Ainda, por conta dos atos de Proclamação da República, em 1889 o alferes Joaquim Ignacio Baptista Cardoso (1860-1924) avô do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ajudante de campo de Floriano Peixoto, ficou conhecido por sua sugestão para que se fuzilasse o Imperador Dom Pedro II e a Família Imperial Brasileira caso houvesse qualquer resistência contra a Proclamação da República. Assustado com a proposição do Jovem Militar de 29 anos, Benjamim Constant reclamou, “o Senhor é um sanguinário!”.
Joaquim, o alferes, era filho de Felicíssimo Espírito Santo Cardoso (1835-1905), político Conservador do Império. Nascido em 24 de junho de 1860. Ingressou no Exército como soldado voluntário em 15 de julho de 1875, aos 15 anos, no 20º BC de Goiás e cadete de 2ª classe, 13 dias depois. Sentou praça em Goiás, no 20º BC, em 15 julho de 1875 e ali foi aprovado em Infantaria e Cavalaria. Destacou-se como burocrata:
- furriel, tal expressão que tem origem no francês “fourrier”, ligado à palavra “forragem” e que, diante da significação militar designava um posto em razão das forças armadas, próximo à primeira graduação da categoria de sargento, acima de cabo, e sua função estava ligada à logística e distribuição de suprimentos para as tropas, depois,
- quartel mestre (intendente), tendo ali servido na Infantaria e Cavalaria de 1876-81.
Como 1º sargento, em 1881, matriculou-se na Escola Militar da Corte onde se destacou "pela sua aplicação e distinção", revelando dificuldades em Matemática e Desenho.
- Foi promovido a Alferes de Cavalaria em 20 out 1884, sendo felicitado em Boletim "por sua promoção bem-merecida".
Teve
destacada participação na propaganda de conspiração e Proclamação da
República, conforme escreveria 50 anos mais tarde seu filho major
Leônidas Cardoso.
Às onze horas da noite de 6 de novembro de 1889, um grupo de militares havia se reunido na casa do tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, professor de matemática da Escola Militar da Praia Vermelha e diretor do Instituto dos Meninos Cegos. O objetivo era tratar dos preparativos para a "revolução". Entre eles estavam o capitão Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, os tenentes Saturnino Cardoso e Sebastião Bandeira, o aluno da Escola de Guerra Aníbal Elói Cardoso e o alferes Joaquim Inácio Batista Cardoso. Na conversa, todos se manifestaram de acordo com o uso das armas para depor a Monarquia.
Combinou-se um plano pelo qual os participantes ficariam encarregados de:
- agitar os ânimos nos quartéis,
- estocar armamento e munição e,
- traçar em detalhes o golpe a ser desfechado nos dias seguintes.
A
certa altura, porém, Benjamin Constant mostrou-se preocupado
com o destino do imperador Pedro II:
— O que devemos fazer do nosso imperador?
— perguntou.
Fez-se
um minuto de silêncio, quebrado pelo alferes Joaquim Inácio:
— Exila-se — propôs.
— Mas se resistir? — insistiu
Benjamin.
— Fuzila-se! — sentenciou Joaquim Inácio.
Benjamin
assustou-se com tamanho sangue-frio:
— Oh, o senhor é sanguinário! Ao
contrário, devemos rodeá-lo de todas as garantias e considerações, porque é um
nosso patrício muito digno.
Por
uma ironia da história, o “sanguinário” Joaquim Inácio Cardoso,
então com 29 anos, viria a ser avô de um futuro presidente da República, o
manso Fernando Henrique Cardoso. Para fortuna de Pedro II, no dia 15 de
novembro haveria de prevalecer a posição de Benjamin. Em
vez de fuzilado, como queria Joaquim Inácio, o imperador seria
despachado para o exílio.
Foi
mencionado por, Urias Silveira em 1890 como entre os
"moços empolgados por um ardente ideal, no afã patriótico do interesse que
manifestavam pela causa pública, sentiram-se arrastados a precipitar a marcha
evolutiva da transformação política, com o afastamento de seu cenário do vulto
respeitável do Imperador D. Pedro II."
Com seu regimento (o atual Andrade Neves) reduzido e a pé, e armado de espadas, clavinas e revólver, protegeram a Artilharia até o Campo de Santana, onde:
- em 15 novembro de 1889, teve lugar a deposição do Gabinete Ouro Preto e,
- a proclamação, de fato, da República. Junto ali estava seu irmão Augusto Ignácio como aluno da Escola Militar da Corte.
Joaquim
Ignácio como conspirador pela República, havia sido um dos 42 integrantes do Exército
e Armada que ingressaram no Clube Militar em 5 novembro 1889,
além de ser um dos 160 signatários do Pacto de Sangue firmado
nos dias 11 e 12 novembro, "de acompanharem Benjamin Constant até
a resistência armada".
Estava de
prontidão a cerca de uma hora da madrugada de 15 de novembro, junto do capitão
Hermes Rodrigues da Fonseca (futuro Presidente) que lhe transmitiu
mensagem do marechal Deodoro, destinada ao Major Solon,
no sentido de que:
"o rompimento devia ser
feito pela manhã, pois só a esta hora poderiam desembarcar as forças navais
,"que apoiariam o movimento."
