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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Thanksgiving - Dia de Ação de Graças!


“Thanksgiving” ... Um dos feriados mais importantes dos Estados Unidos e Canadá, que simboliza um dia de gratidão, geralmente a Deus, pelos bons acontecimentos do ano. Celebra-se na quarta quinta-feira do mês de novembro. Também no Brasil, desde 1949, tendo sido instituído o Dia de Ação de Graças, cuja lei foi regulamentada em 1965 pelo presidente Castelo Branco. É celebrado também na quarta quinta-feira de novembro. Neste dia, as pessoas comemoram com festas e orações. Mas foi somente em 1941 que o Congresso americano tornou a data feriado nacional.

É conveniente que se saiba que a origem do Dia de Ação de Graças remonta a 1621, momento que os colonos de Plymouth, em Massachusetts, e os indígenas celebraram a colheita de outono com um grande jantar - acredita-se que esse foi o primeiro banquete de Thanksgiving da história. A celebração tinha um motivo bem importante: O inverno anterior havia sido brutal.

Creio que muitos, todo mundo já ouviu falar de Thanksgiving ou Dia de Ação de Graças: é um dos feriados mais populares nos Estados Unidos, marcado por jantares fartos, com um enorme peru assado na mesa, tendo após, na composição da sobremesa, torta de abóbora! Essa cena é, inclusive, bem comum em filmes e em séries norte-americanas. É assim, um feriado que antecede o Natal - nos Estados Unidos, foi celebrado na 4ª quinta-feira de novembro, sendo certo que neste 2020, ocorreu no dia 26/11 p.p. e, no Canadá, na 2ª segunda-feira de outubro. Reitero que, em ambos os países, o Dia de Ação de Graças é feriado nacional.

Já está no nome: o Dia de Ação de Graças é uma data em que as pessoas agradecem as coisas boas que aconteceram no curso do ano. No passado, Thanksgiving era celebrado logo depois das colheitas. Por isso, a ideia da fartura de comida está tão ligada a esse feriado: nesse dia, as pessoas agradeciam justamente pela produção agrícola, rememoro. É interessante considerar que, diferentemente da maioria dos feriados, o Dia de Ação de Graças não é uma data com raízes religiosas. Pelo contrário: Thanksgiving está diretamente relacionado à história dos Estados Unidos e à sua colonização.

Considerando a origem do Dia de Ação de Graças, em 1621, os colonos de Plymouth, em Massachusetts, e os indígenas celebraram a colheita de outono com um grande jantar - acredita-se que esse foi o primeiro banquete de Thanksgiving da história. A celebração tinha um motivo fundamental: O inverno anterior, brutal na sua ocorrência, proporcionou que significativo contingente dos colonos passassem a estação abrigada em um navio - o veículo que usavam em suas explorações - e foram expostos a doenças contagiosas. Apenas metade do povo sobreviveu para ver sua primeira primavera em Massachusetts.

Chegando março, os colonos receberam a surpreendente visita de um indígena Abenaki, oriundo da tribo nativa pertencente ao grupo Algonquino, que vivia no nordeste dos Estados Unidos, que os cumprimentou em inglês. Dias depois, ele retornou acompanhado de Squanto, membro da tribo Patuxet, mais conhecida por ser uma das primeiras ligações entre a população nativa americana no sul da Nova Inglaterra e os peregrinos do Mayflower, um indígena que havia sido sequestrado, escravizado e levado a Londres. Quando retornou, ele ensinou aos peregrinos, debilitados pela desnutrição e doenças, como cultivar milho, extrair seiva de bordo, pescar nos rios e evitar plantas venenosas.

Ele também ajudou os colonos a formarem uma aliança com os Wampanoag, uma tribo local, que duraria mais de 50 anos e que continua sendo, infelizmente, um dos únicos exemplos de harmonia entre colonos europeus e nativos americanos. Depois de uma colheita bem sucedida, em novembro de 1621, o governador William Bradford organizou um grande banquete de comemoração, que durou três dias. Embora não existam registros sobre o cardápio exato do banquete, é possível se ter uma ideia. 

Peru assado é um dos pratos mais tradicionais do feriado. O cronista do peregrino Edward Winslow, separatista que viajou no Mayflower em 1620, tendo sido um dos vários líderes seniores do referido navio, também mais tarde na Colônia de Plymonth, escreveu:

"Realizada nossa colheita, nosso governador enviou quatro homens à caça de aves, para que, juntos, de maneira especial, pudéssemos nos alegrar, depois de colhermos os frutos de nosso trabalho. Em apenas um dia, os quatro mataram tantas aves que a Companhia se alimentou por quase uma semana. Nesses dias, exercitamos nossas armas, ao lado dos índios e do chefe da sua tribo, Massasoit, que tem cerca de 90 homens. Durante três dias, festejamos, e eles saíram e mataram cinco veados, que trouxeram para a fazenda e entregaram ao nosso governador e ao capitão. E, embora nem sempre seja tão abundante, como foi nesta época conosco, pela bondade de Deus, estamos tão longe da necessidade, que muitas vezes desejamos que vocês participem de nossa abundância."

Historiadores sugerem que as receitas provavelmente foram preparadas seguindo as tradições dos nativos, com seus temperos e seus métodos. Como, na época, os peregrinos não tinham forno, o banquete não teve tortas, bolos e outras sobremesas - esses pratos só se tornaram tradicionais de Thanksgiving muitos anos depois.

Já em razão do feriado nacional de Thanksgiving em 1623, considerando que as colheitas foram ameaçadas por um longo período de seca, para agradecer os alimentos colhidos, foi feito o segundo banquete de Ação de Graças. A partir de então, a data passou a ser celebrada anualmente na região da Nova Inglaterra. Mas foi um longo caminho até que Thanksgiving fosse declarado, de fato, um feriado nacional.

Em 1789, George Washington emitiu a primeira proclamação de Ação de Graças pelo governo nacional dos Estados Unidos; nele, “incentivou os americanos a expressar sua gratidão pela feliz conclusão da guerra de independência do país e a ratificação bem-sucedida da Constituição dos EUA”. Seus sucessores, John Adams e James Madison, também designaram dias de agradecimento durante suas presidências. George Washington finalmente ganha uma biblioteca presidencial​.

Já ao longo de 1817, muitos estados do norte já declaravam Thanksgiving como feriado oficial (Nova York foi o primeiro deles). Mas cada estado celebrava em datas diferentes. E os estados sulistas sequer reconheciam o festejo.

É interessante notar que, diferentemente da maioria dos feriados, o Dia de Ação de Graças não é uma data com raízes religiosas. Pelo contrário: Thanksgiving está diretamente relacionado à história dos Estados Unidos e à sua colonização, sendo certo que dez anos mais tarde, a editora de revistas e escritora Sarah Josepha Hale, que era muito famosa na época, começou a enviar cartas a presidentes, governadores e prefeitos, pedindo o reconhecimento do Dia de Ação de Graças como um feriado nacional. Ela enviou esses pedidos por 36 anos! Por isso, ganhou o apelido de "Mother of Thanksgiving", a mãe do Thanksgiving.

Foi só em 1863 que Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos na época, acatou os pedidos de Sarah. Diante das mortes de soldados durante a Guerra Civil, Lincoln pediu aos americanos que "recomendem ao terno cuidado de Deus todos aqueles que se tornaram viúvas, órfãos, enlutados ou sofredores na lamentável luta civil" e "cure as feridas da nação". A data passou a ser comemorada sempre na última quinta-feira do mês de novembro.

