurso público. Esses são passos possíveis.
Exercer... E este
exercício esbarra em limites a se considerar, tal que, é desagradável perceber
que o ensino acadêmico está a perder o seu método socrático de ensino, onde
procuramos o debate e a articulação verbal do conhecimento, em detrimento do
ensino doutrinário de vários professores, a inibir o pensamento articulado dos
alunos, capazes de “pôr em causa” a informação transmitida. A parte boa dos
alunos que “colocam em causa as informações que se transmite”, como
professor, destaco que “só consigo sustentar uma boa contra-argumentação
quando tenho o conhecimento do meu lado e sou competente ao partilhar uma
lógica do pensamento”.
Se este diálogo resultar aberto,
sem medo de “ofender” só porque pensamos diferentes, deixar de existir,
alimentamos o cinismo e doutrinas ideológicas que inibem a individualidade de
cada um, e facilita o agrupamento tribal de pessoas. Sem pensamento livre, debate
verdadeiro e genuíno, as capacidades individuais de cada um são perdidas no
esquecimento. Não exijam dos professores “enfiar” o conhecimento em
vossos cérebros. Nem escolham áreas onde não se tem real interesse. O interesse
vai fazer com que se estudem sobre o assunto naturalmente.
Como decorrência da
complexificação social e da diversificação de atividades consideradas
educativas, amplia-se o campo da educação de forma a estarmos, hoje, diante de “uma
sociedade genuinamente pedagógica” (Libâneo, 1998, p.19). Esta ideia
implica em aceitar que a escola seja mais um dentre os espaços educativos, já
que em vários campos (televisão, empresas, turismo dentre outras), há
constantemente o que o autor denomina “intervenção pedagógica”.
O que talvez Libâneo
pudesse afirmar é que a ampliação da denominação “educação” e “educador”
tende a acentuar a profissionalização docente. Ou seja, a contratação de
educadores para trabalhar em instituições não escolares, gera uma necessidade
de especificar (ou tornar mais profissional) o trabalho dos professores que
devem, portanto, ser reconhecidos como profissionais da educação. Um bom
exemplo do que estou afirmando pode ser encontrado nas palavras de Sacristan
(2003). Para o autor, todo cidadão comum é capaz de desenvolver práticas
educativas, mas o professor, além de partilhar como cidadão uma cultura comum
da educação, seria também um especialista, na medida em que dominaria os
saberes pedagógicos com mais profundidade.
Lembro também que a definição de aprendizagem
como “objetivo fim da educação” já se encontra combinada em Comênio,
que propunha:
“uma arte universal
de ensinar a todos, de um ou outro sexo, não excetuando ninguém, em parte
alguma; a escola elementar é democrática e universal”
(LOVISOLO, 2000
p. 33).
Portanto, Comênio
antecipa, e muito, o que mais tarde caracterizaria a ação educativa na
modernidade: isto é, que a aprendizagem deve ser a finalidade e o ensino,
os meios, e, para que isso ocorra, é preciso haver um sistema organizado. O que
talvez Libâneo pudesse afirmar é que a ampliação da denominação “educação”
e “educador” tende a acentuar a profissionalização docente. Ou seja,
a contratação de educadores para trabalhar em instituições não escolares,
gera uma necessidade de especificar (ou tornar mais profissional) o trabalho
dos professores que devem, portanto, ser reconhecidos como profissionais
da educação.
Um bom exemplo do que estou
afirmando pode ser encontrado nas palavras de Sacristan (2003). Para o
autor, todo cidadão comum é capaz de desenvolver práticas educativas, mas o
professor, além de partilhar como cidadão uma cultura comum da educação, seria
também um especialista, na medida em que dominaria os saberes pedagógicos
com mais profundidade. De acordo com o autor:
Podemos dizer que, em certa medida,
somos todos práticos (todo o mundo em algum momento ensina algo a outro, ou
exerce alguma influência premeditada sobre alguém) e que todos sabemos algo. Em
outro contexto (Gimeno Sacristán, 1998), argumentamos mais detalhadamente sobre
o fato de que a educação é uma prática compartilhada, assim como sua compreensão.
Todos sabemos algo a respeito dela, todos, de alguma forma, podemos ensinar
algo aos outros, podemos conduzir e orientar o cidadão comum - mesmo que não
seja pai ou mãe - entende e é capaz de desenvolver práticas educativas, assim
como o professor, visto que é, ao mesmo tempo, um detentor dessa cultura sobre
a educação e um especialista que domina os saberes pedagógicos com mais
profundidade e destreza do que aqueles que não exercem seu ofício. O especialista
tem um conhecimento diferente dessa cultura, elaborado desde outra perspectiva,
o qual poderá ser mais profundo. O educando também dispõe desses conhecimentos,
extraídos de suas vivências como sujeito passivo das práticas educativas” (SACRISTAN,
2003, p. 16)
Vemos aqui já anunciada no âmbito
do debate educacional, uma ideia que hoje é moeda corrente em textos
específicos sobre a formação professores; isto é, que a intervenção docente
é uma ação que traz, ao mesmo tempo, a cultura e a ciência, ambos contidos no
assim denominado “saber docente”!
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As relações entre Educação, cultura e conhecimento são sempre polissêmicas e provocativas. Neste acesso, trago para sua leitura diversas experiências, perspectivas, reflexões... Encontros que se fazem em diferentes ãmbitos: literatura, música, dança, teatro, artes visuais, educação física, mídia, etc.
E considere: é entre a manifestação da literatura, as artes visuais, a música, a dança e o teatro que a educação e o conhecimento acontecem fora do curricular, do convencional!