Em 16 novembro de 1889, acompanhou o porto-alegrense major Solon Ribeiro, pai de Ana de Assis, futura esposa de Euclides da Cunha, até a presença do Imperador D. Pedro II, para:
- entregar-lhe a carta depondo-o e, indicando-lhe o exílio, em função da Proclamação da República no dia anterior.
Em 24
janeiro 1890, tenente, foi como homem de confiança do Governo do
Presidente Marechal Deodoro, comissionado Major Fiscal (subcomandante)
do 2º Batalhão da Brigada Policial do Distrito Federal, que
comandou de 12 abril a 27 maio 1890. Então, passou a Fiscal
(subcomandante) do Corpo de Cavalaria da Brigada Policial do Distrito Policial onde
foi elogiado por sua atuação "no controle à greve de carroceiros e
cocheiros do Rio de Janeiro" e por "haver evitado incidentes entre as
sociedades carnavalescas rivais". E, mais, "por haver restabelecido a
ordem em conflitos ocorridos em 30 janeiro 1892".
Ao
deixar a Polícia, em 21 agosto 1892, depois de mais de 2 anos a ela
servir como subcomandante e comandante de Unidades de Cavalaria e
Infantaria, foi elogiado assim:
"por relevantes serviços
prestados desde a Proclamação da República".
Ainda
tenente foi comissionado tenente coronel comandante do Corpo de
Cavalaria da Polícia de São Paulo por 7 meses, de 11 outubro
1892 a 25 abril 1893, antes de eclodir a Guerra Civil 1893-95 que
enlutou o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Retornou como tenente ao Rio onde tomou parte no combate a Revolta da Armada na Guanabara e por tal participação contou em dobro, os seguintes serviços prestados no combate a mesma e a Guerra Civil no Sul:
- 6 setembro 1893 – 2 fevereiro 1894: A disposição do comando da Escola Militar da Praia Vermelha, guarnecendo as defesas de Botafogo e Copacabana contra 1/5 da Armada revoltada.
- 3 fevereiro – 13 mar 1894: Como capitão Ajudante de Campo do Ajudante General do Exército general Bibiano Sérgio Fontoura Costallat, o encarregado do combate na Baia da Guanabara da Revolta da Armada.
Nesta função trabalhou duro na coordenação das medidas militares para combater a Revolta até a chegada da Esquadra Legal adquirida pelo mal Floriano nos EUA, Inglaterra e Prússica e operada por:
- oficiais e marinheiros fiéis,
- oficiais do Exército,
- alunos de nossas escolas militares e,
- marinheiros estrangeiros contratados nos EUA.
Foi aí que por várias vezes fez a ligação entre o Presidente Floriano Peixoto no Itamarati e o seu chefe e Ajudante General do Exército executivo do combate à Revolta no Rio.
- 24 fevereiro – 21 mar 1895: Em serviço no 6º RC de Santa Vitória do Palmar, (atual Regimento João Manuel de São Borja), destacado em Osório - RS (atual) no combate a Guerra Civil 1893-95, próximo de seu final no Rio Grande do Sul.
Em 1896 foi Ajudante de Ordens do Presidente de Goiás, de onde retornou para o 1º RC (atual Dragões de Brasília) e se casou em 23 dez 1886, aos 26 anos, com D. Leonídia Fernandes Cardoso que conheceu ali em São Cristóvão, próximo do Quartel do Regimento. Moça que chamava muita atenção:
- dos militares do Regimento, "junto com mais duas irmãs por serem 3 morenas muito bonitas".
Deste
consórcio tiveram 16 filhos, que descontados 5 que não se criaram, acompanharam
o casal pelo Brasil afora.
Em
1888, ainda sem filhos vivos,
fez sua derradeira tentativa de cursar a Escola Militar. Esteve
destacado em 1889 no 2º RC (Regimento Osório atual) em Jaguarão e
de lá foi mandado para o 8º RC em Curitiba. Foi nesta missão ,em
Curitiba, que em 24 fevereiro 1889, nasceu-lhe seu filho Leônidas, o
pai do presidente, seguramente concebido e gerado no Rio Grande do Sul.
Em 1911 foi louvado por sua atuação no combate a Revolta dos Marinheiros ou
da Chibata em 1910, liderada pelo marinheiro Manuel Cândido, de
Encruzilhada do Sul -RS.
Encerraria
a sua carreira militar em 5 maio 1923, acusado
de participação em conspiração na Revolução de 1922, em Mato
Grosso, como comandante da 1ª Circunscrição, sendo
preso por mais de 100 dias, de 19 ao a 2 dezembro 1922, a bordo
do Scout Ceará, na Baia da Guanabara.
Abalado
moralmente,
acreditamos, pela ingratidão e desconsideração por seus relevantes serviços,
inclusive na propaganda, proclamação e consolidação da República, faleceu
em junho 1924.
Por: Roberto Costa
Ferreira - 05nov25.
Prof,Pesquisa,Pedagogista,Med-MEng
HILASA-SP-Instit.História Letras Artes
SANTO AMARO - SÃO PAULO - SP.
Fonte:
https://www.ahimtb.org.br/fhc.htm/
Os presidentes: a história dos que mandaram e desmandaram no Brasil,
Colaboração: Rodrigo Vizeu.
Conforme: https://www.facebook.com/share/17jLwoUUKD/

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