E na ocorrência do ano de 1939, o presidente Franklin Roosevelt até tentou adiantar a celebração, para incentivar vendas e ajudar a economia sofrida depois da Grande Depressão. Mas a medida foi altamente criticada e, a partir de 1941, Thanksgiving virou feriado nacional, sempre na 4ª quinta-feira do mês. Atualmente, o Dia de Ação de Graças perdeu muito de seu significado de origem. As famílias e amigos americanos costumam se reunir para partilhar uma bela refeição. Não há certeza se o peru, o símbolo mais clássico de Ação de Graças, foi servido no primeiro banquete dos peregrinos. Nos dias de hoje, porém, cerca de 90% dos americanos consomem peru assado no feriado. Outras receitas clássicas são purê de batata, molho de cranberry e torta de abóbora.

Fazer trabalho voluntário também é uma atividade bem comum, para os americanos, durante o feriado de Thanksgiving, e as comunidades e bairros costumam servir refeições beneficentes aos mais necessitados. As paradas, com enormes balões, também se tornaram clássicas. Tal tradição teve início em 1924, impulsionada pela loja Macy's, em Nova York. Até hoje, a parada da cidade é a mais famosa e reúne cerca de 3 milhões de pessoas nas ruas, além de uma enorme audiência na televisão. Com o tempo, também surgiu uma tradição bem curiosa: dois perus são "poupados" de serem assados e são enviados a uma fazenda. Isso começou em meados do século XX, com o "perdão" sendo consentido aos perus pelo presidente, e, até hoje, alguns governadores também fazem esse ritual. Obama perdoa seu último peru de Ação de Graças​, onde cerca de 50 milhões de perus são consumidos no Dia de Ação de Graças, também conhecido como “Turkey Day” (Dia do Peru).

No Brasil, pouca gente sabe, mas existe Dia de Ação de Graças! Ele foi instituído em 17 de agosto de 1949, no governo de Eurico Gaspar Dutra (Lei n.º 781). Seguindo a tradição americana, o Thanksgiving aqui também é celebrado na 4ª quinta-feira de novembro. A Escola de Joinville celebra Dia de Ação de Graças​. Florianópolis mantém as tradições culturais do Arquipélago de Açores, em Portugal​. No país, também é uma data para se agradecer pelas coisas boas do ano. Como não é muito popular por aqui, não é feriado nacional. A data é mais celebrada por descendentes e imigrantes ingleses e americanos. As escolas de idioma, sim, costumam celebrar Thanksgiving como forma de ensinar aos alunos sobre essa tradição.

No Canadá, Thanksgiving foi celebrado pela primeira vez em 1879, sendo conveniente referir que a data atual (sempre na 2ª segunda-feira de outubro) foi definida em 1957. Com tal condição geográfica, estando mais ao norte do que os Estados Unidos, as colheitas são feitas antes por lá. Por isso, o Dia de Ação de Graças também é celebrado antes, em outubro.

Convite elaborado e divulgado por ocasião do evento

Em 2020, ocorrido no dia 26/11 em Santo Amaro, bairro da cidade de São Paulo, na 5ª quinta-feira última de novembro. Não é feriado nacional. Aliás, poucos mencionaram o evento em razão do quadro pandêmico predominando e nas ansiedades de um prospectivo futuro: como será o Natal em 2020 em meio a pandemia?​ Aconteceu sim, nas ideias propostas e nascida no interior, na coordenação do Centro Cultural de Santo Amaro, evoluindo para conhecimento dos membros atuantes no contexto literário e cultural, cujas atividades postas em prática pelos hilasianos (membros vinculados ao HILASA – Instituto de Letras e Artes de Santo Amaro) organizaram-se objetivando fazerem honrarias...

... E tornaram público com um ato de gratidão em razão da consagração da vida. Presencial sim, nas imagens postas em plataforma e tela, nas vozes, nos olhares cruzados, divididos entre assistentes e assistidos, nos benévolos semisorrisos e sorrisos... Todos ao evento imbuídos, plenos e embebidos na jarra posta de mosto, tal qual a dimensão de Provérbios 3:10 – “E se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lugares.” Lugar aquele da emanação da solenidade onde a mesa ao centro posta trazia a “satisfação” de termos o pão magnificamente produzido por alma gentil, simbolizando a ressureição, a imortalidade, à continuidade da vida.  E membros, postos e dispostos, ordenadamente afeitos, adaptados a um território ainda estranho de pandemia, mas que, perfeitos na execução do proposto, falantes, outros eloquentes discursantes, que de palavra fácil fecundaram, dos assistentes o coração e, destes, ensementaram fraternidade e amor!

Um Dia Perfeito!       


Roberto Costa Ferreira, 27 de Novembro de 2020

 – Thanksgiving - Dia de Ação de Graças.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Isabel, filha de Francisco disse... Francisco presente!

 

Francisco Santos Conceição

Isabel, filha de Francisco disse, na oportuna data de 20 de Novembro de 2020  - Dia da Consciência Negra – momento que não é de comemoração e sim de reflexão – oportunidade que é celebrado no Brasil na data de 20 de Novembro, tendo sido criado em 2003 como efeméride incluída no calendário escolar, até ser oficialmente instituído em âmbito nacional mediante a Lei nº 12.519, de 10 de Novembro de 2011, sendo feriado em cerca de mil cidades em todo o país e em alguns estados através de decretos estaduais. Em alguns estados que não aderiram à referida lei a responsabilidade limita-se à câmara de vereadores que decidem se haverá o feriado municipal – o texto em verso adiante que, muito merecidamente dedicou ao seu pai, figura impoluta e bela em sua existência!

Ato contínuo, manifestei-me quase em exaltação, mas, antes de tudo uma manifestação de amor, cuja descrição do personagem é feita através do enlevo ao significante personagem.

O galo cantou as quatro da manhã, não
Sem antes ecoar retumbantemente...
E foi-se embora desse mundo de ilusões
Como a um vento forte, vibrantemente,
Que circulou por sobre as cabeças, pois
Que, queria que não o vissem chorar.

Mas eu, ainda aqui, hoje choro por tanta
Saudade.... Sem tristeza, sim, existente!
Como pudera viver-se ausente de tão
Expressivo existir, sendo certo que,
A presença dos ausentes na memória dos
Presentes é mais forte do que a morte.

De tão ilustre personalidade negra, nesta
Minha significante vida trago a certeza
De quão doida é a saudade imensa,
Mas feliz por contê-la e vivê-lo em meu
Coração!

Isabel Conceição Costa Ferreira, 20 de novembro de 2020,
Por uma consciência negra!

Verdade!

Um mestre... Significativa homenagem a um homem que, no exercício de sua existência prosperou e viveu sabiamente, atinente ao princípio inteligente proporcionado pelo Grande Arquiteto do Universo!

Um homem que, deixou-me referências e recomendações existenciais, as quais e muitas, ainda pratico obedientemente.

Mais que um sogro, mais que amigo, brilhante serena e expectante Luz no meu caminhar, na minha existência!

E bem por tal agradeço por sua presença, quando em vida e superiormente bela no plano espiritual. Francisco presente!

Por oportuno, sugiro ouvirem a canção no link adiante.

Roberto Costa Ferreira, 20Nov2020.

https://youtu.be/r3zY7-wJVCc

domingo, 22 de novembro de 2020

Sindemia II ... E o começo de tudo! "Covid-19 à Covid-20", resposta institucional à atual crise baseada num "pensamento sindêmico, e não pandêmico".

