Uma águia, retornando de seu voo, no encontro, aconselhou uma mulher sobre a melhor forma de criar os filhos:
— Você está bem, mãe humana? — perguntou a águia. A mulher, surpreendida, olhou para ela.
— Estou com medo, meu bebê está prestes a nascer e eu tenho tantas dúvidas... Eu quero dar o melhor para ele, quero que sua vida seja fácil e bonita, mas como saberei se estou criando ele bem?
A águia observou a mulher e, tendo interrompido seu voo, descida perto dela, teceu breve comentário:
— Criar um filho não é fácil. Não é uma questão de "estar tudo confortável". Na verdade, é o oposto! Quando meus aguiantes nascem, o ninho está cheio de penas e ervas macias, eles têm um lugar onde podem descansar, onde se sentem seguros ...
Mas, quando chega o momento em que eles precisam aprender a cuidar de si mesmos, eu tiro tudo isso. Só deixo os espinhos!
A mulher franziu a sobrancelha, confusa:
— Espinhos? Por que torná-lo tão difícil?
A águia olhou para ela com seriedade observando:
— Porque os espinhos incomodam... E esse desconforto é necessário. Eles não ficam aí esperando que tudo lhes seja servido. Os espinhos obrigam-nos a procurar um lugar melhor, a crescer ... Conforto não lhes ensina nada...
A mulher pensou nas palavras da águia, mas ainda tinha dúvidas, questionável...
— E o que você faz quando eles caem? — perguntou, intrigada.
A águia respondeu, com muita segurança:
— Atiro-os para o ar. No início, eles caem porque o vento os vence, mas eu os salvo. Levanto-os com as garras e atiro-os de novo ... De novo e de novo, até que eles aprendam a voar sozinhos! Sabes o que faço depois? Vou deixá-los ir. Já não os ajudo mais!
A mulher olhou para ela, com os olhos abertos, sem entender completamente:
— Não suporto a dependência — continuou a águia. Meus filhos precisam aprender a voar, eles precisam aprender a ser fortes sozinhos. A vida não é sobre mantê-los em um ninho suave e seguro o tempo todo ... Se eu cuidar muito deles, se eu mantiver eles no meu ninho para sempre, não vou ensinar nada. Eles têm que encontrar o seu caminho, e eu sei que o encontrarão.
A mulher, olhando para a águia, respirou fundo ... Manifestando-se indagativa:
— Então devo deixar meu filho sofrer um pouco? — disse a mulher, um pouco medrosa. A águia acenou.
— Não é sofrer. É aprender! E mesmo que te doa, mãe humana, o melhor que podes fazer é ensiná-la a ser forte. Não segure, não apapache o tempo todo. Fá-lo voar!
No entendimento, "apapache" é uma palavra que provém do espanhol, mas tem origem na língua indígena nahuatl (dos Astecas), e seu significado pode ser traduzido como "abraçar com o coração" ou "acariciar com a alma".
A mulher acenou, acariciou sua barriga, meigamente, olhou para a águia por um longo momento e então, sorrindo, se despediu do pássaro:
— Obrigado, Mãe Águia — sussurrou enquanto se afastava. Seus conselhos são muito valiosos!
A mulher seguiu seu caminho, disposta "a ser a mãe que seu filho precisava":
- firme, corajosa,
- uma mãe que a ensine a voar!
Se você quer que seu filho voe alto ... Não faça tudo por ele. Não o mantenha em um ninho de conforto. Águias empurram seus filhotes para fora do ninho, deixam-nos enfrentar os contratempos, os espinhos, porque sabem que só assim aprenderão a voar.
Não tenha medo de vê-los cair. Você, como a águia, estará lá para levantá-los, mas não os mantenha sob sua asa para sempre. Deixe-os enfrentar o vento ...
Deixe-os aprender a ser forte!
Amor verdadeiro não é protegê-los de tudo, é ensiná-los a voar, mesmo que isso signifique deixá-los cair. Deixe-os encontrar o seu caminho, mesmo que tropecem no processo.
Roberto Costa Ferreira, 25 mar 2025.
PROF. -PSICANALISTA-PESQUISADOR
HILASA-SP -Instit. História, Letras, Artes

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