 



Wuhan, na China, mais populosa e contendo cerca de 11 milhões de habitantes, um dos principais polos turísticos, a vasta capital da província de Hubei, é um centro comercial dividido pelos rios Yangtzé e Han. É a capital, a maior cidade da província chinesa. No momento que o governo notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre uma misteriosa pneumonia no local, especialistas de todo o mundo começaram a tentar identificar o agente causador. Supõe-se que ele tenha se originado num mercado de frutos do mar na cidade. Inicialmente foi comunicado haver cerca de 40 pessoas infectadas, ao final de dezembro de 2019.

Partindo de então o Glossário da crise do coronavírus ganha novo termo. Ele reflete a ideia de que o vírus não atua simplesmente sozinho, mas sim compactuando com outras doenças. E isso demanda uma abordagem diferente. Desse modo, um artigo publicado no final do mês de setembro no semanário The Lancet, uma das mais antigas e prestigiadas publicações científicas do mundo, remontando ao ano de 1823 sua criação – Reino Unido - e voltada para a disciplina de medicina, com revisão por pares, sendo publicada semanalmente, pôs um novo termo no já extenso debate sobre o novo coronavírus. O texto defende que o mundo não enfrenta simplesmente uma pandemia, mas uma "sindemia".

Tal artigo é assinado pelo editor-chefe da referida revista, Richard Horton, que argumenta ser a COVID-19 não “uma peste como outra qualquer já vista no passado e que, por isso, merece abordagem diferente. O termo sindemia, por isso, seria mais adequado”. Compreende-se assim que o vírus não atua sozinho, mas compactuando com outras doenças. Logo, a desigualdade social tem papel-chave nisso. 

"A COVID-19 não é uma pandemia. É uma sindemia. A natureza sindêmica da ameaça que enfrentamos significa ser necessária uma abordagem mais diversificada se quisermos proteger a saúde de nossas comunidades", escreve Horton. 

Ainda, Sindemia caracteriza a interação mutuamente agravante entre problemas de saúde em populações em seu contexto social e econômico. Este conceito foi cunhado por Merril Singer a partir de estudo desenvolvido sobre o entrelaçamento entre a síndrome da imunodeficiência adquirida e a violência em cidades estadunidenses. Desse modo, tal artigo repercutiu em alguns dos principais meios de comunicação internacionais e ganhou eco no mundo científico, revelando-se objeto de estudo mais acurado. A americana Sociedade de Medicina de Catástrofes e Saúde Pública, por exemplo, defendeu, em artigo intitulado "Covid-19 à Covid-20", que a resposta institucional à atual crise seja baseada num "pensamento sindêmico, e não pandêmico".

Compreende-se logo que a palavra "sindemia", portanto, entra aos poucos no glossário do debate sobre a COVID-19, ao lado de termos como "lockdown", "imunidade de rebanho" e "achatar a curva", antes praticamente desconhecidos do grande público, agora e rapidamente de popular expressão. Mas o que significa exatamente sindemia? O que é? Bem, o termo "sindemia", com mais detalhes, foi cunhado nos anos 1990 pelo antropólogo médico americano Merrill Singer, mais conhecido por suas pesquisas sobre abuso de substâncias, HIV/aids e disparidades sociais na saúde da população, como sinteticamente mencionei no parágrafo anterior e em cujo conteúdo Singer definiu a sindemia como:

"um modelo de saúde que se concentra no complexo biossocial" – ou seja, nos fatores sociais e ambientais que promovem e potencializam os efeitos negativos da interação de uma determinada doença.

Em outras palavras, de acordo com a tese de Singer, a abordagem sindêmica olha para a doença de forma mais ampla, explorando as consequências gerais de medidas como lockdowns e o distanciamento social, mesmo em razão de vivências periféricas na sociedade contemporânea. E é nessa tecla que Richard Horton bate em seu artigo na Lancet. Ele escreve que, agora vertido: 

“à medida que o mundo se aproxima de 1 milhão de mortes por covid-19, é importante enfrentar o fato de que a atual abordagem é demasiadamente restrita para administrar a crise do novo coronavírus”.

Segundo Horton, todas as intervenções se concentraram até agora em cortar linhas de transmissão viral. A "ciência" que tem guiado os governos, afirma ele, é baseada principalmente em modelos de combate a epidemias que enquadram a atual emergência sanitária num conceito de peste que tem séculos de existência

"Mas a história da covid-19 não é tão simples assim", argumenta o editor da Lancet, ao que concordo. "Duas categorias de doenças estão interagindo dentro de populações específicas – a síndrome respiratória aguda severa (Sars-Cov-2) e uma série de doenças não transmissíveis (DNTs). Estas condições estão se agrupando dentro de grupos sociais de acordo com padrões de desigualdade profundamente enraizados em nossas sociedades. A agregação dessas doenças em um contexto de disparidade social e econômica exacerba os efeitos adversos de cada doença separada."

Então, como combater uma sindemia?

Uma “epidemia sindêmica” refere-se à ideia de que o vírus não age isoladamente, como o coronavírus, um vilão solitário que simplesmente espalha pneumonia e falência de órgãos entre a população. Ele tem cúmplices como:

· a obesidade, diabetes, doenças cardíacas e, principalmente 

· condições sociais, que acabam agravando a situação do infectado.

A questão é que muitos dos "cúmplices" da COVID-19 já são uma epidemia isolada por si só em algumas sociedades. A obesidade, por exemplo, é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes e doenças cardíacas.

Um artigo recente na revista Obesity Reviews – uma revista médica mensal revisada por pares, criada no ano de 2000, que publica análises de todas as disciplinas relacionadas ao tema Obesidade, é o jornal oficial da Federação Mundial da Obesidade e publicado em seu nome por Wiley-Blackwel – empresa, cuja ação é o negócio internacional de publicações científicas, técnicas, médicas e acadêmicas da John Wiley & Sons tendo sido formada pela fusão dos negócios científicos, técnicos e médicos globais de John Wiley com a Blackwell Publishing, depois que Wiley assumiu o controle em 2007.

Tem como editor-chefe David A. York – que se aposentou em 2014 de sua posição como professor do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Utah. Antes disso, foi Diretor Executivo Associado de Ciências Básicas no Pennington Centre em Baton Rouge e membro do corpo docente do Departamento de Nutrição Humana da Universidade de Southampton, no Reino Unido, tendo agora um cargo adjunto na Wayne State University em Detroit, onde mora agora. Anteriormente, tesoureiro da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade e, então, atua como o referido cargo de Editor-Chefe de Revisões de Obesidade e como Presidente do Comitê de Publicações da Obesidade Mundial.

Referido artigo da revista Obesity Reviews, por exemplo, concluiu que pessoas obesas têm 50% mais chances de morrer de coronavírus. Em seu artigo, Richard Horton destaca que as sindemias são caracterizadas por interações biológicas e sociais, interações estas que aumentam a suscetibilidade de uma pessoa ver seu estado de saúde piorar ao contrair uma doença. Especificamente, no caso da COVID-19, argumenta o editor da Lancet: 

“... atacar doenças não transmissíveis é um pré-requisito para um combate bem-sucedido à atual crise. O número total de pessoas que vivem com doenças crônicas está crescendo. Abordar a COVID-19 significa abordar a hipertensão, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas, e câncer", diz.

Horton afirma ainda ser especialmente importante prestar maior atenção às doenças não transmissíveis em países mais pobres. Ele cita ainda um artigo na Lancet, também de setembro, em que os especialistas Gene Bukhman e Ana Mocumbi descreveram algo que chamam de DNTLsadicionando lesões à categoria de "doenças não transmissíveis".

Para o bilhão de pessoas mais pobres do mundo, as DNTLs - Doenças não Transmissíveis, que são a principal causa de morte e incapacidade em todo o mundo e cujo controle eficaz dessas doenças crônicas depende, em grande parte, dos serviços continuados, responsivos, acessíveis e de qualidade, além de engajamento e autocontrole satisfatório por parte do pacientes.representam mais de um terço do seufardocom doenças. O artigo acima citado por Horton afirma ainda que: 

“... a disponibilidade de intervenções acessíveis e econômicas durante a próxima década poderia evitar quase 5 milhões de mortes entre as pessoas mais pobres do mundo. E isso sem considerar os riscos reduzidos de morrer por COVID-19”.

"A menos que os governos elaborem políticas e programas para reverter as profundas disparidades, nossas sociedades nunca estarão verdadeiramente seguras da COVID-19", concluindo Horton ainda que, merecendo destaque:

"A crise econômica que está avançando em nossa direção não será resolvida por uma droga ou uma vacina.” 

Portanto, tal quadro requer um olhar mais apurado, muito aquém das “conveniências políticas e respectiva afetação em razão das condições eleitoreiras”, mesmo porque, ainda temos a considerar que o Brasil está perdendo a liderança no cenário mundial na adoção de políticas que permitam alimentação saudável, práticas salutares e procedimentos coerentes, mesmo à vista do que afirma o professor Boyd Swinburn, especialista em Nutrição Populacional e Saúde Global da Universidade de Auckland (Nova Zelândia).

Swinburn é copresidente da comissão responsável pelo relatório que também apontou a existência de uma "sindemia global", esta última provocada pela junção das pandemias de obesidade, desnutrição e mudanças climáticas. Diz ainda, tal autoridade que: 

“é urgente um esforço de governos e da sociedade civil para reverter a tendência de piora nos indicadores”.

Para ele, progressos começam a ser identificados em alguns países, "mas o Brasil está seguindo os EUA e retrocedendo", constata. Ainda que, conforme publicado no início do ano na revista The Lancet, referido estudo indica que o sistema alimentar atual, além de impulsionar a obesidade, favorece a desnutrição e as mudanças climáticas.

Comenta também a autoridade que, aprofundadamente, e com o merecido olhar: 

“... devido à importância da Amazônia, esse é um problema que afeta a todos, não apenas o Brasil. As políticas estão indo em direção oposta ao que desejaríamos. Infelizmente, acredito que isso seja reflexo dos interesses das grandes corporações. Temos de dar voz a outros grupos, ao interesse de pequenos produtores, à sociedade civil, como ocorria no Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar, colegiado que teve suas atribuições retiradas pela atual autoridade governamental.”

Quando referiu, conforme acima que, “progressos estão sendo identificados em várias partes do mundo, mas, o Brasil está seguindo os EUA e retrocedendo”, isto é de se lamentar! É preciso que se olhe para si, com muito mais atenção, para enxergar o próximo! Se temos tempo para pensar em conter o próximo avanço, observo que temos, à comum consenso com referida autoridade, mas não muito. As três pandemias que interagem entre si têm trajetórias distintas.

Mesmo considerando que as taxas de desnutrição estão caindo, mas lentamente, a obesidade continua aumentando e a mudança climática, ainda mal começou a ser revertida, as estimativas mostram que temos 10 anos para mudar a tendência atual para que não entremos num ciclo vicioso, sem nos esquecermos do entendimento real do que significa SINDEMIA: a compreensão de que tal termo combina duas palavras, quais sejam: 

· Sinergia e Pandemia, em cujo conceito envolve e é usado para explicar uma situação em que:

um vírus não atua sozinho, mas, se forma a partir da interação de duas ou mais doenças em um contexto social”, e repito, nocivo à saúde pública!

 Roberto Costa Ferreira, Nov2020

Membro,  Relator e  Pesquisador nos

Comitês: CEP/USP e UNIFESP/HSP-HU 


quarta-feira, 18 de novembro de 2020

SINDEMIA I – Ciência e Sociedade, próximas para se apoiarem...

 


Um grupo de cientistas garante que a Covid-19 não é uma pandemia e se propõe a enfrentá-la como uma sindemia - a interação mutuamente agravante entre problemas de saúde em populações em seu contexto social e econômico. Aderem e propõem uma mudança de estratégia para o enfrentamento do vírus que já deixou mais de 1 milhão de mortes no mundo. Especialistas argumentam que lidar com Covid-19 do ponto de vista da sindemia permitirá não apenas combater a doença infecciosa, mas também ajudar a corrigir o contexto social das pessoas mais vulneráveis.

Enquanto muitos países da Europa estão voltando a restringir atividades sociais e determinando isolamentos após registrarem aumentos recordes de casos, a Nova Zelândia, por exemplo, passou ao seu nível de alerta mais baixo. No entanto, essa estratégia para lidar com o coronavírus é, na opinião de diversos cientistas, limitada demais para deter o avanço da doença. Com o passar dos meses, as medidas para evitar a propagação da Covid-19 foram sendo endurecidas ou flexibilizadas em diferentes partes do mundo segundo o aumento ou a diminuição dos casos locais.

“Todas as nossas intervenções se concentraram em cortar as rotas de transmissão viral para controlar a disseminação do patógeno", escreveu recentemente em um editorial Richard Horton, editor-chefe da prestigiosa revista científica The Lancet, medida amplamente adotada significativamente por outras autoridades ligadas à saúde. Considere-se ainda que tal pandemia – de coronavírus - que, aliás, foi declarada como tal pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há, tão somente e apenas seis meses — está afetando de diversas formas nossa percepção do tempo. E se tem um campo em que os limites do tempo parecem ter sido alterados de forma inédita foi o da Ciência e que, "Embora possa parecer uma eternidade, é um período (o da pandemia) muito curto para se obter avanços em pesquisas", reconhecem diversos professores e autoridades em pesquisas e saúde.

"A verdade é que a área de pesquisas está recebendo um grande estímulo de outros campos", levando a "muitas mudanças pioneiras e revolucionárias", tais como:

· Colaboração entre equipes - "O coronavírus promoveu a colaboração entre muitas equipes”, sendo certo que os pesquisadores tendem a ser muito colaborativos, mas a pandemia foi um estímulo adicional. E os resultados têm sido compartilhados rapidamente para todos os grupos ligados ao tema. Ainda que a pressão exercida pela gravíssima situação sanitária e socioeconômica mundial fez aumentar a colaboração de muitas universidades, grupos e centros de pesquisa. É um fato!

· Sequenciamento do vírus - uma destas áreas com forte colaboração internacional é também uma das que registra "grandes avanços", mesmo considerando que o número cresce a cada dia, sendo certo que a comunidade científica está colocando suas melhores ferramentas a serviço desta investigação, “aumentando muito a capacidade de cálculo e de revisão das alterações genéticas do coronavírus”, considerando que a Covid-19 “pode causar retrocesso na expectativa de vida em várias partes do mundo” e que, no futuro, segundo estudos, “deverá ser sazonal como outros vírus respiratórios”. De forma resumida diria ainda que, no campo da bioinformática tem havido grandes inovações na análise da sequência do material genético de cada vírus que infecta as pessoas.

· Testes – Técnicas de diagnósticos também avançaram e se diversificaram na pandemia. Um dos grandes desafios no combate à Covid-19 tem sido detectar pessoas infectadas a fim de isolá-las e, assim, conter a disseminação da doença. O desenvolvimento de técnicas de diagnóstico muito poderosas e que usam ferramentas de edição de genes — um elemento muito importante da genética hoje, é um diferencial, permitindo ao pesquisador reconhecer que testes de diagnóstico rápido são "menos sensíveis" que os testes moleculares (PCR), e portanto muitos acabam não sendo confiáveis para a tomada de decisões, mas têm a vantagem de oferecer resultados imediatos e ajudar epidemiologistas a traçar um cenário sobre o avanço (ou não) da doença em determinadas comunidades.

· A corrida da vacina - O fato deste coronavírus e a doença que ele causa serem novos significa que ainda há muito desconhecimento sobre eles. Mas há algo que para os especialistas é evidente: a única maneira de chegar a uma imunidade coletiva é com uma vacina. E o sucesso disto depende do cumprimento de alguns requisitos: “é preciso encontrar uma candidata (vacina) que se mostre eficaz, segura e passível de ser administrada à população de forma massiva”.

"Se, como diz a OMS, isso acontecesse em 2022 — embora nos pareça distante —, seria um grande sucesso, considerando o tempo que se levou para obter outras vacinas e aplicá-las em grande parte da população mundial." Na verdade, o prazo usual para o desenvolvimento de vacinas é de 15 a 20 anos; consideremos que agora, pode ser que cheguemos a um recorde de um ou um ano e meio.

· Outros tratamentos - Além da corrida por uma vacina, pesquisadores também estão dedicados ao desenvolvimento de tratamentos para pacientes infectados com o novo coronavírus — seja com medicamentos existentes, completamente novos, apostando no vírus como alvo ou no fortalecimento do sistema imunológico. Residem também terapias em teste que focam em diferentes fases da doença, desde as mais leves às mais graves. Ainda que, a OMS monitora mais de 1,7 mil estudos com terapias em potencial pelo mundo, dos quais 990 já estão recrutando pacientes para experimentos.

· Práticas de higiene - Outro grande avanço, este não diretamente relacionado às pesquisas nos laboratórios, mas que, é fundamental para o futuro, é a introdução na cultura dos cidadãos de certos hábitos de higiene e prevenção que ajudarão a conter este e outros surtos causados por vírus. Refiro-me a circunstância do uso de máscaras e de se evitar locais com aglomeração, principalmente fechados, mesmo quando residindo pessoas com sintomas gripais. Na verdade, estudos em diferentes países já mostram que as medidas tomadas contra a Covid-19 tornaram a temporada de outras doenças respiratórias virais menos extensa e mortal.

Neste contexto, a importância da Ciência, o que, significamente, cidadãos quiseram saber sobre saúde e ciência, e fizeram-no diretamente com os especialistas e, estes, por sua vez, têm se esforçado para se comunicar melhor, estimulados pela busca por informação de qualidade por parte dos jornalistas e sociedade, momento de uma mudança profunda e resultado da pandemia é que a sociedade entendeu que a solução passa pela ciência. E considere-se que “comunicar ciência não é fácil”, sendo certo que os avanços também são lentos e com base em evidências muitas vezes não óbvias, que se modificam quando surgem novas evidências. Assim, acredito que tem havido um grande avanço mútuo da ciência e da sociedade, porque agora estão mais próximas do que nunca e devem se apoiar.

Roberto Costa Ferreira,  SP,  17Nov2020

Relator Comissão de Ética em Pesquisa-USP/UNIFESP


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O Espanador... O Pavão. Um misterioso!

Um brinco, usado no carnaval, que tortura animais pela beleza

Segundo Eclesiastes 3:1-8, que diz:

 “Há para todas as coisas um tempo determinado por Deus...

3 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.”

Naquela oportunidade, num tempo distante, 7 anos - 16 Novembro de 2013 - determinada pessoa advertiu-me, delicada, cuidadosamente, de certo modo preocupada, assim:

 “Cuidado com o ego.... o Pavão de hoje pode ser o Espanador de amanhã...!”

A d. advertência, extraída de um provérbio hindu, pegou-me de tal modo que entrelacei que nem e feito linhas do crochê, enlaçando um com o outro, como as vidas que se misturam no casamento. Então produzi, saciando tal sede que nunca acaba, atento pois que, doença pode resultar de vontade exagerada, isto é certo:

O ESPANADOR E O PAVÃO

O espanador de fios macios aprisionados a um cabo, cujo destino é espanar a poeira das superfícies, ou de qualquer coisa... Como a própria, a minha, a sua dor!

Pode incorporar, na dor contida do espanar, o verbo transitivo direto, rebatendo-se violentamente, mesmo sem direção e chegando a assustar o jogador adversário que o controla, se o olhar atentamente!

Então ressurge como a um misterioso e espampanante Pavão, cujos machos erguem e abrem em leque a longa cauda com plumas de um verde iridescente e caprichosos ocelos, tal qual Fênix, do pó da poeira espanada, fruto da espanação, exigindo-lhe os tafetás mais garridos...

“e uma arquitetura espampanante em estilo só dele, nunca vista nem sonhada." (Conforme citou Aq. Ribeiro, Volfrâmio, c. 9, p. 276, já em 4ª ed.) Que emendo:

Então, meu Pavão misterioso, como a um canto choroso,

diz-me quando eu que já lacrimoso, e sofrido e tortuoso...

torturado pelo carnaval que tortura animais pela beleza:

“nesta cauda aberta em leque, me guarda moleque de eterno brincar,

me poupa do vexame de morrer tão moço, muita coisa ainda quero olhar!

Não temas minha donzela, nossa sorte nessa guerra, eles são muitos, mas não podem voar!”

 

Roberto Costa Ferreira, 16Nov2020

(Canto de Ednardo, na 2ª estrofe acima)

http://youtu.be/lk4WCpEaoig


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Cracas... Ora cracas! Como fica sua relação com o Amor?

Zoólogos perceberam a capacidade das cracas de se fixar firmemente em rochas, cais e cascos

de navios. A cola da craca é mais forte do que as colas sintéticas. 

Erhm…

O propósito das cracas é fazer mais cracas? Pois bem, Craca é um termo genérico de definição de alteração de pele, geralmente caracterizadas por manchas, pontos e cascas decorrentes de alguma dermatose. Ainda, e neste artigo, mais especificamente, substantivo feminino. Já, o Marisco que se prende aos objetos existentes debaixo de água e são encontradas sobre as madeiras do cais, sobre pedras, tartarugas, baleias e cascos de navios tem esta denominação.

Por sinal, os engenheiros navais gastam um tempo enorme para descobrir meios de evitar que as “cracas” se grudem nos navios e nos embarcadouros. Não são parasitas e não sugam nutrientes das baleias, como dizem, apenas pegando carona como meio de transporte para viajar pelo oceano. Isso mesmo!

Mas também é bem verdade que muitas baleias não estão cheias delas. Pois que, cracas são crustáceos artrópodes, animais invertebrados que possuem exoesqueleto, assim como o camarão, o escorpião, siris e outros. As baleias apenas facilitam para que “as cracas encontrem os seus propósitos”. Convém saber ainda que algumas espécies de “cracas” e de “percebes” são utilizadas na alimentação humana, servindo de base e destinadas à confecção de entradas para refeições ou entrando na composição de pratos com o uso de marisco.

Ressalte-se ainda que entre as espécies mais utilizadas está a “Megabalanus azoricus” , uma craca surpreendente e de grandes dimensões que deve o seu nome específico ao ter sido originalmente descrita com base em espécimes colhidos no arquipélago dos Açores, onde é utilizada na alimentação humana, sendo consumida quando cozida em água do mar. Posteriormente, tendo sido identificada noutros locais como, por exemplo, nos arquipélagos da Madeira e de Cabo Verde. Considere neste rol outra craca com grande consumo que é a “Austromegabalanus psittacus”, originária das costas da região sul e central do Chile. Tais são outros “propósitos”.

Aliás, PROPÓSITO refere-se ao “próprio caminho”, “próprio projeto de vida”. Desse modo, vamos ver como esta busca pelo propósito pode ser otimizada ao nutrir “a criatividade de uma criança”. É bem verdade que as crianças não fazem a menor ideia do que as fará realmente felizes quando forem adultas. Contudo, uma vez que se mantém criativas, elas terão muito mais facilidade de descobrir isso e o farão muito mais rápido e com menos sofrimento.

Certamente não precisarão investir caro em terapias, coaches, livros e “caminhos de Santiago” para descobrirem e para fazerem o que lhes faz feliz. E isso tem, basicamente, 4 motivos específicos, quais sejam:

1. A criança que tem sua criatividade nutrida, mantém-se CURIOSA;

2. A criança que tem sua criatividade nutrida, mantém-se IMAGINATIVA;

3. A criança que tem sua criatividade nutrida, mantém-se CORAJOSA;

4. A criança que tem sua criatividade nutrida, mantém-se APAIXONADA!

Perfeito! Exatamente... Apaixonada é a expressão máxima que expressa a graça pela vida, por suas metas, por seus desafios, pela sua jornada. Isto porque mantém-se conectada às suas paixões, aos seus talentos e habilidades naturais. Os reconhece, os valoriza e os utiliza estrategicamente para alcançar o que deseja!

Ou seja, uma criança que tem sua criatividade nutrida encontrará sua missão de vida e sua própria felicidade muito mais rápido se comparado ao que nós, adultos atuais, estamos enfrentando. Na verdade, é bem provável que ela saiba ser feliz a cada dia, porque terá estes 4 superpoderes bem fortes consigo.

Roberto Costa Ferreira, 02Out2020.

Marisco crú próprio para consumo culinário.

Picoroco é um crustáceo marinho comestível, que habita as costas do Chile.



sábado, 24 de outubro de 2020

ARTE & TEXTO - ISABELA, 9 anos de vida!


... E Eu aqui pensando na aniversariante do dia... Penso que o texto abaixo, anterior, ajuda no por quê!

Parabéns!

Isabela, neta querida, pelo tempo de vida que nos proporciona, embelezando nossas existências. Hoje, 24 de Maio, 144° dia do ano no calendário gregoriano (145° se bissexto), Dia da Infantaria e Dia Nacional do querido CAFÉ, comemoras 9 anos, permitindo-nos compreender um pouco mais e melhor as razões de nossa existência, assim como "a significação da arte que resulta dos fundamentos estéticos abertos à recepção".

No pressuposto de que a recepção segue o caráter ativo do processo que gerou a obra, esta lembrança agora revigorada, vez que na oportunidade a Isabela reunia tão somente 3 anos e amanhã, 24 de Maio completará 9 anos, a presente minha fala neste artigo tem como objetivo considerar alguns vetores estéticos que incorporam em seus fundamentos a proposta de abertura para a recepção da criação dela naquele tempo.

Primeiramente considero, analisar o porquê de as noções de arte como fazer, de arte como conhecimento e de arte como expressão, quando manifestas de forma espontânea e natural em si mesmas, não bastando para explicar toda sua interior beleza.

Em segundo lugar, considero os conceitos de arte como jogo, de arte como tradução criativa, de arte como formatividade e de arte como comunicação e linguagem, considerados como contributos teóricos para a compreensão da dinâmica que rege o ciclo recíproco entre o polo da produção, o da recepção e sua tenra idade.

"Uma forma é uma obra realizada, ponto de chegada de uma produção e ponto de partida de uma consumação que - articulando-se - volta a dar vida, sempre e de novo, à forma inicial, sob perspectivas diversas". Assim referiu UMBERTO ECO!

Historicamente, a arte entendida "como fazer" remonta à Antiguidade. As obras de arte eram consideradas artefatos fabricados com um propósito. A essa época, a obra era apreciada em razão da eficiência técnica nela demonstrada, também pela apreciação moral ou social dos seus efeitos, já que era considerada como um artefato que atendia a um determinado interesse.

Nesta, não me cansarei de falar o que a presente arte nos faz conhecer, está vinculado a sua forma sensível. A arte não se impõe por uma função reveladora e cognoscitiva, pelo contrário, o conhecer a ela inerente está implícito no seu próprio modo de formar e informar. Como acrescenta Pareyson:

"A arte ignora qualquer outro fazer que não seja aquele implícito no próprio conhecer".

Em razão do princípio metafísico material, Isabela aos 7, 8 e 9 anos...

Para alguns, a identificação do mundo como algo dado (o físico) dá-se sob o esquema causal; a identificação do mundo como sentido e significação se desenvolve sob o esquema semântico e comunicativo; já a identificação do mundo como algo feito tem lugar sob o esquema criativo. Estes estados se distinguem por uma determinação. O físico está fortemente determinado, o semântico o está convencionalmente, já o estado estético o está débil e singularmente (é aqui que se insere a arte).

A identificação dos estados estéticos por parte do espectador de uma obra é regida pelo conhecimento que se tem dos códigos utilizados, pois são eles que tornam apta a comunicação. Na experiência estética, "o código não mais é apreendido como código mas, em contacto com a obra, como exigência e como estrutura da obra", e, desse jeito, o espectador não correlaciona o que percebe ao que sabe, nem mede a diferença entre um e outro, pois ele só percebe a própria obra e a sua necessidade.

Neste processo, vai-se pouco a pouco percebendo as imagens que exprimem as coisas e, assim:

"... a 'perfeição' do conhecer é a 'contemplação' em que imagem e coisa se identificam em uma única forma"

Nesta perspectiva, a arte tende à baixa codificação e à singularidade; nela, o princípio de organização que domina as regras está revestido de uma grande fluidez e pureza. Portanto, Isabela está sempre a inventar a sua própria sintaxe e como força de nascedoura artista está sempre a transgredir criativamente tais regras. E para que tal obra tome lugar, a recém artista comunica um sentido, que só é compreendido na medida em que esta compreensão pertence à própria percepção: "o colorido e a graça da vida"!

Roberto Costa Ferreira, 24Maio2020,

um dia antes de completarem-se nove

anos de vida da jovem artista, minha neta!

Isabela, aos sete anos de vida.


Isabela, aos oito anos de vida alegre e colorida.


A arte diz tudo!

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Publicação original - Facebook, 23Mai2014.



quarta-feira, 21 de outubro de 2020

SIMBA SAFÁRI... Dominando as Feras!

      Dominando as Feras - E a neta Isabela no braço do vô! (2012)

Isso mesmo... Dominando as feras!

Num determinado dia de 2012, momento que minha neta Isabela somava 17 meses de vida, reunimo-nos para visitar e interagir com animais. O palco era único na Cidade de São Paulo. Os animais vivos, bem de perto, podiam até receber alimentos e, ainda sob protestos, país mais apaixonados por seus carros não apreciavam essa tal proximidade. Que bobagem!

Neste endereço carimbado e nas férias, o saudoso SIMBA SAFARI proporcionava atrativos inusitados... Os automóveis recebiam gradinhas nas suas janelas da frente, o que permitia explorar aquele espaço onde animais soltos interagiam com os passageiros.

Os macaquinhos eram o horror de alguns “preciosos pais”, temendo que seus veículos resultassem afetados com riscos na pintura. Pobres coitados! Muitos não percebiam “o brilho solar riscado, afetado, nos olhos de seus filhos”.

Essa ausência, distância do afeto, designa um estado da alma, um sentimento se sobrepondo ao outro. Spinoza nos diz que “um afeto é uma mudança ou modificação que ocorre simultaneamente no corpo e na mente, onde a maneira como somos afetados pode diminuir ou aumentar a nossa vontade de agir”.

Desse modo, alguns se afetem por tal anomalia deixando prevalecer o interesse material pelo brilho no olhar da criança presente, sendo certo que tal avaliação imanente pode ser encontrada também na “anomalia de Bento de Espinosa, onde os afetos constituem-se na única forma de avaliação!

Enfim, o tempo passou e o SIMBA Safari encerrou-se nas suas originais atividades em 2001 e uma nova e outra atração foi inaugurada e aberta, no mesmo local, em área de 80 mil m2 e percurso de cerca de 4km, permitindo que até que quem está sem carro pudesse frequenta-lo: o ZOO SAFÁRI.

Eu, de modo contrário, preferi agasalhar nos braços ainda fortes, mente e coração em sintonia, a minha querida netinha, demonstrando que “podemos dominar aquele instinto animal, oportunidade que ‘animais de estimação’ e alguns outros, conseguem adivinhar que seus donos estão chegando, se fazendo presentes”. Ainda que, nestes momentos raros, nos conectemos a uma forma de ‘consciência primitiva’ onde o processo civilizatório calou-se há muito tempo.

Trazendo um outro personagem, o biólogo inglês Rupert Sheldrake, que disse: “... a forma mais fácil de comprovar a existência dessa outra inteligência é observar os animais, que dominam e utilizam cotidianamente esse sexto sentido”.

E temos então alguns, grande parte dos cientistas, que entendem que suas ideias - Sheldrake - não passam de esoterismo, a exemplo daqueles país que “só se preocupam com o brilho e limpeza da pintura de seus veículos”. Como são pobres de espírito, ainda que bem aventurados!

Portanto, tenho certeza de que plantei a semente certa nesta valiosa neta... As feras podem ser domadas.

      Roberto Costa Ferreira, 20Out2020. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Professor... Professorar... O Professor, um Artista!

 

Professorar é sinônimo de ensinar, lecionar, é o transmitir conhecimento sobre alguma coisa a alguém e, por extensão, dar instruções sobre alguma coisa a alguém; instruir, ensinar sua técnica aos estudantes, indicar de maneira precisa; em que há precisão; orientar: ensinar-lhe o caminho a seguir. Professor ou docente é uma pessoa que ensina ciência, arte, técnica ou outros conhecimentos. Para o exercício dessa profissão, requer-se qualificações acadêmicas e pedagógicas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno.

Na atualidade, contudo, ser professor não se limita apenas a transmitir conhecimento sobre determinado assunto. O papel do professor envolve uma responsabilidade bem mais complexa, que consiste em formar o aluno em uma perspectiva integral que engloba os aspectos tais como social, afetivo e psicológico. Para isso, é preciso ter experiência, cultura e conhecimento plural, a fim de tornar o aluno capaz de responder, de forma crítica e autônoma, aos desafios de uma sociedade em transformação constante, seja no âmbito pessoal ou profissional. Ser pesquisador, professor, também coordenador de um curso na área de educação me faz parte integrante do grupo que analiso, isto é, “daqueles que pensam e, ao mesmo tempo, vivenciam o fenômeno da educação”.

Um professor “não pensa somente com a ‘cabeça’, mas ‘com a vida”, com o que foi, com o que viveu, com aquilo que acumulou em termos de experiência de vida, em termos de lastro de certezas. Em suma, ele pensa a partir de sua história de vida não somente intelectual, no sentido rigoroso do termo, mas também emocional, afetiva, pessoal e interpessoal.

O professor, quando planeja, cria, toma decisões e improvisa, em uma constante articulação entre o saber teórico, científico e formal, pertencentes à esfera profissional. Além desses, orienta-se por saberes da esfera pessoal, referente aos seus sentires e à sua experiência prática. Segundo contribuições de Lovisolo (1993), que usa a imagem do “bricoleur” de Lévi-Strauss que designava um modo específico de pensar – o pensamento mágico - por vezes denominamos essa competência de combinar recursos diversos de arte. Isso indica que, na atividade desse bricoleur, seu gênio, instinto, sua percepção são fundamentais.

A chave de sua atuação é a mediação entre racionalidades, entre saberes. Os conhecimentos do saber técnico, que é aquele saber especializado que se aprende expressamente, não se desligam do saber da experiência, que é aquele saber prático geral humano que se acumula por quem vive; abarca a esfera profissional, mas, da mesma maneira, toda a existência privada e pessoal.

‘‘É certo que tal saber é ‘subjetivo’, quer dizer, em grande parte incontrolável e instável.

No entanto, trata-se de um saber no qual a ciência não pode negar seu interesse’’,

(Gadamer, 2011, p. 9).

A criação do professor – como a um artista (da prática pedagógica como uma obra de arte) é um fenômeno vital, por isso exige dele algo mais do que apenas conhecimento científico, teórico e técnico. Depois de resgatar o valor dos saberes da experiência e tendo como referência que a arte pode nascer de uma vivência, penso que, no planejamento, na criação, o professor-artista precisaria ‘‘percorrer um território’’, aventurar-se, arriscar-se a quebrar as próprias resistências, atrever-se a habitar o mundo no seu ‘‘estar aí’’ para conseguir criar o novo ou transformar o já existente, porque “no viver está a luz que permite projetar sua obra”.

Nessa criação a partir da abertura à vivência estética, ele, o professor-artista, não representa uma forma na sua prática, não planeja sua obra a partir da cópia de estruturas já estipuladas ou guias. Ao contrário, reconhece que o espaço da aula será sempre diferente. Em última instância, conforme disse González e Fensterseifer (2006, p. 6):

‘‘[...] ela não é uma etapa de uma ‘linha de montagem’, mas parte de um processo que envolve sujeitos’’.

É possível planejar/criar uma prática como obra de arte a partir de vivências e numa constante conversa com a tradição, senti-la presente e construí-la como passado de um futuro próximo. Já para o momento da execução da prática pedagógica, poderíamos dizer que, diferentemente do trabalho de um artesão ou arquiteto,

“o trabalho artístico do professor se configura no contato com outros humanos e isso faz com que tanto a construção como os resultados da obra sejam diferentes e por vezes se eternizem”.

A obra do professor, à semelhança da obra de arte, não gera um produto que se dispõe a outros para seu uso; não se cria uma matéria física palpável e observável com a qual se pode verificar o conhecimento ou o talento. A obra do professor-artista, a prática pedagógica, remete à formação; é um tipo de inclusão à vida, acompanhar na possibilidade de que o outro (o aluno) se transforme no transitar do mundo. É por isso que podemos dizer que, também semelhante à arte, a formação significa um ‘‘acréscimo do ser’’.

Portanto, não há nada desagradável em ser professor. É um trabalho muito lindo, relevante, amoroso, recompensador mesmo que não o seja financeiramente. E é pura conexão com o outro, aprendizado constante - mudança constante - e reflita: uma das poucas coisas que se pode dizer sobre essa existência é que “a vida é sobre se conectar amorosamente com o outro ser humano”. Ser professor é fazer isso constantemente. Ai de quem, sendo professor, perde essa realidade.

Ficar em pé? Não viajar imediatamente para qualquer lugar que deseje ir? Bom… nomeie-se várias coisas desagradáveis, mas em essência é um constante encontro do futuro com o presente. Vê-se tanta mudança sutil na teia social devido a sua ação que, pensar mais na tristeza de não se terem todas as pessoas engajadas na rede da educação, do que em coisas propriamente desagradáveis.

Desagradáveis são, talvez seja sempre assim em última análise, problemas de natureza íntima, tais como a nossa natural inadequação à realidade que nos obriga a amadurecer com o tempo aceitando que nossos ideologismos são feitos à medida de nossa inexperiência e que é a vida que realmente nos propõe os reais problemas relevantes.

Ter o dom... Um bom professor tem que primeiramente ter o dom de ensinar e amar fazê-lo. Obviamente, ele deve conhecer muito bem a matéria que ensina, assim como saber como transmiti-la a seus alunos. Ele deve ser criativo, interessante e contagiante.
Sua atitude deve ser de apoio, carinho e respeito para seus os alunos. E a maneira como apresenta sua matéria deve incentivá-los a quererem estudar, participar de suas aulas... Para mim, ser um bom professor baseia-se em aspetos tais como: explicar-se bem e à matéria e cativar os alunos. Esses aspetos deixam-me muito interessado numa aula.

Trabalhei em algumas outras áreas antes. Me sentia extremamente amarrado, com pouca margem de criação. Ser professor me permite criar possibilidades a todo instante. Ainda que tenhamos currículos e diretrizes a seguir, a função do professor é justamente encontrar estratégias de dinamizar os conteúdos e temas de aprendizagem em metodologias, que vão mudar sempre de uma turma pra outra, geralmente de um aluno para outro.

Além disso, a educação é uma via que promove mudanças sociais, não apenas em sentido técnico, capacitando pessoas para funções, mas a partir de visões críticas da realidade. É na escola que a gente para pra pensar sobre o mundo, e isso é muito potente. Enfim, essas foram razões que me levaram à docência. Mas existem outros motivos, sem dúvida. Infelizmente a sociedade brasileira não tem valorizado o trabalho de professoras e professores, e essa carreira tem atraído cada vez menos pessoas, e aquelas que foram atraídas se sentem cada vez mais desmotivadas.

Esse é um dos pontos que nos levam a essa eterna crise na educação no Brasil, que não é crise, como bem disse Darcy Ribeiro; é projeto. E o projeto de formação, capacitação e oportunidade de universidade adiante, merece consideração. Portanto, vou aqui considerar e dar uma resposta neutra e objetiva. A primeira coisa que se precisa entender é que existem diferentes tipos de professores universitários. Imagino que você tenha em mente o tipo clássico: professor doutor, concursado de universidade pública que faz pesquisa em sua área. Para isso, você precisa:

    1.         fazer graduação;
    2.          fazer mestrado (opcional em alguns casos);
    3.           fazer doutorado;
    4.       talvez fazer um estágio de pós-doutorado;
    5.       aguardar concurso para professor adjunto;
    6.        passar no concurso público. Esses são passos possíveis.

Exercer... E este exercício esbarra em limites a se considerar, tal que, é desagradável perceber que o ensino acadêmico está a perder o seu método socrático de ensino, onde procuramos o debate e a articulação verbal do conhecimento, em detrimento do ensino doutrinário de vários professores, a inibir o pensamento articulado dos alunos, capazes de “pôr em causa” a informação transmitida. A parte boa dos alunos que “colocam em causa as informações que se transmite”, como professor, destaco que “só consigo sustentar uma boa contra-argumentação quando tenho o conhecimento do meu lado e sou competente ao partilhar uma lógica do pensamento”.

Se este diálogo resultar aberto, sem medo de “ofender” só porque pensamos diferentes, deixar de existir, alimentamos o cinismo e doutrinas ideológicas que inibem a individualidade de cada um, e facilita o agrupamento tribal de pessoas. Sem pensamento livre, debate verdadeiro e genuíno, as capacidades individuais de cada um são perdidas no esquecimento. Não exijam dos professores “enfiar” o conhecimento em vossos cérebros. Nem escolham áreas onde não se tem real interesse. O interesse vai fazer com que se estudem sobre o assunto naturalmente.

Como decorrência da complexificação social e da diversificação de atividades consideradas educativas, amplia-se o campo da educação de forma a estarmos, hoje, diante de “uma sociedade genuinamente pedagógica” (Libâneo, 1998, p.19). Esta ideia implica em aceitar que a escola seja mais um dentre os espaços educativos, já que em vários campos (televisão, empresas, turismo dentre outras), há constantemente o que o autor denomina “intervenção pedagógica”.

O que talvez Libâneo pudesse afirmar é que a ampliação da denominação “educação” e “educador” tende a acentuar a profissionalização docente. Ou seja, a contratação de educadores para trabalhar em instituições não escolares, gera uma necessidade de especificar (ou tornar mais profissional) o trabalho dos professores que devem, portanto, ser reconhecidos como profissionais da educação. Um bom exemplo do que estou afirmando pode ser encontrado nas palavras de Sacristan (2003). Para o autor, todo cidadão comum é capaz de desenvolver práticas educativas, mas o professor, além de partilhar como cidadão uma cultura comum da educação, seria também um especialista, na medida em que dominaria os saberes pedagógicos com mais profundidade.

Lembro também que a definição de aprendizagem como “objetivo fim da educação” já se encontra combinada em Comênio, que propunha:

“uma arte universal de ensinar a todos, de um ou outro sexo, não excetuando ninguém, em parte alguma; a escola elementar é democrática e universal”

(LOVISOLO, 2000 p. 33).

Portanto, Comênio antecipa, e muito, o que mais tarde caracterizaria a ação educativa na modernidade: isto é, que a aprendizagem deve ser a finalidade e o ensino, os meios, e, para que isso ocorra, é preciso haver um sistema organizado. O que talvez Libâneo pudesse afirmar é que a ampliação da denominação “educação” e “educador” tende a acentuar a profissionalização docente. Ou seja, a contratação de educadores para trabalhar em instituições não escolares, gera uma necessidade de especificar (ou tornar mais profissional) o trabalho dos professores que devem, portanto, ser reconhecidos como profissionais da educação.

Um bom exemplo do que estou afirmando pode ser encontrado nas palavras de Sacristan (2003). Para o autor, todo cidadão comum é capaz de desenvolver práticas educativas, mas o professor, além de partilhar como cidadão uma cultura comum da educação, seria também um especialista, na medida em que dominaria os saberes pedagógicos com mais profundidade. De acordo com o autor:

Podemos dizer que, em certa medida, somos todos práticos (todo o mundo em algum momento ensina algo a outro, ou exerce alguma influência premeditada sobre alguém) e que todos sabemos algo. Em outro contexto (Gimeno Sacristán, 1998), argumentamos mais detalhadamente sobre o fato de que a educação é uma prática compartilhada, assim como sua compreensão. Todos sabemos algo a respeito dela, todos, de alguma forma, podemos ensinar algo aos outros, podemos conduzir e orientar o cidadão comum - mesmo que não seja pai ou mãe - entende e é capaz de desenvolver práticas educativas, assim como o professor, visto que é, ao mesmo tempo, um detentor dessa cultura sobre a educação e um especialista que domina os saberes pedagógicos com mais profundidade e destreza do que aqueles que não exercem seu ofício. O especialista tem um conhecimento diferente dessa cultura, elaborado desde outra perspectiva, o qual poderá ser mais profundo. O educando também dispõe desses conhecimentos, extraídos de suas vivências como sujeito passivo das práticas educativas” (SACRISTAN, 2003, p. 16)

Vemos aqui já anunciada no âmbito do debate educacional, uma ideia que hoje é moeda corrente em textos específicos sobre a formação professores; isto é, que a intervenção docente é uma ação que traz, ao mesmo tempo, a cultura e a ciência, ambos contidos no assim denominadosaber docente”!

 Roberto Costa Ferreira, 15Out2020 – Professor